Vai ter instituto federal no Barreiro
Reivindicação histórica de investimento em educação pública

Nesta semana, a prefeitura confirmou que o novo campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF) de Belo Horizonte será instalado na região do Barreiro. No início de março, o presidente Lula anunciou a criação de 100 novos IFs pelo país até 2026, garantindo mais 140 mil vagas em cursos, a maioria voltada para ensino técnico integrado ao ensino médio.
Quase dez anos depois da última expansão dos IFs, a regional Barreiro conquista uma reivindicação histórica de investimento em educação pública. Uma vitória que é fruto da construção coletiva que unificou e mobilizou milhares de pessoas em poucas semanas. Foram muitas reuniões, panfletagens, audiências públicas, atos e um abaixo-assinado com quase 4.000 s e unidade de vereadores, deputados federais e estaduais. A prefeitura confirmou a informação durante um ato de entrega do abaixo-assinado e afirma que segue em diálogo com o governo federal por mais um campus na cidade.
Quando iniciei minha campanha eleitoral em 2020 para vereadora, realizamos espaços de debate e construção coletiva abertos à população para construir nossas propostas para a cidade. O IF no Barreiro sempre aparece como uma demanda muito concreta para as pessoas. Por isso, logo que houve o anúncio oficial do novo campus em BH, nosso mandato fez uma indicação para o governo federal e se juntou ao Movimento Instituto Federal no Barreiro. É muito emocionante saber que vai se tornar realidade.
O Barreiro é a região com o maior índice de vulnerabilidade de jovens da cidade. O que indica falta de investimentos e políticas públicas na região que atenda os mais de 80 mil jovens, espalhados por 54 bairros. Uma das dificuldades, inclusive, tem a ver com o transporte caro e sucateado que exclui essa juventude de o a oportunidades de estudo de ensino técnico e superior, sem contar outros serviços públicos. Não há nenhum equipamento de educação técnica e superior da rede pública, apesar de ser responsável por 38% da arrecadação da cidade.
No momento em que estamos discutindo, inclusive, os rumos do ensino médio no Brasil e a falência anunciada do modelo do “Novo Ensino Médio”, herança do golpe parlamentar e do governo Michel Temer, fortalecer um modelo de ensino que vem se destacando pela sua qualidade educacional na periferia é o que de melhor o governo federal pode entregar para Belo Horizonte. Uma formação completa, com integração do ensino técnico, mas que leva em consideração outras dimensões de estudantes e o papel da escola em fomentá-los.
A ação do governo Lula é fundamental para enfrentar os últimos anos de sucateamento da educação. Para avançar é preciso seguir as negociações com o movimento grevista que se espalha pelo país e denuncia a falta de condições estruturais das universidades e institutos. Levantamento do Dieese aponta que, entre 2010 e 2022, o valor empenhado por estudantes das universidades federais encolheu em 68,7%. Depois dos governos Temer e Bolsonaro, precisamos de recomposição orçamentária, reajuste salarial na rede federal e também a revogação do Novo Ensino Médio.
No que cabe ao município agora é a responsabilidade por ceder o terreno para a sede do novo IFMG. Foram apresentadas opções de terrenos no Barreiro e agora o MEC e a reitoria do IFMG devem bater o martelo sobre qual será o local exato. A mobilização segue ativa para que a comunidade possa participar de todo o processo de construção, colocando os direitos das juventudes e da periferia no centro da política e do orçamento.
(*) Iza Lourença é vereadora em Belo Horizonte