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Com perfil radical, Gleisi acumula desgastes com Centrão e Fernando Haddad
Antes cotada para a Secretaria-Geral, a nova chefe da articulação política de Lula terá que negociar com quem já criticou para fortalecer o governo
BRASÍLIA - A confirmação de Gleisi Hoffmann como nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) gerou surpresa na ala política que apostava na nomeação de um nome do Centrão e com bom trânsito no Congresso Nacional. O nome dela, que também é presidente nacional do PT, é tido como controverso.
Isso porque Gleisi, dona de posições afiadas e consideradas radicais, será agora chefe da articulação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que enfrentou inúmeros riscos de derrotas no Parlamento nos últimos dois anos.
Anunciada nesta sexta-feira (28), ela era cotada para substituir Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência. Na SRI, desbancou nomes como Silvio Costa Filho, atual ministro de Portos e Aeroportos, e o líder do MBD na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões (AL), além de José Guimarães (CE) e Jaques Wagner (BA), líderes do governo na Câmara e no Senado, respectivamente.
Além do "jogo de cintura" que a função exige, Gleisi terá que lidar com deputados e senadores no apoio a pautas do Palácio do Planalto que nem sempre agradam aos congressistas. Esse é um trabalho amplamente político nos corredores da Câmara dos Deputados e do Senado.
A surpresa de parlamentares – inclusive de nomes que cercam Lula – é acompanhada do questionamento de como a nova ministra será recebida nas negociações políticas. Atual deputada federal pelo PT do Paraná, é experiente em circular nos corredores do Congresso Nacional, mas tem a antipatia de alguns de seus colegas.
"O governo, que já enfrenta uma crise de credibilidade, opta por colocar à frente do diálogo com o Congresso uma figura cuja trajetória política é marcada por conflitos, radicalização ideológica e dificuldades na construção de consensos”, afirmou o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS).
Enquanto isso, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que “sempre” teve “boa relação” com Gleisi no Parlamento. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), desejou “muito sucesso nessa importante missão de dialogar com o Parlamento”.
Gleisi adota tom duro em redes sociais
Não é de hoje que Gleisi não economiza em opiniões e costuma subir o tom em enfrentamentos nas redes sociais, com críticas bem direcionadas, especialmente ao Centrão. O grupo é o que se articulava para substituir Alexandre Padilha, que deixou a articulação política para comandar o Ministério da Saúde.
A intenção era ter um nome que conversasse com todas as bancadas de forma amistosa, independente do assunto a ser tratado. O anseio se fazia mais presente depois de uma série de desgastes de Padilha – chamado, inclusive, de “incompetente” pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Apesar do cenário com a entrada de Gleisi no governo, não era novidade nos bastidores de que Lula buscaria se cercar de quadros do PT com a aproximação das eleições do próximo ano. A esquerda ainda não tem um nome consolidado caso o presidente decida que não será candidato à reeleição.
Desgaste com Haddad
Não é apenas com políticos de espectros diferentes que Gleisi tem rusgas. A nova ministra acumula desgastes com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiado nos últimos meses por parlamentares por atuar na articulação de pautas econômicas.
Gleisi critica abertamente medidas de corte de gastos financiadas por Haddad. Ela já compartilhou textos críticos a alternativas do ministro para melhorar a arrecadação fiscal e, em entrevista ao O Globo, declarou que “é um direito” e “da tradição” do PT fazer “alertas”, negando haver oposição interna (Haddad também é um quadro do partido).
Antes da nomeação de Gleisi, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, avaliou que uma possível entrada dela no governo poderia silenciar as críticas ao chefe da Fazenda. Rui e Gleisi são do mesmo grupo político. A fala foi feita ao Metrópoles.
“A tese podia ser a seguinte: Lula está buscando proteger Haddad, ao trazer a Glesi para o governo. Porque uma vez estando no governo, as eventuais opiniões delas, mesmo eventuais críticas, terão que ser feitas internamente”, disse.
E completou: “O fato de ela não estar no governo, ser uma deputada e presidente do partido, ela tem total liberdade para emitir publicamente a opinião dela. Quando ela vier a ser ministra, é recomendável que quem é ministro emita as suas opiniões nos ambientes de debates que o presidente, inclusive, faculta”.