O que restou de 2024?
O principal indicador para medir a pujança da economia, o velho e bom índice da renda per capita, está mostrando que o PIB vem crescendo 3% ao ano
O principal indicador para medir a pujança da economia, o velho e bom índice da renda per capita, está mostrando que, ados os efeitos imediatos da Covid-19, o PIB vem crescendo 3% ao ano, enquanto a população, 0,5%. Assim, a renda média está aumentando cerca de 2,5% a cada ano. Desempenho superior ao ocorrido nas últimas décadas, anteriores à pandemia. Será o início de um novo ciclo de prosperidade?
De acordo com as condições estruturais do mercado de trabalho, a economia está operando em pleno emprego. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego caiu de 7,6%, em janeiro, para 6,1%, no trimestre encerrado em novembro; e a massa salarial cresceu 6,8% no ano.
A economia fechará 2024 com crescimento de 3,5%, conforme a mediana do último Relatório Focus do ano. Comparando-se as primeiras com as últimas estimativas desse relatório, durante o ano ado, pode-se ter ideia da evolução do humor do mercado. A expectativa da expansão do PIB evoluiu de 1,6% para 3,5%. Mais do que dobrou!
Na contramão do otimismo, os indicadores monetários pioraram. No correr dos meses, a estimativa da inflação no ano subiu de 3,9% para 4,9%; atrás dela, a Selic pulou em vão de 9% para 11,75%, e o real, que se esperava chegar no final de dezembro valendo US$ 5, superou os US$ 6.
Ao ar do ano, as estimativas do déficit primário (receitas menos despesas não financeiras) diminuíram de -0,8% do PIB para -0,5%. Um resultado fiscal próximo do estimado pelos economistas do mercado em dezembro poderá ocorrer, sem esforço do governo. Mistérios da vida.
Os principais fatores que mantiveram o crescimento do PIB foram a expansão do consumo das famílias, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento dos gastos do governo. A consequência foi o aumento da dívida bruta do setor público, que já ultraa dois terços do PIB.
No balanço de ganhos e perdas, quem participou do crescimento da economia recebeu seu quinhão de um desempenho robusto, mas o futuro não lhes parece ser tão tranquilo, pois o governo insiste em não controlar seus gastos. Se não houver esforço efetivo para conter a expansão dos gastos públicos (despesas do governo e aumento dos juros reais), a relação dívida pública/PIB ultraará os 80%, em 2025, e, assim, virão maior queda da já combalida confiança no governo, aumento da inflação, volatilidade no câmbio, queda dos investimentos, do emprego e da renda. De 2024, restarão saudades, prescrevem os economistas do mercado.
Divido com vocês o que uma vidente, que desconfia das previsões de economistas, me aconselhou: “Pelo sim, pelo não, acenda palha benta e reze para Oxum todas as sextas-feiras de 2025”. Hoje, comecei a seguir esses conselhos. Você apostará no governo?