Legislativo

Oposição a Zema quer que presidente da Funed seja sabatinado na ALMG

Em requerimento, 18 dos 20 deputados do bloco apontam que Felipe Attiê deveria ter sido arguido pela ALMG antes de assumir presidência da fundação

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 10 de agosto de 2023 | 18:19

Após acusar a Comissão de Saúde de ter impedido a participação de servidores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) em audiência pública, o bloco de oposição ao governador Romeu Zema (Novo) pediu ao presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, nesta quinta-feira (10/8), a sabatina do presidente Felipe Attiê. Agora, o Requerimento 3.102/2023 precisa ser aprovado em plenário.

A oposição aponta que compete privativamente à ALMG “aprovar, previamente, após arguição pública, a escolha dos presidentes das entidades da istração pública indireta”, de acordo com a Constituição do Estado. “Embora a previsão constitucional da necessidade de arguição pública (...), o atual presidente da Funed já se encontra empossado e exercendo o cargo desde o dia 27 de fevereiro do corrente ano, sem que a sabatina tenha sido realizada pela ALMG”, alega.

A presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Beatriz Cerqueira (PT), defende que, diante da situação “absurda”, o rito da sabatina seja adotado. “Está difícil entender como o presidente da Funed está há tempo no cargo, respondendo, assinando, sem ter sido cumprida uma questão constitucional, que é exatamente a sabatina”, aponta a deputada, que encabeça o grupo de 18 signatários do pedido - do bloco, apenas Betinho Pinto Coelho (PV) e Mário Henrique Caixa (PV) não am.

Os deputados ainda observam que, conforme o regimento interno da ALMG, após o governador do Estado encaminhar a indicação do presidente à Casa via mensagem, “deverá ser constituída uma Comissão Especial (...) para que se proceda a arguição pública do indicado. Só assim, caso aprovado o parecer na Comissão Especial, e posteriormente aprovada a indicação no plenário, o indicado poderá exercer a presidência da fundação”. 

Em julgamento ainda em 2008, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ao julgar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI 1.642 - até vetou que indicados às diretorias de empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviço público sejam submetidos a sabatinas da ALMG. Entretanto, indicados às diretorias de autarquias e fundações públicas, por sua vez, devem ser arguidos.

Questionado, o líder do governo Zema, João Magalhães (MDB), afirma que o requerimento da oposição é legítimo. "A oposição está fazendo o trabalho dela", pontuou o deputado. "Amanhã (11/8), eu vou sentar com o presidente (Tadeuzinho) para rear toda a pauta (do governo), inclusive a questão das indicações, que não foram aprovadas na ALMG, para fazer uma força-tarefa para aprovar isso o mais rápido possível. Não é apenas uma indicação, são várias."

Também procurado, Attiê, por sua vez, diz que vai cumprir a Lei. "Se a ALMG quiser me sabatinar, não tenho medo nem nada a esconder nestes poucos meses que assumi a Funed. Estou às ordens do presidente Tadeu Martins e da Mesa Diretora da ALMG. Devo satisfatação a todos os mineiros, pois ocupo um cargo público em uma instituição do Estado de Minas Gerais", completou o ex-deputado estadual.

O requerimento foi protocolado pela oposição no dia seguinte à visita de Attiê à Comissão de Saúde para discutir a eventual privatização da Funed. Na oportunidade, os deputados do bloco chegaram a deixar a audiência pública, acusando o presidente Arlen Santiago (Avante), que é da base de Zema, de supostamente impedir a entrada dos servidores presentes. Os parlamentares até pediram para que a audiência fosse levada para um auditório com maior capacidade, o que foi negado por Arlen.

O TEMPO questionou a ALMG por que Attiê não foi sabatinado antes de assumir a presidência da Funed. Entretanto, até a publicação desta reportagem, a Casa não se manifestou. Tão logo se manifeste, o posicionamento será acrescentado na matéria.