BRASÍLIA — A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) se prepara para votar a partir do dia 10 um Projeto de Lei Complementar (PLP) que muda a distribuição das vagas na Câmara dos Deputados. O início da discussão sobre a proposta aconteceu na sessão da última quarta-feira (27), e quatro deputados da bancada do Rio de Janeiro pediram vista — um prazo de duas sessões para analisar o conteúdo do PLP.
Deputados cariocas são os principais críticos à proposição que, se aprovada, diminuirá de 46 para 42 o número de vagas ocupadas por parlamentares do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados. Estados como Minas Gerais e Santa Catarina, por outro lado, seriam beneficiados e aumentariam seus representantes.
O projeto protocolado à Câmara pelo deputado Rafael Pezenti (MDB-SC) tramita na Comissão de Constituição e Justiça e recebeu parecer favorável do relator Capitão Alberto Neto (PL-AM). A proposta prevê a redistribuição das 513 cadeiras que compõem a Câmara dos Deputados a partir dos resultados do último Censo Demográfico feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Supremo Tribunal Federal (STF) identificou que há estados com poucos representantes na Câmara diante de seu número de eleitores, enquanto outros têm muitos representantes para uma quantidade inferior de eleitores. A Corte determinou que o Congresso faça os ajustes necessários para garantir a melhor representação no Parlamento Brasileiro até 30 de junho de 2025. Se o Legislativo não corrigir as distorções indicadas até o prazo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se encarregará da nova distribuição.
Pelo cálculo feito pelo autor do Projeto de Lei Complementar, 14 estados deverão ter mudanças em suas bancadas para garantir a representação mais adequada dos eleitores. Sete deles perderiam cadeiras:
Outros sete estados ganhariam vagas na Câmara dos Deputados com a aprovação do Projeto de Lei Complementar:
Os outros estados da federação, entre eles São Paulo, que detém a maior bancada com 70 deputados, não sofreriam mudanças. A proposta prevê que essas alterações seriam implementadas nas próximas eleições, em 2026, e em 2027 a Câmara dos Deputados operaria com a nova distribuição.
A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) é uma das principais críticas à proposta. Na sessão da última quarta-feira (27), ela e outros deputados da bancada do Rio de Janeiro se manifestaram pela retirada do PLP da pauta.
Entretanto, o grupo foi derrotado pelos outros integrantes da comissão, que pediram a continuidade da discussão. Entre os beneficiados está a bancada da própria presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Caroline de Toni (PL-SC), cujo estado ganharia mais quatro cadeiras pela proposta.
"Falamos de uma decisão do STF tomada a partir do Censo de 2022. O Censo foi reformado em 2024, então, desde 2022 nós sabemos que ele estava errado. Portanto, a decisão do Supremo é equivocada", argumentou Laura Carneiro. "Para piorar a situação, esse projeto, nos termos do STF, não leva em conta o que é mais importante: a representatividade", disse.
"Não podemos votar nesse afogadilho. Isso é criminoso. Essa matéria não pode ser discutida assim: tira de um para dar para o outro. O que estou pedindo é apenas o adiamento para montar uma Comissão Especial que debata profundamente o assunto e reveja os dados do Censo de 2024", completou.
O número de representantes por estado na Câmara dos Deputados é calculado a partir do Quociente Populacional Nacional (QPN), um valor que resultado da divisão do tamanho da população brasileira a partir do Censo Demográfico pela quantidade de vagas disponíveis na Câmara (513). O cálculo segue com a divisão da população de cada estado e do Distrito Federal pelo QPN. O resultado é o Quociente Populacional Estadual (QPE), que define o número de cadeiras por bancada na Câmara dos Deputados.
A quantidade mínima de representantes por estado é 8 e a máxima, 70. Hoje a distribuição é a seguinte: