BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (13) que “a mão invisível do mercado gera desigualdades” e criticou os super-ricos ao mandar indireta ao empresário Elon Musk, dono da rede social X e da agência espacial SpaceX.

As falas ocorreram em discurso na Organização Internacional do Trabalho (OIT), braço da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça. Ele participa do Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social, que trata do enfrentamento das desigualdades sociais, da concretização de direitos trabalhistas integrados a direitos humanos, da expansão da capacidade e o aos meios produtivos e da promoção do trabalho decente. O evento é iniciativa do diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo, ao lado de quem Lula exercerá a co-presidência da coalizão.

"O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G-20. Nunca antes o mundo teve tantos bilionário. Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática", afirmou Lula. 

Em seguida, alfinetou Elon Musk. “A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, para não ficar na Terra, no meio dos trabalhadores que são responsáveis pela riqueza deles. Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, declarou o petista.

Desigualdade salarial e extremismo

O presidente brasileiro criticou ainda a desigualdade salarial entre homens e mulheres no mundo do trabalho. “Em todos o mundo as mulheres são um dos elos mais vulneráveis na cadeia do mundo do trabalho. A máxima salário igual para trabalho igual ainda é uma utopia”, afirmou Lula, sob aplausos da plateia. 

Lula alertou ainda sobre o avanço do extremismo no mundo, ao lembrar que mais da metade das democracias globais vão às urnas neste ano para escolher novos representantes.  

"Em 2024, o maior número de eleitores da História se dirigirá às urnas. Quase metade da população mundial participará de processos eleitorais, renovando as esperanças de um futuro melhor. A democracia e a participação social são essenciais para a conquista de direitos trabalhistas. Sem a democracia, um torneiro mecânico jamais teria chegado à Presidência da República de um país como o Brasil. Ataques à democracia historicamente implicaram a perda de direitos", declarou.

Em seguida, criticou indiretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Os ataques à democracia historicamente implicaram a perda de direitos. Não é mera coincidência que meu país foi investigado por violar normas desta Organização durante o governo de meu antecessor”, frisou.

Na mesma linha, Lula disse ainda que “o extremismo político ataca e silencia minorias, negligencia os mais vulneráveis e vende muita ilusão”. “A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que espalham a mentira e o ódio. A contestação da ordem vigente não pode ser privilégio da extrema direita”, completou. 

Mudanças climáticas e Inteligência Articial 

Ao listar os efeitos recentes das mudanças climáticas em tragédias recentes no mundo, a exemplo das enchentes no Rio Grande do Sul, o presidente Lula voltou a defender a preservação da Amazônia.  

Nesse sentido, voltou a cobrar ação e investimento dos países desenvolvidos para a preservação da Amazônia. As florestas tropicais não são santuários para o deleite da elite global. Tampouco podem ser tratadas como depósitos de riquezas a serem exportadas, frisou. "Debaixo de cada árvore vivem trabalhadoras e trabalhadores que precisam de emprego e renda. 

Ao comentar sobre o avanço da inteligência artificial, o presidente brasileiro chamou atenção de como essa tecnologia pode agravar as diferenças sociais e econômicas entre países e agravar, ainda mais, o mundo do trabalho. 

“Teremos que atuar para que seus benefícios cheguem a todos e não apenas aos mesmos países que sempre ficam com a parte melhor.Do contrário, tenderá a reforçar vieses e hierarquias geopolíticas, culturais, sociais e de gênero”, criticou ao lembrar que um terço da população mundial não tem o à internet.