DENÚNCIA ENTREGUE AO STF

Aliados de Bolsonaro atacam Moraes e põem em xeque delação de Mauro Cid

Bloco da oposição no Congresso Nacional criticou denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro e refutou integridade da investigação

Por Lara Alves
Atualizado em 19 de fevereiro de 2025 | 17:21

BRASÍLIA — Após a reunião no apartamento do líder da oposição, delegado Zucco (PL-RS), em Brasília, aliados de Jair Bolsonaro (PL) reagiram à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), na tarde de quarta-feira (19), em um pronunciamento coletivo no Salão Verde da Câmara dos Deputados.

Alinhados, Zucco, o líder do PL no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), e a líder da minoria na Câmara, Caroline de Toni (PL-SC), atacaram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investigou a participação de Jair Bolsonaro em uma tentativa de golpe de Estado.

Apoiados por um coro de parlamentares da direita no Congresso Nacional, eles também criticaram a condução da investigação pela Polícia Federal, a integridade da denúncia da PGR e a delação premiada do ajudante de ordens Mauro Cid.

“As recentes decisões do Supremo Tribunal Federal nos fazem questionar: teremos possibilidade de defesa para o presidente Jair Bolsonaro? Ou ele já entra condenado à prisão? É sempre bom lembrar que Bolsonaro será julgado por aqueles que se vangloriam de derrotá-lo”, declarou Zucco em referência à afirmação feita pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 2023.

Repetindo Zucco, Marinho classificou a denúncia da PGR como “trama mirabolante”. Também seguindo o que disse Bolsonaro neste início de tarde, o senador afirmou que a oposição é vítima de perseguição no país por criticar a integridade das urnas eletrônicas e rejeitou que o processo seja isento.

“Vejam o inusitado da trama: é apoiada na delação de um cidadão que depôs várias vezes para corrigir informações”, disse. “Como crer na isenção desse processo?”, completou.

Bolsonaro critica denúncia da PGR

A manhã seguinte à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado foi marcada por reuniões dele com aliados e ainda pela derrubada do sigilo da delação premiada de Mauro Cid, ajudante de Ordens, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Em reação à série de acontecimentos, neste início de tarde, Bolsonaro foi às redes sociais e teceu críticas à denúncia do procurador-geral Paulo Gonet Branco.

Ele endossou o argumento de interlocutores e repetiu ser vítima de perseguição, atribuindo um caráter 'autoritário' ao governo brasileiro. “O mundo está atento ao que se a no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é novo: todo regime autoritário em sua ânsia pelo poder precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias”, alegou em publicação no X.

Citando Venezuela, Nicarágua, Cuba e Bolívia, Bolsonaro declarou que o Brasil repete a cartilha adotada pelos regimes autoritários e classificou as acusações contidas na denúncia da PGR como “vagas”. 

Defesa reagiu à denúncia após entrega do documento ao STF

Ainda na terça-feira (18) à noite, advogados de Jair Bolsonaro expressaram indignação com a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. O grupo nega a participação do então presidente da República em uma arquitetura golpista para mantê-lo no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente democraticamente eleito em 2022.

“A despeito de quase dois anos de investigações, nenhum elemento que conectasse minimamente o presidente à narrativa construída na denúncia foi encontrado”, argumentam os advogados. “Não há nenhuma mensagem do presidente da República que embase a acusação”, acrescentam.

A nota distribuída nos canais de Bolsonaro no Telegram, no WhatsApp e nas redes sociais encerra a manifestação afirmando que ele 'confia na Justiça' e 'acredita que a denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos'.