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Iza Lourença

Vereadora em Belo Horizonte (PSOL)

IZA LOURENÇA

Com Trump, todos nós perdemos

Ameaças a direitos políticos, de gênero e ambientais

Por Iza Lourença
Publicado em 30 de janeiro de 2025 | 07:00

Os desdobramentos da eleição do republicano Donald Trump nos Estados Unidos têm ganhado centralidade nas análises políticas das últimas semanas. Boa parte delas, motivada pelas barbaridades com as quais, a cada semana, temos sido obrigados a lidar: a saudação nazista que marcou as declarações de Elon Musk; os imigrantes deportados como se fossem criminosos, sem o menor apreço aos direitos humanos; as falas e ações extremamente violentas contras pessoas LGBTI+. 

Aliás, como se já não fosse um absurdo revogar medidas que garantiam direitos da população LGBTI+ e impor censura em sites oficiais a termos como “gay”, “lésbica” e “bissexual”, Trump proibiu mulheres trans de cumprir suas penas em prisões femininas. Elas deverão ser transferidas para os presídios masculinos, onde ficarão expostas a crimes de estupro e feminicídio.

Mas tem uma barbaridade que parece a pior de todas: o negacionismo climático e a política econômica ultraada de Trump. Diante de episódios catastróficos, sejam os incêndios em Los Angeles, as secas em Belo Horizonte e as tempestades no Rio Grande do Sul, ignorar que vivemos uma emergência ambiental é colocar o planeta, ou melhor, nossas vidas, em risco.

Se os apoiadores da extrema direita acham que a “esquerda” será eliminada com o avanço da política de Trump pelo mundo, lamento informar que é a humanidade que está mais perto da extinção. Se os bilionários acreditam que eles se salvarão, penso que não assistiram ao filme distópico “Não Olhe para Cima”.

Política ambiental de Trump é desculpa imperialista. É óbvio o quão ultraada é uma política que quer “perfurar, baby”, extrair petróleo como nunca, bater recorde na produção de automóveis a gasolina. Não que os Estados Unidos, antes da revogação das medidas que buscavam minimizar os efeitos do aquecimento global, fossem um exemplo no combate à crise ambiental. Mas, sendo uma das maiores nações do mundo, ir na contramão dos poucos esforços mundiais, sem dúvidas, é um grande problema. É ainda mais poluição na atmosfera, sendo que os EUA já são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa.
Esse projeto, ao fim e ao cabo, visa beneficiar seus amigos bilionários, os magnatas do petróleo que, segundo o “Washington Post”, teriam emprestado a Trump US$ 1 bilhão para a campanha presidencial. Tudo não a de um acordo toma lá dá cá, já que medidas supostamente protetivas de Joe Biden atrapalhavam o lucro ainda mais exorbitante da indústria petrolífera. Não é só de big techs que vive um presidente fascista.

América Latina não é quintal dos EUA.

A notícia boa é que, apesar de Javier Milei, por aqui temos Gustavo Petro, Claudia Sheinbaum e Lula, que têm tido posturas altivas em defesa da soberania dos países latino-americanos e contra os absurdas de Trump. É este o caminho para resistir aos ataques fascistas dos EUA: construir alianças e resgatar a força dos nossos anteados que sonharam com a América Latina livre e unida.

Contra a barbárie, a saída é coletiva.