RIO DE JANEIRO - Na terceira e última sessão de debates da Cúpula de Líderes do G20, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou mais esforços dos países desenvolvidos no combate aos efeitos das mudanças climáticas.
Neste segundo dia, os chefes de Estado discutem um dos eixos da presidência brasileira do grupo: desenvolvimento sustentável e transição energética. Lula reiterou a promessa de erradicar o desmatamento no Brasil até 2030 e disse que daí virá a maior parte das reduções brasileiras de emissões de gases do efeito estufa.
“Mas esse esforço será inócuo se a comunidade internacional não se unir para fazer a sua parte. Mesmo que não derrubemos mais nenhuma árvore, a Amazônia continuará ameaçada se o resto do mundo não cumprir a missão de conter o aquecimento global”, disse.
Lula propôs que os países desenvolvidos que fazem parte do G20 antecipem de 2050 para até 2040 suas metas de neutralidade climática - quando um território ou ente privado consegue equilibrar a quantidade de gases do efeito estufa que são emitidos e absorvidos da atmosfera.
“Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais. Aos países em desenvolvimento, faço um chamado para que suas NDCs [metas de contribuição] cubram toda a economia e todos os gases de efeito estufa”.
Ainda segundo o presidente, o Acordo de Paris, formado em 2015 com o objetivo de limitar a 1,5°C o aumento da temperatura média do planeta, teve resultados “muito aquém do necessário”. Uma das razões apontadas por ele são os gastos militares.
“Em Paris, falávamos em uma centena de bilhões de dólares por ano, que o mundo desenvolvido não cumpriu. Hoje, falamos em trilhões. Esses trilhões existem, mas estão sendo desperdiçados em armamentos, enquanto o planeta agoniza”, afirmou.
Em 2025, o Brasil irá organizar a 30ª edição da COP, a conferência do clima das Nações Unidas, em Belém. Segundo Lula, será a “última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático”.
A COP 29, que antecede a de Belém, ainda está em andamento, em Baku, no Azerbaijão, e enfrenta dificuldades no avanço das negociações. O ponto mais sensível é o financiamento de ações contra as mudanças do clima.