BRASÍLIA — Acordos quebrados e articulações às escondidas justificam a tensão na bancada de Minas Gerais, a segunda maior da Câmara dos Deputados, e um clima de competição cerca os candidatos à coordenação. Hoje o cargo pertence a Luiz Fernando Faria (PSD-MG), que o ocupa há dois anos e deseja continuar na posição.
Quatro nomes concorrem com ele e cobiçam o apoio majoritário da bancada, entre eles o correligionário Igor Timo (PSD-MG). Também completam o cenário Greyce Elias (Avante-MG), Newton Cardoso Jr. (MDB-MG) e Paulo Guedes (PT-MG).
O principal obstáculo para a definição é a ausência de uma norma que regulamente a atuação da bancada e o procedimento para a eleição da liderança do grupo. Tradicionalmente, deputados que compõem a bancada constroem consenso para definir a coordenação — quando Luiz Fernando Faria assumiu o cargo em 2023, Paulo Guedes também desejava o cargo, mas abdicou dele em prol da concordância. O cenário recente, contudo, impede a articulação.
Como opção para encerrar a disputa, a bancada optou pela criação de um Grupo de Trabalho (GT), que elaborará um regulamento para definir o processo de eleição da coordenação, a regularidade com que ela mudará e os ritos respondendo às perguntas: um líder pode permanecer na coordenação por quanto tempo? A escolha será feita por lista aberta ou em votação secreta?
Sete deputados de diferentes partidos compõem o GT, e a perspectiva é que uma resolução seja apresentada à bancada ainda neste primeiro semestre; enquanto as mudanças não ocorrem, Luiz Fernando Faria permanece como líder.
Definição em lista aberta gera constrangimento, avaliam deputados 2b323m
Em 2024, o deputado Newton Cardoso Jr. iniciou uma coleta de s de colegas que o apoiavam para substituir o nome do PSD na liderança da bancada de Minas Gerais. O gesto não repercutiu bem entre colegas. A avaliação de alguns é que o emedebista infringiu um acordo anterior, que previa a entrega da bancada a Paulo Guedes. Outros ponderam que não houve um acordo de fato, mas uma sinalização. A movimentação recente ainda inflamou outros deputados, e é nesse cenário que outros nomes apareceram para concorrer à coordenação.
A indisposição provocada pela atitude do deputado do MDB mergulhou em descrédito o procedimento atual de definição da coordenação da bancada. A análise geral é que o processo de apoio público com coleta de s expõe os deputados, gerando constrangimento e indisposição entre os pares. Hoje, há um desejo majoritário de que o líder da bancada seja escolhido em votação secreta.
A cobiça pelo cargo é atribuída, por um membro da bancada, às emendas parlamentares de bancada, cada ano mais infladas no Orçamento da União. Na peça orçamentária de 2025, o Congresso prevê a destinação de R$ 50,5 bilhões para as emendas parlamentares; R$ 39 bilhões têm pagamento impositivo, ou seja, é obrigatório que a União faça a distribuição do valor — do montante, R$ 14,2 bilhões vão para as bancadas dos Estados. “O interesse pela coordenação é dinheiro. Essa disputa gera muito constrangimento”, avaliou um deputado mineiro.