BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz uma nova série de reuniões, nesta terça-feira (12), com ministros cujas pastas podem ser afetadas pelos cortes de gastos que estão sendo preparados pelo governo junto à equipe econômica.
Pela manhã, Lula recebe o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; e depois, os ministros Carlos Lupi (Previdência Social) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).
Os encontros buscam alinhar possíveis medidas e superar divergências entre essas pastas e a área econômica, comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad - de última hora, decidiu-se que ele participará de ambas as reuniões.
Luiz Marinho já reclamou publicamente do fato de não ter sido chamado para conversar sobre o tema e ameaçou pedir demissão caso direitos trabalhistas sejam afetados sem a anuência dele. Carlos Lupi também já afirmou que pode pedir exoneração do cargo se os propostas atingirem direitos adquiridos de aposentados e pensionistas.
Já o ministro Wellington Dias vem afirmando que não haverá cortes de direitos sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Segundo ele, sua pasta pode contribuir com os cortes por meio do combate às fraudes.
As medidas já geram apreensão dentro e fora do governo. Membros da equipe econômica, como Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Eles não descartam que o pacote possa afetar as regras para benefícios sociais, como o BPC, o seguro-desemprego e o abono salarial, além de fundos constitucionais, como o Fundeb, que fomenta a educação básica. Na avaliação deles, algumas dessas políticas sociais poderiam ser mais eficientes,
Nesta segunda-feira, Fernando Haddad disse que, a pedido do presidente Lula, mais um ministério será incluído na negociação, sem adiantar qual é a pasta. O ministério mais cotado é o da Defesa, comandado pelo ministro José Múcio.
O ministro da Fazenda ainda terá novas reuniões com Lula, entre terça e quarta-feira (13), para avançar na conclusão do pacote, que já leva mais tempo que o esperado pelo mercado. Eles tentam terminar o processo ainda nesta semana.
Antes, Lula pretende ter uma conversa com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para alinhar as medidas e garantir que elas comecem a avançar no Parlamento. Ministros do governo já item que a votação pode ficar para o ano que vem, quando haverá uma mudança de comando nas duas Casas legislativas.