INVESTIGADO

De tornozeleira eletrônica, Silvinei Vasques terá salário de R$ 18,4 mil como secretário em SC

O ex-chefe da PRF no governo Bolsonaro foi nomeado secretário municipal em São José; ele já recebe aposentadoria de R$ 18,5 mil

Por Lucyenne Landim
Atualizado em 09 de janeiro de 2025 | 14:32

BRASÍLIA - Alvo da Justiça, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques terá um salário bruto de R$ 18,4 mil por mês como secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação da cidade de São José, em Santa Catarina. Ele foi nomeado na última segunda-feira (6).

Com a soma da renda bruta de aposentado, ele terá, por mês, cerca de R$ 37 mil para manter seu custo de vida. Além do novo salário, ele recebe mensalmente R$ 18,5 mil de aposentadoria da PRF. O valor está disponível no Portal da Transparência.

Silvinei é investigado pelo suposto uso irregular da máquina pública, quando chefiou a PRF, para interferir na eleição presidencial de 2022. De acordo com as investigações, blitz foram montadas ao redor do país, e em maior quantidade na região Nordeste, para dificultar a chegada de eleitores às urnas. 

O comando da PRF foi dado a Silvinei pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre abril de 2021 e dezembro de 2022. O então chefe da corporação também chegou a pedir de forma explícita votos a Bolsonaro, que disputava a reeleição. 

O ex-chefe da PRF foi solto em agosto de 2024 depois de ficar um ano preso de forma preventiva pelo suposto envolvimento no caso. Atualmente, ele usa tornozeleira eletrônica e cumpre outras medidas para evitar que seja preso novamente. Entre elas, teve seu aporte cancelado e foi proibido de usar redes sociais ou de se comunicar com outros investigados.  

Silvinei foi nomeado como secretário por decisão do prefeito da cidade, Orvino Coelho de Ávila (PSD), a quem apoiou a campanha à reeleição em 2024. Localizada na Grande Florianópolis, São José é a quarta maior cidade de Santa Catarina e tem 270 mil habitantes. 

O ex-diretor da PRF teve atuação direta na campanha de Orvino, gerando controvérsia à época. Isso porque Orvino era adversário da candidata do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Silvinei era aliado.  

O agora secretário municipal nasceu em Ivaiporã, no Paraná, mas se mudou para São José, onde, já como policial rodoviário, ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública e de Transportes entre 2007 e 2008. Também integrou o conselho da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro, por indicação do governador Wilson Witzel (PSC). Antes de ser preso, ele pretendia se candidatar a prefeito de São José.