Velocidade jurássica
Falta pouco para que tenha início a temporada das convenções partidárias para as eleições em Belo Horizonte

Falta pouco para que tenha início a temporada das convenções partidárias para as eleições em Belo Horizonte. Porém, conforme reportagem de O TEMPO publicada em 13 de julho, apenas um pré-candidato a prefeito definiu seu vice: trata-se de Gabriel Azevedo, que terá como companheiro outro pré-candidato à prefeitura, Paulo Brant, que abriu mão de encabeçar a chapa.
A velocidade de todos os demais pré-candidatos para definir suas respectivas chapas vem sendo jurássica. Não apenas os candidatos a vice-prefeito seguem indefinidos, como também as inevitáveis desistências não vêm sendo anunciadas – à exceção da deputada estadual Bella Gonçalves, que abriu mão de disputar a prefeitura para apoiar o petista Rogério Correia, a pedido de Lula.
É justamente a influência de fatores nacionais que vem contribuindo para que as decisões em Belo Horizonte ocorram em ritmo tão lento. Esse elemento tem causado impacto sobre várias cidades de grande porte no Brasil, pois a crença de que Lula ou Bolsonaro possam ser cabos eleitorais decisivos ainda preocupa muitos pré-candidatos. Como Lula e Bolsonaro se articulam com amplos conjuntos de partidos em suas respectivas bases, ocorre que sempre há mais de um postulante a prefeito à espera de bênção oficial dos grandes nomes da direita e da esquerda.
Tais indefinições, inclusive, podem ser intencionais: Lula, em visita recente a Belo Horizonte, declarou não querer se indispor com qualquer dos partidos de sua base que já haviam apresentado pré-candidaturas. Sua definição de apoio, portanto, seguiu flutuando sobre a capital mineira – mesmo que Rogério Correia tenha declarado que a escolha clara de Lula teria sido por ele.
Mas a vida do político é feita de decisões arriscadas, baseadas em perspectivas de futuro que podem – ou não – vir a se concretizar. Assim, aguardar indefinidamente até que se possam fazer escolhas mais seguras não é uma opção sábia – como o próprio calendário vem indicando. Não escolher, por definição, já é uma escolha: trata-se da opção pela apatia, enquanto o mundo político é extremamente dinâmico e os eventuais adversários podem não estar tão lentos assim.
A entrada tardia de João Leite no páreo eleitoral é um exemplo do que ocorre quando o espaço do poder é deixado desocupado. Leite é uma figura política conhecida e respeitada em Belo Horizonte – por isso, seu nome não deixa de ser lembrado pelo eleitorado nas pesquisas de opinião.
Mesmo que João Leite não tenha demonstrado, inicialmente, quase nenhum interesse pela eleição, também seus adversários seguiram se movendo a uma velocidade quase imperceptível – o que os anulou virtualmente, como eventuais novidades, aos olhos do eleitor.
Na falta de movimentação geral, a lembrança de João Leite pelo eleitorado o trouxe até julho como um dos favoritos. Com tanta facilidade, até mesmo um desmotivado João Leite ou a se animar a assumir mais uma campanha. Esse é um dos resultados da inércia generalizada entre os pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte.