O presidente e o vice-presidente da torcida organizada Máfia Azul estão entre os três presos pela operação Hooligans desencadeada pelas Polícia Civil e Militar nesta quarta-feira (10). A ação em Belo Horizonte, Contagem, na região metropolitana, e Brasília (DF) também cumpriu quatro mandados de busca e apreensão. A defesa dos suspeitos, que foram identificados respectivamente como Arthur Ferreira, conhecido como "Bomba", e Messias Cardoso, o "Kuei", que não há provas concretas da participação dos clientes no crime (veja nota na íntegra). O terceiro envolvido não teve o nome divulgado.
No dia 13 de março, um atleticano foi atacado, agredido e roubado em uma loja do bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte. Os três detidos teriam envolvimento no crime. A investigação aponta que o ataque foi motivado por rivalidade entre torcidas organizadas da capital mineira. As informações foram readas durante coletiva de imprensa no batalhão da 1° Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP), no centro de Belo Horizonte.
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De acordo com a polícia, dois suspeitos foram capturados em bairros da cidade de Contagem - Tropical e Vale das Amendoeiras - e o terceiro, que também participou diretamente da agressão, foi preso no Distrito Federal. “São indivíduos envolvidos com brigas de torcida. Mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos com o objetivo de retirar essas pessoas do convívio social”, explicou Félix Magno, um dos delegados presentes.
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As autoridades confirmaram que o crime não foi apenas um ato de violência isolado, mas um ataque com motivações simbólicas. “A camisa da torcida rival roubada foi posteriormente exibida em um perfil de rede social, como se fosse um troféu, o que potencializava o efeito criminoso”, disse o capitão Pena, do Batalhão de Choque.
Além das prisões, foram apreendidos materiais inflamáveis de fabricação caseira, pedras e outros objetos que podem ser usados em possíveis brigas. Os itens foram encontrados tanto na sede central da Máfia Azul quanto em residências de envolvidos. Os detidos têm agens anteriores por crimes relacionados a rixa, agressão, tumulto em estádio e tentativa de homicídio.
O ataque
No dia da ocorrência, conforme a investigação, três integrantes da torcida Máfia Azul aram repetidas vezes pela rua onde fica uma loja, observando o movimento. Após confirmarem que um torcedor da Galoucura estava no local com a mãe, os agressores invadiram o estabelecimento, agrediram as vítimas e roubaram a camisa da Galoucura que o jovem vestia.
A mãe tentou proteger o filho, mas ambos foram agredidos com tapas, empurrões, socos e chutes. Parte da ação dos suspeitos foi filmada por câmeras de vigilância (veja vídeo abaixo). Apesar da brutalidade, as vítimas não sofreram ferimentos graves. “As filmagens indicam que houve premeditação para o delito. Os responsáveis foram vistos ando mais de uma vez pela rua antes de efetivarem o crime”, informou o delegado Félix Magno, responsável pela investigação.
TORCIDA ORGANIZADA - Operação Hooligans prende 3 lideranças da Máfia Azul em BH, Contagem e Brasília. Investigação apura um crime ocorrido em 13 de março, no bairro Padre Eustáquio, motivado por rivalidade entre torcidas organizadas em BH pic.twitter.com/Q1aA5Yc6oE
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De acordo com o delegado Félix Magno, o inquérito correrá sob sigilo até o final das investigações. Os suspeitos estão em prisão preventiva por roubo qualificado.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a assessoria da Máfia Azul informou que não comentaria a operação da polícia. Veja a íntegra da nota das advogadas que representam o presidente e o vice da torcida organizada.
"A defesa do presidente e do vice-presidente da Máfia Azul vem a público manifestar-se acerca da recente abertura de inquérito policial envolvendo seus representados. Esclarecemos que os fatos estão em fase inicial de investigação e, até o momento, não há provas concretas que sustentem qualquer responsabilidade penal dos diretores da torcida organizada.
Reiteramos a confiança de que, no momento oportuno, todos os fatos serão devidamente esclarecidos e a verdade prevalecerá. A defesa acredita que os diretores estão sendo injustamente associados a condutas praticadas por terceiros, o que evidencia um tratamento seletivo e, por vezes, persecutório.
Recentemente, dois membros da torcida, conhecidos como Digô e Bidu, foram brutalmente assassinados em meio aos conflitos entre torcidas organizadas. Até o presente momento, não houve prisões ou responsabilizações pelos crimes, tampouco informações oficiais sobre o andamento de investigações relacionadas a essas mortes.
Diante do cenário de constantes conflitos entre torcidas organizadas, é notória a ausência de imparcialidade por parte das autoridades policiais, que reiteradamente adotam medidas mais severas contra integrantes da Máfia Azul. Ressaltamos que a torcida vem sendo alvo de sucessivos ataques por parte de rivais e tem, de forma contínua, comunicado tais ocorrências às autoridades competentes, sem que se perceba o mesmo rigor investigativo ou empenho para apurar os delitos praticados contra seus membros.
Dessa forma, a defesa reafirma que considera a prisão dos diretores como medida arbitrária e desproporcional, e seguirá atuando com firmeza e dedicação para demonstrar sua inocência e restaurar a justiça."