ALMG

Mesmo com maioria, governo Zema enfrenta problemas para mobilizar base

Sem conseguir quórum para votação, Palácio Tiradentes viu apreciação da extinção da Fucam ser adiada após pauta do plenário da ALMG ser trancada por vetos do governador

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 17 de maio de 2023 | 19:22

Apesar de ter maioria na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o governo Romeu Zema (Novo) enfrenta problemas nos últimos dias para levar a base ao plenário em busca de aprovar pautas caras ao Palácio Tiradentes. As dificuldades, inclusive, provocaram uma reunião nessa terça-feira (16) entre o secretário de Estado de Governo, Igor Eto, e boa parte dos 57 dos 77 deputados da base para cobrá-la.

Na última quinta, quando a proposta de extinção da Fundação Educacional Caio Martins (Fucam) - Projeto de Lei (PL) 359/2023 - estava pautada para ser votada em plenário em 1º turno, a sessão foi encerrada a pedido do deputado Professor Cleiton (PV) por falta de quórum. Para votar um PL, é necessário a presença de 39 deputados, ou seja, maioria simples. Mais cedo, a reunião então marcada para 10h sequer foi aberta porque não havia o mínimo de deputados presentes para iniciar a discussão, 26.

Naquele dia, o objetivo do Palácio Tiradentes era aprovar a extinção da Fucam, já que, a partir de terça (16), a pauta seria trancada, porque era a data-limite para o plenário apreciar o veto parcial de Zema a dispositivos do Orçamento de 2023 e do Plano Plurianual de Ação Governamental 2020-2023. Até que o pleno aprecie os vetos, nenhum outro texto, como o da extinção da Fucam, por exemplo, pode ser votado em plenário. 

Encaminhada à ALMG ao lado da proposta de reforma istrativa ainda em março ado, a extinção da Fucam já havia sido obstruída pela oposição, quando ficou em banho-maria por mais de 20 dias à espera de parecer da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia. Como a pauta agora está trancada, não há previsão para que a extinção da Fucam, tratada como prioritária pelo governo, vença o plenário em 1º turno.  

Eto, ao se reunir com os deputados da base, reforçou aos parlamentares a necessidade de estar entre terça e quinta na ALMG para as reuniões em plenário. “É normal até que alguns deputados peguem o ritmo e entendam o funcionamento da dinâmica do Legislativo”, explica o líder da base de governo, Cássio Soares (PSD).

Mas Cássio diz que não vê nenhum problema. “Não é falta de comunicação. É falta de entendimento de deputados que não pegaram a dinâmica do trabalho legislativo”, reitera o líder da base, que acrescenta que a orientação aos parlamentares é para evitar agendas de interior e outras atividades quando, tradicionalmente, acontecem as reuniões em plenário da ALMG. 

O líder de governo, Gustavo Valadares (PMN), trata as dificuldades em mobilizar a base para o plenário como naturais. “Na verdade, nós temos aqui na ALMG períodos de maior movimentação em plenário, de projetos mais complicados, mais complexos, que acabam fazendo com que a Casa fique mais movimentada, e semanas de menor movimento, quando há no plenário projetos só de autoria dos deputados, em que o quórum exigido é menos qualificado”, reforça.

Governo projeta votação na próxima semana

Na mesma terça, mais tarde quando os vetos de Zema chegaram à pauta por força constitucional, o governo voltou a reunir quórum para abrir o plenário e para manter a sessão por algum tempo, mas, novamente, a reunião foi encerrada quase uma hora depois por não haver o número suficiente de deputados para votar os vetos. 

Desta vez, foi a deputada Lohanna (PV) a pedir imediatamente o fim da sessão quando percebeu a falta de quórum. Inclusive, a parlamentar foi a terceira a lançar mão dos 15 minutos a que tem direito cada um dos deputados para discursar antes da ordem do dia. Antes de Lohanna, o deputado Lucas Lasmar (Rede) já havia falado em meio à estratégia da oposição em obstruir a pauta.

Apesar das dificuldades em reunir quórum, a expectativa de Valadares é que, na próxima semana, os vetos parciais de Zema, e, posteriormente, a extinção da Fucam sejam votados em plenário. "Eu tenho certeza que, na semana que vem, nós vamos estar com o plenário funcionando também a todo vapor de novo, com a base completa em plenário, para a gente votar os vetos e o projeto da Fucam", projeta o líder do governo.