BRASÍLIA - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, itiu que as medidas adotadas pelo governo federal “ainda não estão sendo suficientes” para conter os incêndios que se alastram pelo país, mas que há “ajustes” recorrentes na tentativa de controlar os registros.

Atualmente, 5 milhões de quilômetros quadrados do território nacional, o equivalente a 60% do total, está sob risco de fogo.

“As medidas estão sendo suficientes? Ainda não, mas elas estão sendo ajustadas o tempo todo, mobilizando equipes o tempo todo, aumentando a quantidade de recursos o tempo todo. Mas certo é que não haja fogo”, disse nesta terça-feira (17) no programa “Bom dia, ministra”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).  

Ela frisou que, “nesse momento, qualquer incêndio se caracteriza como criminoso”. Isso por conta de decretos que proíbem o uso de fogo com intenção de queimada em todo o país. “Uma coisa a ciência está dizendo: não existe incêndio em função de raios. Os incêndios estão acontecendo em função de ação humana”, frisou.

“A seca e os incêndios foram antecipados em mais de dois meses nesse ano. Então todo esse trabalho de prevenção não foi suficiente porque mesmo com a proibição [de uso de fogo], as pessoas estão a colocar fogo e é preciso que parem”, frisou.

Segundo Marina, “o tempo todo” o governo trabalha de forma preventiva, mas, de acordo com a ministra, essa antecipação pode ser ineficaz em razão da motivação humana. "No caso do fogo, alguém com um palito de fósforo pode fazer um incêndio em questão de minutos ou de segundos”, disse.

A ministra citou que no Brasil há uma "aliança criminosa de uma espécie de terrorismo climático", e que o governo atua para “fazer frente a uma situação terrível que é uma aliança criminosa entre ideologias políticas que querem negar a mudança do clima e o crime que está sendo cometido de forma contumaz em várias regiões do país”.

Ação coordenada

A ministra informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligou para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, pedindo agilidade nas investigações. A Polícia Federal (PF) tem, atualmente, 52 inquéritos abertos sobre os registros de queimadas.

Ela contou que a reunião convocada para a tarde desta terça-feira com os chefes dos Três Poderes é para que “um apelo seja feito” para tratar as queimadas como uma responsabilidade nacional, “independente de partido e de ideologia”.  

Lula ainda deve chamar todos os 27 governadores para uma reunião nos próximos dias, segundo Marina, e conta com a “sensibilidade” de parlamentares no Congresso Nacional, inclusive da oposição, para os projetos que o governo deve enviar com foco na proteção ambiental.

A ministra frisou que o Brasil tem atuado em faixas de fronteira, como a da Bolívia, para evitar que o fogo que está em território estrangeiro chegue ao país. O governo brasileiro também analisa possibilidades de cooperação internacional para o controle de incêndios.

Marina Silva contou que, até o momento, já foram liberados R$ 175 milhões para ações iniciais no Pantanal e haverá outro crédito extraordinário para a Amazônia e outros Estados que sofrem com o fogo. De acordo com ela, houve 18% de aumento de brigadistas.

'Ecochatos' 

A ministra relatou que os efeitos negativos da mudança climática foram identificados a nível mundial pela ciência em 1992 e que tanto o Brasil, quanto outros países, poderiam estar adaptados às consequências.

"Quem se antecipou e queria que esse processo fosse feito desde 1992, era severamente criticado, era chamado de ecoterrorista, ecochato, como se fossem eles que estivessem fazendo alarme", disse, lembrando o termo "ecochato" que já foi usado por alas contra ela.

"Não era alarme. É porque você trabalha com base, dados e evidências, e a ciência estava mostrando que se nada fosse feito, [isso] iria acontecer", completou.