BRASÍLIA - O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fez uma série de críticas à proposta do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para a federalização da Cemig no âmbito da adesão do Estado ao Propag, o programa que renegocia a dívida dos governos estaduais com a União.

Em entrevista exclusiva a O TEMPO Brasília para o programa Café com Política, Silveira, hoje um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais, acusou Zema de ter aumentado a dívida pública do Estado “de forma vigorosa”. 

“Graças a uma liminar conseguida nos últimos meses do governo Pimentel, Zema não pagou um centavo sequer da dívida pública de MG. E governou com esses recursos, aumentando nossa dívida e nos levando à beira do precipício orçamentário. Se o servidor público teve seus salários atualizados nos últimos anos, não foi por eficiência da gestão do governador Zema. Foi porque ele deixou de pagar a dívida pública com a União”, disse.

Silveira cita que a dívida de Minas com a União ou de R$ 110 bilhões em 2016 para R$ 170 bilhões atualmente. E atribui ao governo federal e ao senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) os méritos pelo Propag.

“O presidente Lula, de forma generosa, nos chamou a todos para que nós arquitetássemos uma solução para Minas Gerais. O [ex] presidente [do Senado] Rodrigo Pacheco apresentou o projeto, foi aprovado e o presidente Lula sancionou da forma adequada, apresentando ao governo de Minas e aos Estados devedores”.

Silveira criticou o modelo de “corporation” proposto por Zema para rear a Cemig ao governo federal - entre os pontos centrais do Propag, está a federalização de ativos do Estado. Para o ministro, o governador propõe o mesmo que “privatizá-la, inclusive contra a Constituição Mineira”, para depois entregar à União.

“A maioria do povo mineiro não quer privatizar a Cemig. É uma empresa fundamental para a segurança energética de MG, e o governador está tentando transformá-la em uma ‘corporation’, em uma empresa que não tem dono. Em uma empresa em que você não tem um acionista de referência, com quem conversar. Isso não é bom para o setor elétrico de Minas”, disse.

“É bom para Minas Gerais que faça adesão ao Propag, nós estamos completamente abertos a poder ajudar as contas públicas de MG. Se a gente resolver o problema da dívida de forma estrutural, vamos ter condição de mais investimentos em saúde, segurança. A segurança pública de Minas piorou muito nos últimos anos. Os servidores públicos da segurança estão extremamente renegados a segundo plano nas políticas públicas. Há uma grande indignação”, completou.

Duplicação da BR-381

Nesta segunda-feira (2), completou-se 100 dias do início das obras de duplicação da BR-381, no trecho que liga Belo Horizonte a Governador Valadares. Alexandre Silveira diz esperar que a “rodovia da morte” se torne a “rodovia da prosperidade e da vida”.

“Mais de 2.500 buracos já foram tapados, estamos fazendo a restauração da rodovia. [...] Em pouco tempo, vamos começar as obras de duplicação efetivamente. Sabemos da complexidade dessa obra, que em um primeiro momento vai gerar até incômodos aos usuários, porque vão ter naturalmente as paradas ali. Mas ela é fundamental para o desenvolvimento de Minas”.

Municipalização do Anel Rodoviário

Já nesta terça-feira (3), será feita a transferência da gestão do Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, da União para a Prefeitura da capital mineira.

“Era um projeto do nosso saudoso prefeito e meu amigo Fuad Noman, um homem público que deixou uma profunda marca e queria muito isso para que a Prefeitura possa cuidar do Anel. É isso que espero do atual prefeito [Álvaro Damião], o vice-prefeito que ascendeu ao cargo”, disse Silveira.

Eleições 2026 em Minas

Questionado sobre o cenário eleitoral no Estado para 2026, Alexandre Silveira disse esperar que Rodrigo Pacheco decida se será ou não candidato a governador. O senador é o nome preferido de Lula para ser seu candidato ao governo de Minas Gerais.

“Tenho absoluta certeza que pelo seu espírito público e sua vontade de servir Minas, ele vai - e é importante que o faça dentro do seu tempo, e que seja construído um projeto a várias mãos - e espero que ele se manifeste. E assim que ele se manifestar, nós todos contribuiremos com aquilo que o presidente Lula tanto quer, que é construir um projeto para MG com um governador alinhado com ele”.