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Militares discutiram plano contra Lula, Alckmin e Moraes na casa de Braga Netto, em Brasília
A informação foi revelada pela Polícia Federal e consta em decisão do STF que embasou cinco mandados de prisão preventiva nesta terça-feira (19)
BRASÍLIA - A casa do general Walter Braga Netto foi cenário para as discussões sobre o plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A informação foi levantada pela Polícia Federal (PF) e divulgada nesta terça-feira (19).
O local foi combinado por meio de um grupo em um aplicativo de mensagens. Teriam se reunido 12 de novembro de 2022 na casa de Braga Netto, em Brasília, o tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Ferreira Lima e o major Rafael de Oliveira.
Dois dias depois, Cid e Oliveira trataram sobre um planejamento que envolvia a necessidade de hotel, alimentação e “material”. Cid pediu uma estimativa de custo e questionou sobre a quantia de R$ 100 mil, recebendo a concordância de Oliveira.
Em 15 de novembro, Oliveira enviou um documento protegido por senha intitulado “Copa 2022”, que tinha o planejamento da trama, que envolvia, ainda, o monitoramento e o assassinato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A PF identificou que, “pelo teor do diálogo”, o documento “seria uma estimativa de gastos para possivelmente viabilizar as ações clandestinas que seriam executadas durante os meses de novembro e dezembro de 2022”.
General do Exército, Braga Netto ocupou cargos no governo Bolsonaro. Ele foi ministro da Casa Civil entre fevereiro de 2020 e março de 2021 e ministro da Defesa de março de 2021 a abril de 2022. Nas eleições daquele ano, disputou o cargo de vice-presidente na chapa de Bolsonaro à reeleição.
Entenda
A operação deflagrada nesta terça-feira pela PF foi chamada de Contragolpe. Agentes descobriram o planejamento de um plano de assassinato de autoridades.
Foram presos de forma preventiva quatro militares do Exército com formação em Forças Especiais. Conhecidos como “kids pretos”, eles são treinados para operações sigilosas e que exigem alto desempenho.
Foram presos preventivamente os seguintes integrantes dos “kids pretos”:
- Mário Fernandes
General reformado, foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro. Após deixar o governo, assumiu, entre 2023 e o início de 2024, um cargo na liderança do PL na Câmara dos Deputados, lotado como assessor de Pazuello, com um salário de R$ 15,6 mil.
Foi desligado da função em 4 de março deste ano, após o ministro Alexandre de Moraes determinar seu afastamento das funções públicas. Quando foi chamado a depor pela PF em 22 de fevereiro de 2024, Mário Fernandes, contudo, optou por ficar em silêncio, alegando não ter tido o ao inteiro teor dos conteúdos da investigação e, em especial, à delação do tenente-coronel Mauro Cid.
- Hélio Ferreira Lima
Ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, foi destituído de sua posição em fevereiro de 2024, durante investigações sobre planos antidemocráticos. Quando convocado a depor à PF sobre sua suposta ligação com o golpe de Estado, optou por permanecer em silêncio. Com formação em Operações Especiais, integra o grupo de elite do Exército conhecido como "kids pretos".
- Rafael Martins de Oliveira
Major das Forças Especiais, é acusado de negociar com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o financiamento de R$ 100 mil para levar manifestantes a Brasília, como parte de um suposto plano de golpe de Estado. Em mensagens de novembro de 2022, ele discutiu custos de logística com Cid, incluindo hospedagem e alimentação para grupos vindos do Rio de Janeiro.
Rafael foi preso pela PF em fevereiro de 2024 durante investigações sobre sua participação na organização de movimentos antidemocráticos. Ele havia sido solto e usava tornozeleira eletrônica.
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
Considerado um militar altamente qualificado, é doutorando em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) e tem especialização em operações de guerra não convencional. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 2003, serviu como instrutor no Western Hemisphere Institute for Security Cooperation, nos EUA.
O militar participou de missões no exterior, como na Costa do Marfim. Comandou a Companhia de Comando do Comando Militar da Amazônia e tem expertise acadêmica em terrorismo e relações internacionais. Ele também integra o grupo "kids pretos".
O quinto alvo da operação é o policial federal Wladimir Matos Soares. “As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE)”, disse a PF.