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COLUNA

Ferramentas de trabalho

O ambiente investigativo policial não difere do ambiente que vivemos; as forças de segurança garantem a lei e a ordem da mesma sociedade em que vivem

Por Rodrigo Bustamante
Publicado em 20 de dezembro de 2024 | 05:30

Objeto que estende a capacidade do indivíduo em modificar características do seu meio ou ajudá-lo a realizar tarefa específica. Essa é a definição simples de “ferramenta”. Nesse contexto, verificamos que, dependendo do meio no qual esse indivíduo vive e a tarefa específica que esta realizará, poderemos “ampliar” seu conceito. 

Em um ambiente educacional, por exemplo, plataformas de gestão de aprendizado, recursos de gamificação e softwares de apresentação são considerados ferramentas educacionais. Já os sistemas de símbolos e recursos, como linguagem, internet, aplicativos e mídias sociais, podem ser considerados ferramentas culturais.

Verificamos, assim, que, a depender do ambiente e da finalidade, as ferramentas variam em sua forma de aplicação. Se fizermos uma pesquisa simples no Google sobre a melhor ferramenta, portanto, teremos diversas indicações. Mas e se pesquisarmos sobre quais seriam as ferramentas policiais? Com certeza pensaríamos em armas, viaturas, algemas, coletes balísticos, kit de arrombamento, entre outros que demonstrariam força – ferramentas fundamentais e extremamente úteis no ambiente de combate, no patrulhamento e no uso legal e diferenciado da força, mas, por vezes, ineficazes e ineficientes no ambiente da investigação criminal. 

O ambiente investigativo policial não difere do ambiente que vivemos; digo isso porque as forças de segurança garantem a lei e a ordem da mesma sociedade em que vivem, assim como investigam crimes praticados pelos indivíduos que a compõem. Como, então, desassociar as ferramentas de trabalho policial das ferramentas utilizadas por essa mesma sociedade?

Como não falar que câmeras corporais, drones, reconhecimento facial, inteligência artificial, rastreadores veiculares, softwares, sistemas, IA, entre outras tecnologias, não seriam mais eficazes e eficientes do que outras ferramentas em uma investigação policial? 

Durante nossa vida, adquirimos diversos conhecimentos, desde a infância até os dias atuais. Esses conhecimentos acabam tornando-se ferramentas úteis que poderão ser aplicadas algum dia. Mas onde guardá-las? Há quem defenda que em nossas vidas “carregamos a caixa de ferramentas e a caixa de brinquedos”. A primeira é levada pela nossa mão direita e a segunda, pela esquerda, a mão do coração. 

Rubem Alves é crítico à força que a primeira caixa adquiriu em nossa vida e lembra a importância de recriarmos um espaço para a segunda. “É o equilíbrio da vida”. Se apenas formos úteis, podemos nos tornar workaholics, experimentar as patologias da hiperatividade, ou a angústia típica de perder a abundância de informação que os tempos modernos nos trazem, mesmo que não haja tanta qualidade nela” (Viviani Mansi).

Questão de visão. Mas também podemos ar por esta vida dizendo: “Um mal trabalhador culpa suas ferramentas”, “ferramentas fazem o homem” ou “você é tão bom quanto suas ferramentas”. Só escolher, pois a vida é assim, feita de escolhas.