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Vittorio Medioli

Empresário e político de origem italiana e naturalizado brasileiro, Vittorio Medioli é presidente do Grupo SADA, conglomerado que possui mais de 30 empresas que atuam em diversos segmentos da economia, como logística, indústria, comércio, geração de energia e biocombustíveis, além de silvicultura, esporte e terceiro setor. Estudou Direito e Filosofia pela Universidade de Milão. Em sua coluna aborda temas diversos como economia, política, meio ambiente, filosofia e assuntos gerais.

OPINIÃO

Indecentes

O recurso público que é desperdiçado, roubado, mal investido, desviado sai do patrimônio de todos, do Estado

Por Vittorio Medioli
Atualizado em 24 de maio de 2025 | 20:44

Mensalão, petrolão e, agora, assalto aos aposentados pelo INSS são fenômenos terríveis, típicos e próprios do sistema brasileiro. Não tem outro país no planeta que consiga ser mais criminosamente perverso, persistente, contumaz, despudorado.

Isso impacta a vida de todos os brasileiros, roubados pela ação de velhacos que fazem de seu naco de poder público um instrumento de enriquecimento torpe.

Vimos que compram Rolls-Royce sem ter o mínimo remorso daquilo que deixaram para trás. Sem nenhuma consideração com os mais humildes, os frágeis, que pagam a conta com mais privações, sofrimentos e castigos dolorosos.

O recurso público que é desperdiçado, roubado, mal investido, desviado sai do patrimônio de todos, do Estado, e, por isso, indispensável para realizar intervenções sociais e atendimentos de saúde, melhorar a educação, destinar maiores investimentos para quem precisa.

Esse assalto contra aposentados não é um roubo Robin Hood, tirar de quem tem muito, mas o contrário, é tirar de quem não tem nada, dos mais vulneráveis, necessitados, indefesos. Nesse caso, por parte de quem se arroga representá-los, entidades sociais e sindicais que existem para defender seus interesses, ampará-los. Esses crimes deveriam, se fôssemos decentemente representados nas altas esferas, ser enquadrados na categoria de hediondos.

Do ponto de vista semântico, o termo “hediondo” significa ato profundamente sujo, sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente repugnante, segundo os critérios da moral vigente.

Vítimas diretas são aqueles seres humanos que trabalharam a vida toda, contribuíram e mereceram uma aposentadoria, na maioria dos casos ínfima, que não a de um salário mínimo.

Bem por isso, cada tostão é fundamental e imprescindível para atender a demandas inadiáveis. Trata-se na maioria dos casos de atenuar sofrimentos, comprar alimentos básicos, pagar as contas de casa, os produtos de higiene.

As vítimas desses assaltos merecem o nosso respeito, pela idade e pelas fragilidades. Na mente de quem fraudou esses idosos não existe consideração humana.

Se o mensalão desviava verbas de propaganda pública, o petrolão, os imensos lucros da Petrobras, o assalto aos aposentados de agora, de real em real, tirou o indispensável de milhões de idosos ou pessoas com deficiência.

Trata-se de um crime gravíssimo. Saturnal, como o de um pai que se alimenta da carne de seus filhos.

Mas não podemos deixar de observar as reações dos envolvidos de ofício – suas palavras mostram como um rótulo o conteúdo de suas almas, da moralidade selvagem e perversa que carregam.

A questão é se abrimos ou não uma I e como tirar mais dinheiro público para reembolsar as vítimas.

Ou seja, calar a possibilidade de a sociedade se livrar de elementos que são de extrema periculosidade e desprovidos dos mínimos princípios de respeito social e meramente humano. São infratores hediondos, que deveriam provocar o repúdio de todas as pessoas de bem.

É difícil encontrar alguém, neste país, que tenha neste momento atitudes minimamente à altura da gravidade daquilo que ocorreu e que tem tudo para dar em absolutamente nada. Ou seja, este momento certifica e registra que estamos nas mãos de seres vergonhosos.