RIO DE JANEIRO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez fortes críticas à Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Cúpula de Líderes do G20, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (18).

A segunda sessão do evento tratou de uma bandeira histórica da política externa brasileira: a reforma dos órgãos de governança global. Ao lado de países como Alemanha e Índia, o Brasil pleiteia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, com maior influência sobre o órgão.

“A omissão do Conselho de Segurança tem sido, ela própria, uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes [EUA, Rússia, China, França e Reino Unido]. Consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor”, disse.

Em seu discurso, o presidente brasileiro disse que o futuro será “multipolar”, com diferentes potências exercendo poder e influência sobre os rumos da política global, e que a resposta é “mais multilateralismo", com os países ampliando a cooperação internacional.

“Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações que a ordem mundial necessita”, apontou. “Imes recentes mostram que a diplomacia vem perdendo terreno para a intransigência”, completou.

Por fim, Lula defendeu uma taxação anual de 2% sobre o patrimônio dos chamados “super-ricos”, que atingiria um grupo de 3 mil pessoas pelo mundo. Segundo um estudo citado pelo presidente, a iniciativa geraria recursos da ordem de US$ 250 bilhões por ano a serem aplicados no combate à fome e aos impactos das mudanças climáticas.

Durante a manhã, na primeira sessão, Lula anunciou o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal bandeira da presidência brasileira do G20, e fez um pronunciamento criticando os gastos militares enquanto milhões de pessoas am fome.

O encontro do G20 reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, União Africana e nações convidadas. O evento será concluído nesta terça-feira (19), quando é esperada uma declaração final com a anuência de todos os países-membros.