GRAVIDEZ

Câmara de BH aprova data comemorativa para "métodos naturais contraceptivos"

Vereadores contrários afirmam que poderá haver aumento de doenças sexualmente transmissíveis

Por Leonardo Augusto
Atualizado em 14 de abril de 2025 | 16:56

A Câmara de Vereadores de Belo Horizonte aprovou nesta segunda-feira (14 de abril) o "Dia Municipal dos Métodos Naturais", que pretende incentivar o uso de formas contraceptivas que não sejam a pílula, a camisinha ou o DIU. O projeto, apresentado pelo vereador Uner Augusto (PL), defende a utilização, como forma para evitar gravidez, dos métodos conhecidos como Billings e Creighton. A data será 7 de julho, por ser a única sem outras comemorações, conforme o autor do texto.

Os formatos defendidos no texto preveem a checagem do muco vaginal para, a partir de sua densidade e cor, saber se está ou não no período fértil. Vereadores que votaram contra o projeto afirmaram que o método é uma volta à Idade Média. Segundo o autor do projeto, que integra a ala conservadora da Casa, o projeto visa levar conhecimento sobre formas naturais contraceptivas às mulheres. A data definida para o "Dia Municipal dos Métodos Naturais" foi 7 de julho.

"Eu me comprometi a defender vida, família e liberdade no meu mandato. Esse projeto nos faz avançar no que chamamos de guerra cultural. Ele cria um dia municipal, não é uma política pública. Não cabe a nós, vereadores, criarmos política pública. O projeto visa levar conhecimento às mulheres", disse Uner.

A vereadora Isa Lourença (PSOL), ao se posicionar contra o projeto, afirmou que a checagem do muco vaginal não é eficiente sobretudo durante quadros de doenças como a candidíase. Afirmou, ainda, que incentivar métodos naturais contraceptivos pode aumentar a incidência de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Segundo a vereadora Janaína Cardoso (União), o texto pode parecer inofensivo, mas temos que falar com seriedade."Enquanto falamos de controle de natalidade no mundo inteiro, estamos aqui tratando de um método ineficaz contra a gravidez. Vamos voltar para a Idade Média", disse. Favorável ao texto, o vereador Sargento Jalyson (PL) afirmou que o texto não fala para não usar métodos contraceptivos como a camisinha. "Apenas os que quiserem vão utilizá-lo", declarou.

Galerias

A câmara tem 41 vereadores. A votação foi por 22 votos a favor, onze contra e quatro abstenções. Três parlamentares não se posicionaram. O presidente da Casa, cargo hoje ocupado por Juliano Lopes (Podemos) não vota. A sessão foi acompanhada por apoiadores de parlamentares conservadores que gritavam "Vida, família e liberdade".