Brasil se prende no atoleiro das dívidas
Endividamento da população é o maior desde 2023

Em cada R$ 4 que o brasileiro recebe hoje, R$ 1 é para pagar dívidas. O estudo do Banco Central mostra que o nível de endividamento das famílias atingiu 27,23% em fevereiro, o maior nível desde julho de 2023. Ou seja, os ganhos conseguidos com o programa federal Desenrola Brasil não são mais sentidos pela população em geral.
E, para piorar a situação, outro estudo, divulgado pela plataforma financeira Paschoalotto e pelo “Valor Econômico”, 75,7 milhões de brasileiros estão inadimplentes, 2,8 milhões a mais do que em março do ano ado.
Trata-se de uma combinação de risco para a economia popular e para as contas nacionais simultaneamente.
Dentro de casa, o fôlego oferecido pelo Desenrola permitiu a 15 milhões de brasileiros renegociar dívidas anteriores a 2022 e garantir condições mínimas para comprar com dignidade. Mas a oferta de crédito livre às famílias, que alcançou R$ 2,2 trilhões no ano ado (12,3% mais que em 2023), esbarrou em outra tendência: a dos juros.
Em menos de 12 meses, a Selic subiu 4,25 pontos percentuais. Na ponta, isso alimentou uma taxa média anual de juros de 28,7% nas operações financeiras feitas pelos brasileiros – podendo ar de 400% no rotativo do cartão de crédito.
Impactos na economia
Essa bola de neve significa uma inadimplência média de R$ 1.500 por família, que, somando o bolo, no final significa um rombo de R$ 438 bilhões.
Aí entra o lado perverso para a economia nacional. O consumo das famílias representa, em média, 60% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Se os consumidores estão sem capacidade de crédito e sem dinheiro para comprar, os incentivos para produção em indústrias e serviços diminuem, e os recursos para novos investimentos praticamente desaparecem – e, com eles, as oportunidades de geração de emprego.
Ou seja, o caminho natural é que haja cada vez menos dinheiro, e dívidas cada vez maiores em casa, sacrificando a qualidade de vida das famílias e emperrando qualquer esperança de melhoria da economia como um todo.