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Caso Bobadilla: delegado do DRADE detalha investigação e possível punição
Delegado falou em entrevista no DOPE
O delegado Rodrigo Correa Baptista, do DRADE, conversou com o Lance! no DOPE (Departamento de Operações Policiais Estratégicas da Polícia Civil de SP) para entender os bastidores da investigação envolvendo Bobadilla, do São Paulo, após o jogador ser acusado de xenofobia por Miguel Navarro, do Talleres, durante o jogo pela Libertadores que aconteceu nesta terça-feira (27), no Morumbis.
Navarro registrou a acusação contra Bobadilla logo após o término da partida, alegando que foi insultado de "venezuelano morto de fome". O caso está sendo apurado.
O delegado explicou o que aconteceu no momento. De acordo com as suas informações, além de Navarro, mais dois jogadores que estavam próximos prestaram depoimento. Bobadilla ainda não depôs, mas deve se apresentar nesta sexta-feira.
— Ontem, o ocorrido foi aproximadamente aos 40 minutos do segundo tempo, o jogador Navarro procura o árbitro após a ofensa, narra o acontecido, o árbitro diz que não ouviu nada e não pode tomar nenhuma providência interna e disciplinar. O jogo ficou paralisado por seis minutos, o árbitro pede aos participantes que retornem à partida e finalizem o jogo. Finalizado, eles vão ao vestiário — explicou o delegado.
— Tem um delay entre terminar a partida, os jogadores irem para o vestiário e a PM chegar no vestiário para procurar o Bobadilla. Entre este delay, o investigado deixou o local. Não fomos procurados por ele e por nenhum advogado que o represente. Informalmente, foi dito que ele se apresentaria na DRADE, mas não compareceu. Expedimos uma ordem de serviço, foi recebida pelo São Paulo, para a próxima sexta-feira no período da tarde. Pedimos imagens ao São Paulo para fazer o confronto, das imagens e dos elementos colhidos — completou.
Rodrigo Baptista também falou sobre Bobadilla ter ido embora do estádio logo após o término da partida. De acordo com as suas palavras, não é possível afirmar nada em cima disso, mas a polícia quer ouvir as versões do atleta.
— Eu não posso fazer a relação que ele foi embora deliberadamente, mas existe a possibilidade. A gente precisa ouví-lo — destacou.

Possíveis punições
Pela legislação, o delegado explicou que, se confirmado o caso de xenofobia, ele se enquadra como injúria racial, assim como registrado por Navarro no boletim de ocorrência. Dessa forma, entre possíveis penas, é considerado um "crime grave e inafiançável".
— É um crime grave, inafiançável, com pena de dois a cinco anos. E, se a conduta dele comprometer a investigação, pode agravar. Esperamos que não chegue a este extremo. Temos uma ótima relação com os clubes, estamos sempre nos jogos e acreditamos que ele vai comparecer nos próximos dias — esclareceu.
— Essa questão da discriminação pela procedência nacional está prevista na injúria racial. A xenofobia é um termo; a previsão legal é que se enquadre na injúria racial. A pena é de dois a cinco anos de reclusão. Os próximos os serão ouvir o investigado, pegar as imagens do São Paulo e formar um juízo de valor com base em tudo o que está sendo apurado. Há elementos convincentes, em nosso inquérito, seja com a vítima ou com as testemunhas. A gente ainda tem bastante elemento de informação, mas precisamos do investigado, até para entender o que ele apresenta em sua defesa — completou.
Posicionamento do São Paulo
O São Paulo se manifestou sobre o assunto na tarde desta quarta-feira. O Tricolor informou que está apurando e acompanhando aos fatos. O time também destacou que "repudia veementemente qualquer manifestação de discriminação, preconceito ou intolerância, seja ela de natureza racial, étnica, nacional ou de qualquer outra forma".
➡️Bobadilla se manifesta sobre acusação de xenofobia feita por atleta do Talleres
O São Paulo também destacou que Bobadilla não havia apresentado comportamentos do gênero e que receberá apoio institucional, além da orientação de medidas socioeducativas.
Em entrevista, o delegado também falou sobre o lado do clube. De acordo com suas palavras, a equipe de investigação foi recebida pelo clube, mas, até a tarde desta quarta-feira, ainda não havia um posicionamento encaminhado à delegacia.
— Hoje, estivemos com a equipe de investigação no clube, eles nos recepcionaram. Mas, oficialmente, referente ao crime investigado, o São Paulo não encaminhou nenhum posicionamento à delegacia. Isso cabe ao investigado. A gente espera que o São Paulo promova, junto ao investigado, toda essa parte interna, oferecendo a ciência jurídica, para que ele possa colaborar — concluiu.
Lado de Bobadilla
Ao que tudo indica, Bobadilla deve prestar depoimento na sexta. Até o momento, o jogador se manifestou nas redes sociais, pedindo desculpas após o ocorrido.
- Olá a todos. Estou aqui para falar um pouco do que aconteceu ontem à noite. Bom, primeiro, foi um jogo muito quente, com clima tenso o tempo todo. Depois do nosso segundo gol, tive uma discussão com jogadores do Talleres, onde fui ofendido primeiramente e também tratado com um pouco de desprezo. Nunca tive a intenção de discriminar ninguém e, bom, no calor do momento reagi mal. Peço desculpas publicamente e se tiver a oportunidade de encontrá-lo pedirei desculpas também. Só queria esclarecer isso. Mando um grande abraço a todos - disse o jogador.