POPULAR

Cruzeiro e Mineirão trabalham para a retirada de cadeiras do Setor Amarelo

Movimento de torcidas organizadas levou assunto a discussão na ALMG

Por Gabriel Moraes
Atualizado em 29 de maio de 2025 | 20:53

Uma audiência pública ocorrida nesta quinta-feira (29/5) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateu a possibilidade de retirada das cerca de 13 mil cadeiras presentes no Setor Amarelo (Superior e Inferior) do Mineirão, um pedido de torcidas organizadas do Cruzeiro. No encontro, ficou claro que tanto o clube quanto a istração do estádio concordam e trabalham para que a ideia seja colocada em prática.

Em dossiê apresentado pelo Movimento Amarelo Sem Cadeiras, os torcedores mostraram os benefícios da ação e exemplos de estádios pelo Brasil e pelo mundo que aderiram ao conceito – em Belo Horizonte, tanto o Independência quanto a Arena MRV têm setores populares sem assentos. Entre as principais causas, estão a maior liberdade para torcer durante os jogos, melhorias na segurança e menos prejuízo financeiro, visto que, em quase todas as partidas, diversas cadeiras são danificados, e é o clube mandante que precisa arcar com os custos.

Cruzeiro

Marcone Barbosa, diretor de marketing e mercado do Cruzeiro, afirmou que o clube apoia a causa, mas que depende de outros órgãos. "O Cruzeiro apoia e incentiva que isso aconteça. O estádio tem oito setores, que são oito espaços que podem abrigar qualquer tipo de público. Não há motivo para que a gente não possa trabalhar um espaço específico para aquele torcedor que possa assistir ao jogo em pé, ter uma festa mais efusiva, e a retirada das cadeiras propicia isso", falou.

Para o dirigente, que trabalha no meio do futebol há aproximadamente 25 anos, essa é a primeira vez que um tema é abraçado por todas as partes interessadas. "A importância dessa retirada é atender a uma demanda do público que frequenta esse setor. Já fui a vários debates relacionados à Minas Arena, e é a primeira vez que todas as partes envolvidas tem convergência de pensamento. O Cruzeiro não tem a menor oposição a isso", afirmou.

No entanto, ele ponderou que, caso as cadeiras sejam retiradas, seja do Amarelo Superior, Inferior ou de ambos, isso não resultaria na diminuição do preço dos bilhetes, um pedido da torcida. "A retirada das cadeiras não resultaria na diminuição do preço dos ingressos. O setor já tem preços íveis. O valor de R$ 30 (para sócios) ainda não cobre o custo operacional do jogo", disse.

No fim de sua fala, Marcone foi aplaudido pelos presentes na Comissão de Participação Popular – cruzeirenses foram ouvidos pelos parlamentares e representantes de instituições. "O nosso presidente, Pedro Lourenço, é amplamente favorável à retirada das cadeiras do setor amarelo. Iremos analisar todas as normas técnicas que precisam ser obedecidas e o custo para a retirada", concluiu.

A audiência pública foi liderada pelo deputado estadual Professor Cleiton (PV), cruzeirense declarado. Também foram ouvidos no evento e demonstraram apoio à ação os parlamentares Bruno Engler (PL), Coronel Henrique (PL) e Alencar da Silveira Júnior (PDT).

Setor Amarelo do estádio Mineirão. Foto: Ramon Bitencourt/FMF

Minas Arena

Jacqueline Alves, diretora da Minas Arena, concessionária que istra o Estádio Governador Magalhães Pinto, apontou quais os estão sendo tomados para a retirada dos assentos. Ela contou que a maior preocupação é com relação à segurança dos torcedores.

"Por ser um estádio concedido, não estávamos liberados a realizar essa retirada de cadeiras. Já acionamos um consultor, que fez o projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros em 2012. Nossa maior preocupação é com relação à segurança. Eu vim no intuito de colaboração, e estamos empenhados no mesmo caminho", explicou.

Governo

Como o Mineirão é uma parceria público-privada, era necessária a presença de um representante do governo de Minas Gerais – até por isso o tema precisa ser debatido em um espaço público. Silvia Machado Lage, secretária de Infraestrutura, Mobilidade e Parceria, afirmou que o Poder Executivo não se opõe.

"Penso que enquanto representante do governo e da gestão do contrato do Mineirão, meu papel é mais de ouvir as partes. Pelo lado do Estado, afirmo que vamos cumprir o contrato", falou.

E agora?

De acordo com a istração do Mineirão, estão sendo feitos estudos para viabilizar a mudança, que geraria impactos, por exemplo, no aumento de peso sobre a estrutura da arquibancada e no número de catracas e banheiros, por exemplo, levando em conta que a capacidade do estádio aumentaria. Caso ela aconteça, todos precisam ter ciência que, em algumas ocasiões, as cadeiras precisariam ser alocadas novamente, especialmente para a Copa do Mundo Feminina de 2027.

Seria necessária a aprovação de diversos órgãos, como governo estadual, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (COPCM-BH).