Novo Parlamento
Davi Alcolumbre e Hugo Motta, com maciças votações de 90% e 87%, respectivamente, vão comandar o Congresso no biênio 2025/26
Davi Alcolumbre e Hugo Motta, com maciças votações de 90% e 87%, respectivamente, vão comandar o Congresso no biênio 2025/26. Jovens, representam uma nova geração no comando do Poder Legislativo. Novos, mas não inocentes. Há bom tempo na lida política, em Brasília, são habilidosos, não enfrentam conflitos de peito aberto; bons negociadores, sabem construir entendimentos e acordos; e oportunistas, sabem levar vantagens, pragmaticamente. Sobretudo sabem que o poder no Parlamento lhes é conferido por seus pares. Por essa razão, seus compromissos de fidelidade são corporativos, com seus colegas. É o grito de independência do Congresso na Praça dos Três Poderes.
A polarização que tem caracterizado as eleições majoritárias não tem força para influir na eleição das Mesas Diretoras do Congresso. Por isso, foi fácil para o centrão embarcar os dois extremos na sua arca. A história já mostrou ao PT quanto custa para o governo não ouvir as vozes que ecoam do “baixo clero” na Câmara. Para o bolsonarismo também não valeria a pena se isolar, pois tem temas relevantes para pautar.
O centrão respondeu à polarização ideológica afirmando que o Congresso deve ser “o porta-voz do povo”. (Alcolumbre) e que a população não quer brioche, mas “crescimento, emprego, renda, educação, saúde e segurança” (Motta). Recados ao Poder Executivo.
Esse movimento de independência do Congresso iniciou nos idos de 2018 com o fim do financiamento privado de campanha e seus efeitos colaterais. Poucos perceberam que os fundos Partidário e Eleitoral permitiriam aos parlamentares romper seus liames com o Planalto. Os partidos aram a controlar o financiamento de seus próprios candidatos, sem precisar que seus filiados frequentassem as salas dos ministérios implorando por obras e aparecessem nas fotos com ministros e presidentes em inaugurações. Simultaneamente, as emendas parlamentares, que hoje já somam mais de R$ 50 bilhões, foram ampliadas, regando os campos férteis de votos dos parlamentares. A força da independência está no controle do Orçamento da União.
Não foi sem propósito que Hugo Motta elevou sua voz para dizer que, por meio da adoção das emendas impositivas, o Parlamento finalmente encontra-se com suas origens no projeto constitucional, referindo-se ao que ele entende ter sido o projeto parlamentarista de Ulisses Guimarães na constituinte.
Nesse diapasão, não faltaram recados para o Poder Judiciário. Professoral, Motta ensinou que, “na questão da transparência, o que não pode haver é opacidades e transparências relativas”.
Parlamento empoderado, transvestido de semipresidencialismo, é o que propõe uma PEC de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly, que conta com s suficientes e com a simpatia de Hugo Motta para tramitar. O novo já tomou posse, enquanto o velho presidencialismo de coalizão agoniza lentamente no seu leito de morte. Isso nem Gramsci viu.