A unidade da esquerda é a única saída para BH
A cidade é de todo mundo que trabalha arduamente

Os últimos quatro anos foram desafiadores. Contrariando todas as estatísticas, pois sou mulher, negra, mãe, bissexual, moradora da periferia, me tornei vereadora de Belo Horizonte. Nosso mandato-movimento, como chamamos, sempre funcionou como um porta-voz das lutas sociais construídas cotidianamente na nossa cidade. E é isso que sempre me deu força para seguir, por saber da importância de ocupar a institucionalidade e representar no Parlamento as pautas que interessam ao nosso povo.
Para alguns, continuar na política é óbvio, principalmente para aqueles que são herdeiros do poder e já fizeram da política sua carreira profissional. Para mim, essa decisão não é automática, pois sofri muitos ataques por ter me posicionado contra a extrema direita e todo o retrocesso que ela representa. Além da tentativa de cassação do nosso mandato, minha filha e eu fomos ameaçadas e por muitos meses tivemos nossa liberdade cerceada.
Mesmo assim, diante de todos os que quiseram me calar, decidi que serei candidata novamente. Acredito que Belo Horizonte é nossa e jamais será da extrema direita. BH pertence a cada pessoa que levanta cedo, pega o ônibus lotado e percorre horas até chegar ao seu local de trabalho. BH é das mulheres que abrem mão das suas casas, de suas crianças, para cuidar da limpeza, das roupas, das famílias de seus patrões. BH é da juventude que ousa ocupar as ruas e praças com diversidade, cultura e arte, com o hip-hop, com as batalhas e com as palavras insubmissas.
Belo Horizonte é nossa, é de todo mundo que trabalha arduamente para que tudo possa funcionar: a escola, o parque, a rodoviária, o shopping, o hospital. BH é nossa, porque sonhamos com um futuro diferente, uma cidade com justiça ambiental e o democratizado. Uma cidade feita para a maioria, em que a periferia esteja no centro da política e do orçamento.
Unidade da esquerda em BH é a única saída. Estou disposta a continuar na luta institucional, mas sei que amos por um momento assombroso em todo o mundo, em que o fascismo se reinventa e se fortalece com o negacionismo. Temos visto cada vez mais grandes catástrofes e crimes ambientais imensuráveis, como no Rio Grande do Sul e, mais recentemente, no Pantanal, que sofre com as queimadas criminosas. Nosso planeta está ameaçado e precisamos eliminar de vez a política que dissemina as guerras, o medo e a violência.
Em Belo Horizonte, essa política tem seus representantes que, infelizmente, têm aparecido com certo destaque nas pesquisas eleitorais. Sabemos que até outubro, muita coisa pode acontecer e que a maioria da população ainda está indecisa. No entanto, sabemos que a única forma de derrotar a extrema direita e seu projeto de morte é a unidade das candidaturas de esquerda. Não há outra saída.
Desde o ano ado, tenho assumido o compromisso de batalhar por uma chapa única, que una, principalmente, o nosso partido, o PSOL, com o PT, com a Rede e com o PDT. Recentemente, tivemos a ótima notícia vinda de Bella Gonçalves e de Rogério Correia, que finalmente confirmaram que vamos juntos rumo às eleições para a prefeitura. Mas sabemos que ainda é pouco, diante do desafio enorme que está colocado.
Acreditamos e continuaremos na disputa para agregar as nossas companheiras Duda Salabert e Ana Paula Siqueira, que são imprescindíveis para que consigamos uma vitória a favor do nosso povo belo-horizontino.
A história recente do nosso país mostrou como ainda vivemos uma democracia frágil, o que exige que sejamos muito vigilantes. Não podemos titubear. As eleições deste ano darão o tom para o próximo período e é a nossa chance de ter mais uma vitória contra a extrema direita e o ódio.
Vamos pra cima com tudo, mas temos que ir juntas e juntes. A esquerda é a única saída.
IZA LOURENÇA é vereadora em Belo Horizonte (PSOL)
[email protected]