Trump: demolidor e despertador
Desmascara aqueles que agem silenciosamente, como ele
Nenhum chefe de governo ameaçou a humanidade de forma tão catastrófica quanto Trump. Ao negar os riscos da catástrofe ecológica em marcha, incentivar a produção de petróleo, abandonar o Acordo de Paris e a participação na COP 30, Trump pratica a demolição. Mas desperta a opinião pública para a realidade da crise mundial.
Quase todos os presidentes praticam em silêncio o que Trump esbraveja. O negacionista norte-americano propaga a mensagem “perfurem e extraiam o petróleo onde quiserem”. Enquanto o governo do Brasil, que diz ser defensor do meio ambiente, perfura e produz petróleo por sua empresa Petrobras.
Os gestos explícitos de Trump têm o valor de desnudar o comportamento de outros presidentes que o criticam, mas fazem o mesmo para atender aos interesses dos eleitores. Trump é um demolidor da natureza, mas é também o despertador para a percepção da encruzilhada: continuar a marcha do crescimento destruidor do equilíbrio ecológico ou reorientar o processo civilizatório na direção de um desenvolvimento sustentável.
A eleição de Trump com voto da maioria dos americanos para depredar a natureza e ameaçar o futuro da humanidade desperta para a contradição entre a democracia e o humanismo. Os gestos de Trump mostram os limites da democracia nacional em tempos de integração planetária. Representa a solução populista de curto prazo para atender ao eleitor local de hoje, mas abandona a preocupação de longo prazo da humanidade.
Ao usar tarifas de importação como armas de guerra comercial para beneficiar a economia americana, involuntariamente Trump mostra que a humanidade terá de reduzir seu nível de consumo. A produção de automóveis usando cadeia de produção internacional reduz o custo e amplia o consumo, mas com elevados danos ecológicos, tanto ao produzir quanto ao usar o número crescente de automóveis a preços baixos. Esse processo funcionou bem, até que os limites da crise social devido ao desemprego local levassem o eleitor a preferir o nacionalismo de Trump.
Ao assumir o ódio aos imigrantes, ele reconhece sem ambiguidade a divisão entre os seres humanos privilegiados e as massas de pobres do mundo.
Desperta para o comportamento da população de classe média e rica que age da mesma forma, barrando seus “instrangeiros”, imigrantes do próprio país, com muros de condomínios, com o mesmo propósito do muro entre EUA e México – barrados por catracas, impedindo o a boas escolas, bons hospitais.
Trump é um esbravejador que assume sua maldade e desperta a consciência daqueles que silenciosamente se comportam da mesma forma: depredando a natureza pelo excesso de consumo, barrando os pobres e vendo o mundo como a soma de países, e não cada país como um pedaço do mundo.