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Paulo Paiva

Professor associado da Fundação Dom Cabral, Paulo Paiva escreve às sextas-feiras

DESPEDIDA

Adeus, senhor prefeito

Fuad Noman, chefe do Executivo da capital mineira que faleceu na última quarta-feira (26), nos deixou um belo legado

Por Paulo Paiva
Publicado em 28 de março de 2025 | 06:00

Quarta-feira ada (26 de março), a população belo-horizontina acordou com a notícia de que o estado de saúde do prefeito Fuad Noman havia se agravado, após longo internamento devido a complicações decorrentes do tratamento de um linfoma não Hodgkin. No final da manhã, a prefeitura divulgou a notícia de sua morte.

Pela segunda vez, os belo-horizontinos velam seu prefeito, falecido no decorrer de seu mandato. A primeira foi em 1954, com a morte de Américo Giannetti, grande empreendedor e empresário visionário; agora foi Fuad Noman, economista, gestor público de longa carreira de serviços prestados nos governos federal, de Minas Gerais e de Belo Horizonte e político. Célio de Castro, o “Dr. BH”, médico e político, morreu em 2008, portanto após o término de seu mandato, tendo, contudo, renunciado ao cargo no primeiro ano de exercício, em 2001, por razões de saúde, após sofrer um AVC.

Já prefeito, concluindo o mandato para o qual foi eleito Alexandre Kalil, Fuad concorreu à reeleição. Ainda no início da campanha, foi diagnosticado com câncer. Não se abateu. Ao contrário, tornou públicas as condições de sua saúde e seguiu o combate em duas frentes: na política, oferecendo-se a continuar cuidando da sua cidade natal, e na pessoal, lutando contra a doença. Foi impressionante sua disposição, sua energia, seu humor e sua esperança. Quem se esqueceria do candidato do suspensório, sempre sorridente, conciliador e propositivo, distante do radicalismo comum na política nos dias de hoje? Pena que não poderá devolver aos belo-horizontinos com trabalho o que lhe foi outorgado com os votos.


Nada melhor para revelar o gestor público e o político do que o testemunho daqueles que conviveram com ele ao longo dos últimos anos. Edmar Bacha, um dos pais do real, mineiro, observou: “Como secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda em 1993 e 1994, Fuad teve participação importante na elaboração do Plano Real, coordenando grupos de trabalho e atuando nas reuniões semanais da equipe econômica. Destacou-se não só por sua seriedade e competência, mas também pelo permanente bom humor que muito aliviava o clima por vezes tenso da preparação do plano”.

Antonio Anastasia, ex-governador e ex-senador, que, além do período dos primeiros anos do governo FHC, quando ambos foram secretários executivos, teve longa experiência de trabalho com Fuad no governo Aécio e no seu próprio, afirmou: “Fuad era um modelo de servidor público pleno: correto, dedicado, leal, inteligente e agregador. Por onde ou no serviço público foi exitoso! E, ao final de sua belíssima trajetória, revelou-se um grande político, com sensibilidade e grande liderança! Sentiremos muito sua falta”.

Fuad nos deixou um belo legado. Recebido por Dom Serafim, Roberto Drummond, Zé do Monte, Lucas Miranda, Décio Teixeira e tantos outros atleticanos – imagino a resenha que já está rolando lá no céu. Mônica, receba nosso carinho.