INVESTIGAÇÃO

Anielle confirma à PF ter sido importunada por Silvio Almeida e diz que atos começaram na transição

A ministra da Igualdade Racial depôs à Polícia Federal por cerca de uma hora nesta quarta-feira (2)

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 02 de outubro de 2024 | 15:17

BRASÍLIA — A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse à Polícia Federal (PF) ter sofrido importunação sexual praticada por Silvio Almeida, demitido do Ministério dos Direitos Humanos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último 6 de setembro. Ela depôs à delegada responsável pela investigação nesta quarta-feira (2), e o depoimento durou cerca de uma hora, segundo confirmou a assessoria da ministra. 

Anielle confirmou os episódios de importunação sexual à PF, conforme revelou Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, e declarou que as ações "inadequadas" de Silvio Almeida começaram ainda no período de transição de governo, quando os dois compunham o grupo nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes da posse presidencial. 

As abordagens continuaram após ela ter sido nomeada ministra da Igualdade Racial e ele ministro dos Direitos Humanos. Anielle relatou ter tentado resolver a situação com Silvio Almeida pedindo que ele parasse com as ações invasivas, o que ele não respeitou, segundo a Folha de S. Paulo.

Anielle Franco é uma das mulheres que teriam sido assediadas pelo então ministro dos Direitos Humanos. Outras vítimas também estão sendo ouvidas pela PF.

As denúncias contra ele levaram à abertura de um inquérito pelo Supremo Trbiunal Federal (STF) e à investigação da Polícia Federal. A Comissão de Ética Pública da presidência da República também investiga a conduta do ex-ministro. Silvio Almeida nega as acusações. 

Das acusações à demissão: a cronologia das denúncias de assédio sexual contra Silvio Almeida 

O portal Metrópoles revelou em setembro as denúncias de assédio sexual contra o à época ministro dos Direitos Humanos. As mulheres buscaram apoio da organização Me Too Brasil e indicaram ter enfrentado dificuldades no próprio ministério para seguir com as denúncias. Uma das vítimas, segundo a reportagem, é a ministra Anielle Franco. 

Depois que a notícia foi publicada, a primeira-dama Janja Lula da Silva publicou uma fotografia em uma rede social na qual aparece dando um beijo na testa de Anielle. A declaração indireta de apoio à ministra reverberou no governo e, no dia seguinte às denúncias, o presidente Lula avaliou que a permanência de Silvio Almeida era insustentável. 

A agem dele pelos Direitos Humanos acabou em 6 de setembro. A secretária Rita Cristina de Oliveira, braço-direito de Almeida, pediu demissão após a saída do ministro. Ela era cotada para assumir a pasta, hoje chefiada pela deputada estadual Macaé Evaristo, nome do quadro do PT em Minas Gerais. 

Silvio Almeida nega as acusações. Ele classificou as denúncias como ilações absurdas e disse que elas têm o objetivo de prejudicá-lo.