A temporada 2024 do Corinthians terminou com vaga em copa continental, fruto do movimento de contratações de sucesso na janela do meio do ano. Não é novidade que o alvinegro mantém a postura de altos investimentos no futebol enquanto lida com dívidas fora das quatro linhas e tenta encaminhar o clube para um cenário mais controlado nos setores financeiro e istrativo, cenário que é detalhado no Relatório Convocados, desenvolvido pela Galapagos Capital.

O documento explica como ficou o cenário financeiro dos 20 times que disputaram a Série A do Brasileirão 2024, incluindo o Timão, e expõe os pontos fortes e fracos das gestões do setor de cada equipe, além de detalhar números históricos que dizem respeito às receitas, dívidas e o fluxo de caixa.

No resumo da análise, o relatório classifica a temporada 2024 como um ano de mais baixos do que altos para o alvinegro paulista. Enquanto o clube conseguiu aumentar as receitas e teve um resultado operacional "positivo e robusto", segundo a pesquisa, mas ainda enfrenta um cenário difícil no processo de diminuição das dívidas, principalmente pelas ações "emergenciais" tomadas pela diretoria de Augusto Melo, quando investiu pesado em contratações no meio de 2024.

- O clube aumentou receitas, tem resultado operacional robusto, mas o volume de dívidas é tão grande que a gestão perde a capacidade operacional. Mas não deixou de investir. A cada ano o risco de travamento aumenta - destaca o relatório.

Corinthians cresce receitas, mas está longe de diminuir as dívidas; veja análise
Jogadores do Corinthians disputam lance com atletas do Fortaleza com torcida ao fundo na Neo Química Arena (Foto: Marco Miatelo/AGIF)

De onde vem as receitas do Corinthians?

O documento detalha o percentual de participação de cada um dos "setores" que compõem a receita total do Corinthians ao longo da temporada. Os direitos de transmissão seguem sendo a maior fonte de renda do alvinegro, com participação de 26% da receita bruta da equipe, cerca de R$ 295,1 milhões. O Timão é o segundo clube do país que mais fatura com TV, ficando atrás apenas do Flamengo.

A parte de publicidade e patrocínio também ocupa uma parte importante da construção do faturamento do alvinegro. Foram R$ 289,9 milhões em 2024, que alcança os mesmos 26% de participação da TV, um crescimento de quase 10% em comparação a 2023.

Veja os outros itens que mais participam da construção da receita do Corinthians

  • Transação de atletas: R$ 267,4 mi (24%)
  • Bilheteria e sócio: R$ 139,2 mi (12%)
  • Estádio: R$ 75,6 mi (7%)
  • Social: R$ 27 mi (2%)
  • Outros: R$ 25,6 mi (2%)

A receita total do clube paulista cresceu de R$ 980 milhões em 2023 para R$ 1,11 bilhão na temporada 2024. Na receita líquida, o valor fecha em R$ 1,085 bilhão.

➡️ Gastar mais no futebol brasileiro traz resultados? Relatório aponta resposta

Dívidas e investimentos crescem em paralelo

Como destacou o levantamento da Galapagos Capital, o Corinthians não tem conseguido frear o crescimento de suas dívidas e vê as cifras crescendo ano a ano. Em 2022, a dívida corintiana já era de R$ 1,029 bi, evoluindo para R$ 1,89 bi em 2023 e chegando a R$ 2,34 bi no ano ado. Enquanto isso, nesse mesmo período, a dívida de curto prazo saiu de R$ 566 milhões para R$ 1,035 bi em 2024.

Enquanto isso, o investimento total do clube disparou, mas foi puxado pelas cifras gastas na formação do elenco. Nesse setor, a temporada 2022 teve R$ 84,2 milhões aplicados, em 2023 houve uma queda brusca no valor, quando o Timão gastou "apenas" R$ 51,7 milhões, mas subiu consideravelmente no ano ado. A temporada fechou com R$ 205,8 milhões pagos na montagem da equipe.

Na contramão do aumento em gastos com o elenco profissional, as divisões de base viram os valores investidos sumirem na temporada ada. Em 2022 o valor foi de R$ 5,6 milhões e em 2023 já diminuiu para R$ 3,6 milhões, antes de zerar na temporada ada. Um cenário parecido foi visto nos gastos com estrutura, que caiu de R$ 16,8 milhões em 2022 para R$ 10,5 milhões em 2023, mas houve um leve acréscimo em 2024 de R$ 1,2 milhão.

No total, os investimentos do clube saíram de R$ 106,9 milhões para R$ 217,5 milhões em 2024, um aumento de 103,5% em apenas três temporadas.