O ex-assessor da Presidência da República Marcelo Câmara rasgou os certificados falsos de vacinação de Jair Bolsonaro (PL) e da filha do ex-presidente, Laura Bolsonaro, então com 12 anos, além de mandar apagar os registros de imunização no cadastro do Sistema Único de Saúde (SUS), ligado ao Ministério da Saúde. A movimentação de Câmara foi denunciada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, em acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF).

Para os agentes responsáveis pelas investigações que apuram a falsificação do documento público, o episódio delatado faz parte de uma tentativa de “apagar os rastros das condutas criminosas” do grupo que orbitava o ex-presidente da República. "O coronel Câmara ficou sabendo dos fatos, rasgou os certificados do ex-presidente e sua filha Laura Bolsonaro e solicitou que o colaborador desfizesse as inserções", contou o tenente-coronel.

Marcelo Câmara atuou na Presidência da República durante o governo de Jair Bolsonaro e continuou a assessorá-lo até outubro de 2023. Quatro meses depois, em fevereiro deste ano, ele foi preso preventivamente em razão das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Indiciamento da PF

Nesta terça-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes divulgou um relatório da Polícia Federal que pede o indiciamento de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, Marcelo Câmara e outras 14 pessoas por suposto envolvimento no esquema de emissão e registro falsificados de vacinação. 

Ainda segundo Cid, ao saber que o seu então ajudante de ordens teria produzido certificados para que ele e família dele pudessesm entrar nos Estados Unidos, onde a certificação era obrigatória, Bolsonaro determinou a falsificação para si e para a filha Laura. Os documentos foram, então, produzidos e impressos no Palácio da Alvorada.