Heron Guimarães, prefeito de Betim, é o primeiro entrevistado da segunda Temporada Minas S/A Desenvolvimento e Construção em todas as plataformas de O TEMPO.

Com uma população de mais de 411 mil habitantes, Betim é a primeira cidade no ranking de arrecadação do VAF (Valor Adicionado Fiscal).

Heron conta que assumiu uma cidade organizada do ponto de vista financeiro e orçamentário tendo o ex-prefeito Vittorio Medioli sanado uma dívida total de mais R$ 2 bilhões na cidade. Heron foi eleito com uma base de 18 partidos;  no secretariado, assumiram jovens a partir dos 27 aos 42 anos englobando as quatro gerações.

Considerado como o novo pilar de investimentos de Betim, Heron conta que o Aeródromo Inhotim é uma obra privada, numa operação consorciada.

"O município ficou por conta de resolver as questões burocráticas. A área total do aeroporto engloba 4 milhões de metros quadrados, um investimento de R$ 600 milhões com geração de inúmeros empregos e atração de empresas voltadas para o setor aeronaval. Teremos 3,6 km de pista e a obra está num estágio de 35% a 40%, nos próximos meses será feito o asfaltamento", detalha.

Os primeiros voos, calcula Heron, devem aconter já no final de 2026 e início de 2027. "O foco é o voo de cargas mas teremos aviação executiva e voos charters por temporada", avisa.

Betim não terá que fazer o investimento no Aeródromo Inhotim. "Betim tem a ganhar. Na operação do aeroporto terão royalties e o avião que pousar, decolar e abastecer em Betim vai pagar royalties para o Instituto de Previdência de Betim", informa.

Na formação de mão de obra, a Prefeitura de Betim lançou o Programa Qualifica Betim, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) com cursos técnicos de agropecuária, logística, segurança do trabalho , energia renovável, istração e informática. "Estamos formando a mão de obra. São dois anos de curso. A prefeitura entra com apoio logístico e tem o corpo técnico da UFV. Estamos introduzindo também a robótica com o apoio da Fiemg para criar o aculturamento digital nos alunos", explica.

Na saúde, Betim conta com um hospital regional relevante que atende, além de Betim, outras 12 cidades do Médio Paraopeba. "São cerca de 15 mil atendimentos por dia na rede municipal de saúde, temos um centro materno-infantil que faz 6.000 partos por ano, temos as UPAs, Samu que atende toda a região, temos um complexo enorme que Betim acaba pagando a conta de outros municípios", explica o gestor. Na saúde, os investimentos da Prefeitura Municipal de Betim são em torno de R$ 800 milhões a R$ 850 milhões por ano.

A seguir, a entrevista de Heron Guimarães na íntegra:

HL: O Minas SA foi criado pelo Heron, gente, muito interessante isso, esse estúdio foi construído por ele e foram 12 anos aqui (no O Tempo) não é, Heron? Na liderança da Sempre Editora  
 
HG: É, foi do ano de 2011 a 2023, 12 anos, mas no grupo foram 28 anos. Como Diretor Executivo da Sempre Editora foram 12 anos, de 2011 até 2023. 
 
HL: Está com saudade dessa vida de jornalista, de comunicador, de gestor de comunicação, como é? É estilingue e vidraça, tem diferença? (risos) 
 
HG: Tem muita diferença. Quando você está do outro lado, a sua responsabilidade é com a informação, é com a credibilidade do veículo, agora estando do lado… vamos falar do lado do político, a responsabilidade é com a população, é com o dinheiro público, e não sei qual que é mais difícil. Eu acho que tem dificuldades, tem sabores diferentes, mas eu falo que sigo a vida como a vida me forja. Eu acho que tive um momento muito saudável, muito feliz na minha vida nesses 12 anos como diretor, nos 28 anos como colaborador, mas é um novo desafio, é um desafio que eu encaro com muita responsabilidade, e mais do que um desafio profissional, acaba sendo uma escolha não minha, mas uma escolha de uma população com 108 mil e 500 e poucos eleitores depositando muita confiança, uma população de mais de 411 mil habitantes que depende muito das nossas decisões, das noites que a gente a lá decidindo o que vai fazer para o dia seguinte, controlando um orçamento que é um orçamento bom para os padrões de Minas, mas insuficiente para tantas complexidades da cidade, enfrentando tantos desafios aí de uma cidade que vive dentro da Região Metropolitana, e uma Região Metropolitana que, historicamente, tem os seus distúrbios e os seus transtornos na área de Mobilidade, Saúde, Segurança Pública.  
 
HL: Heron, a sua vida foi pautada pelo desafio, não é? Eu me lembro quando te perguntei: “você é filho único, como é a sua vida?” e você falou “eu fui criado pela minha mãe e minhas três tias, perdi o meu pai ainda bebê”, ou seja, o que isso fez com a sua vida? 
 
HG: Eu fui criado, na verdade, por sete mulheres: a minha avó, a minha mãe, minhas três tias e minhas duas irmãs. Tive referência masculina? Sim, menos, um irmão e um tio, mas de certa forma foram ausentes na minha criação juvenil, na minha adolescência, na minha primeira idade adulta eles não estiveram tão presentes, então foram elas mesmo que deram duro, que patrocinaram os estudos e que me incentivaram. Eu só tenho que agradecer, porque foi através delas que eu tive uma visão menos machista do Mundo, uma visão mais solidária, uma visão mais compreensiva. Eu digo que o lado feminino do ser humano é um lado mais afetivo. um lado que preocupa mais com o social. mais com o bem-estar e mais com a vida plena, e o lado masculino é aquele que vai para a questão mais prática e tudo, mas que a gente consegue equilibrar bem esses dois lados, e eu devo isso a formação feminina que eu tive, mesmo sendo uma formação patriarcal, mas com o lado feminino muito forte isso. 
 
HL: Isso eu me lembro mesmo. Aqui no jornal, quando você aqui estava, sua porta estava sempre aberta, você era muito transparente com a gente, você recebia do menor salário ao maior salário do mesmo jeito. Então, assim, eu convivi com o Heron, eu sei como, sempre descentralizou, sempre acreditou na gente. Onde eu estou hoje, eu devo ao Heron, que acreditou no meu trabalho. Então, isso é muito importante em uma gestão pública também, não é? 
 
HG: É, e gestão pública, sobretudo jovens, nós estamos com um secretariado jovem, um secretariado aí na faixa dos 27/28 aos 42/45 anos. Lógico que tem os mais experientes, é preciso ter, eu vi até uma reportagem aqui do conteúdo+, que as meninas fizeram aqui no O Tempo, falando das 4 gerações, e lá na prefeitura nós temos as 4 gerações, mas com um foco maior entre os 27 e os 42 anos, que é quando se tem energia, tem tempo, tem vontade, e muitas vezes o jovem, pela própria condição de jovem, é desacreditado, então nós estamos tentando fazer isso, estamos investindo nessas áreas foco, e que o jovem tem muito o que acrescentar. É um secretariado jovem e, eu digo sempre, a experiência, o conhecimento, a informação você adquire, o que você tem que forjar, o que você tem que construir é a lealdade, o conceito de parceria, o conceito de entrega, isso nasce com a pessoa. Agora, o saber você adquire e é isso que eu prezo lá dentro da gestão, como prezamos aqui também, não é? Nós criamos muitas lideranças, eu tenho vindo de vários outros canais de comunicação e para todo lado tem gente do jornal O Tempo, que é essa empresa que formou muita gente e que acreditou sempre no potencial jovem, então isso que a gente está tentando trazer, também, para a istração municipal de Betim. 
 
HL: Outro dia o ex-prefeito de Betim, Vittorio Medioli, fundador do Grupo Sada, ele esteve aqui no jornal e eu perguntei para ele como é que estava lá em Betim, e ele falou “olha, eu deixei a prefeitura saneada”. Ele pegou há 8 anos atrás, com um rombo de bilhões, e colocou as contas em dia. E o que eu tenho reparado muito nessa temporada, Heron, é que muitos prefeitos chegam aqui e me falam “olha, eu estou tendo que pagar os atrasados”. É fornecedor que não recebeu, lixo para catar, lixo na rua, tendo que escalonar os pagamentos e ainda com o orçamento todo para fazer, um monte de coisas e ainda pagando conta ada. Você não tem isso, não é? Na prefeitura, como está a situação? 
 
HG: Quando o Vittorio (Medioli) me convida a ser candidato, não inicialmente candidato, mas a restabelecer o grupo político, no final da segunda gestão do Vittorio houve muitas situações em que ele teve que fazer algumas trocas, que ele teve que mexer no governo até para manter essa cultura da austeridade, manter um ritmo que ele imprimiu em Betim desde 2017. Ele assumiu a prefeitura com mais de R$ 2 bilhões de dívida, fora a Andrade Gutierrez com um precatório assustador que já beirava quase R$ 1 bilhão quando foi negociado, ele conseguiu dar essa tranquilidade para o município. Hoje, Betim é uma cidade organizada do ponto de vista financeiro, do ponto de vista orçamentário, e quando ele me convidou, ainda em 2023, eu era o diretor aqui, e eu disse a ele “está bom, vamos enfrentar”. Eu não tinha ainda a perspectiva de ser candidato, mas fomos lá para poder dar esse apoio na transição, ou seja, no encerramento do governo dele. Eu assumi a Secretaria de Gabinete, posteriormente assumi a Secretaria de Saúde entre os meses de janeiro e abril de 2024, e a gente fez o encerramento do governo. Faltava uma grande dívida que era a da Andrade Gutierrez, era quase R$ 1 bilhão, estava em R$ 800 milhões, mas com as correções chegaria facilmente a R$1 bilhão, negociamos a Andrade Gutierrez, não foi fácil, fomos para justiça, era uma causa transitada, em julgada, então já estava definido. 
 
HL: Tinha que pagar. 
 
HG: Mas conseguimos com todos os esforços e com o apoio também do Joab Ribeiro Costa, que hoje é meu Procurador-geral Municipal, e a gente conseguiu baixar desse montante absurdo para R$ 200 milhões divididos em 12 vezes com duas intermediárias. Pagamos R$ 50 milhões em janeiro de 2024, outros R$ 50 milhões no meio de 2024, e o restante em 12 parcelas de R$ 8 milhões e alguma coisa. Quitou essa dívida, quitou o ivo todo, e a gente assumiu uma prefeitura, hoje, organizada, com seus desafios, e eu falo que eu ei, também, na época do governo Carlaile, eu fui Secretário de Comunicação e um Secretário que também dava muito pitaco na parte de gestão, e a gente tinha lá um Parque Tecnológico, e voltando depois de tantos anos, eu saí em 2008, e voltando em 2023, 15 anos depois, eu vi um Parque Tecnológico que não mudou muito. Então, a parte de tecnologia, de inovação é um grande desafio, assim como a parte de transparência, também, que hoje é uma exigência, e eu faço questão de aumentar essa transparência, porque antes de um prefeito, antes de uma pessoa, antes de um gestor, ou qualquer pessoa que vai estar à frente, você tem um F. Eu quero sair em 2028, se assim for definido pela população, da forma que eu entrei, com F limpo, podendo dormir, colocar a cabeça no travesseiro, e com a missão de ter mantido a organização da cidade, ter promovido algumas evoluções que a gente precisa promover, mas sem colocar o F em risco, e isso talvez seja o meu maior patrimônio. Então, eu acredito que a cidade se encontra em uma situação melhor pela austeridade com que o Vittorio impôs na sua gestão, na sua forma de istrar a cidade, sempre tendo muitas conquistas. Hoje, a cidade está estruturada do ponto de vista da Saúde, da Educação. É lógico que precisa de melhorias, uma cidade é uma cidade viva, ela nunca vai estar terminada, mas teve um avanço muito grande nos últimos 8 anos. 
 
HL: E agora você segue com o seu projeto… a gente até estava conversando aqui antes de começar e o Heron estava me falando que é uma istração de continuidade, mas não de continuísmo. Traduz isso para a gente, Heron. 
 
HG: Sim. É de continuidade, porque o Vittorio fez uma brilhante istração, saiu com uma aprovação superior a 75%, conseguiu realizar e deixar como legado 41 Unidades Básicas de Saúde, 4 UPAs, um Centro Materno Infantil que realiza cerca de 6 mil partos por ano, o que não existia em Betim, existia uma maternidade muito frágil, e ele conseguiu mudar a realidade da Segurança Pública. Em 2016, um ano antes dele assumir, Betim tinha 230 homicídios por ano, e ele deixa a cidade com menos de 90 homicídios por ano, uma redução drástica na questão da criminalidade, muito em função do investimento que ele fez na área de Educação, implantando as creches de tempo integral, as escolas com o padrão que ele criou, do ponto de vista do layout de escola, de um plano mais humanizado nessas escolas, e também a abertura viária da cidade, possibilitando investimentos, possibilitando que empresas chegassem e ajudassem a construir a cidade . Não é fácil uma cidade como Betim, que tem seu orçamento em 3,1 bilhão, mas todo ele comprometido, 30% disso está destinado a folha de pagamento, outros 24% estão destinados a Saúde, outros 20 poucos por cento também, 24, 25% dedicados à Educação, sobra muito pouco para investimento, porque ainda tem o custeio, têm a limpeza urbana, tem a capina… 
 
HL: Tem equipamentos para Segurança Pública, como você fez outro dia… 
 
HG: Então, sobra muito pouco para investimentos, e como ele fez tanto, ele criou uma estratégia, chamada de TAM, Termo de Ajustamento Municipal, que nada mais é do que a facilitação da vida do empresário. Então, o empresário chega, ele tem o terreno, ele tem a infraestrutura, ele tem a desburocratização dos processos dentro da Prefeitura, e isso faz com que a cidade se desenvolva, e a partir dessas ofertas que o município dá, ele também tem que dar… 
 
HL: Tem contrapartidas, não é? Ele tem que comparecer. 
 
HG: E essas contrapartidas se revertem no Centro Materno Infantil, nas escolas, nas UBS, nas UPAs. 
 
HL: A empresa vai, constrói, ajuda, faz a via de o. 
 
HG: Nós fizemos uma reforma istrativa há 2 semanas, foi aprovado pela Câmara por 19 a 0, nós temos 23 vereadores e dos 23, 19 votaram a favor e 4 não votaram, uma ampla maioria, e neste aspecto nós fizemos uma reforma baseada em três pilares: o Compliance, que reúne a Ouvidoria, a Auditoria e a Corregedoria, muito nesse cuidado com o F, não só o meu, mas dos Secretários que são ordenadores de despesas, de dar transparência completa. Ontem, eu tive uma reunião com o próprio Durval Ângelo Andrade, Presidente do Tribunal de Contas do Estado, para a gente poder trabalhar a transparência a 100%. 
 
HL: E vira até modelo para outras prefeituras, não é, Heron? 
 
HG: Sim, esse é um dos principais pilares. O outro pilar é a desburocratização com a criação da Secretaria de Compra e Licitação, porque, como eu estava dizendo, ontem mesmo a gente estava estudando e para você comprar uma caneca dessas na Prefeitura são 26 procedimentos, 26 estágios. 
 
HL: E mais ou menos quanto tempo? 
 
HG: Bom, se tudo der certo, se ficasse 2 dias em cada em cada estágio, seriam 52 dias para comprar uma caneca, mas uma caneca simples. Agora, se for uma obra, você vai gastar pelo menos 6, 7 meses, 8 meses para poder fazer uma licitação, que pode dar errado, e aí você a uma gestão fazendo licitação. No ano ado, a Prefeitura de Betim conseguiu licitar duas obras, que houve a transição da 866 para 14.131, que é a nova Lei de Licitações, e o background da Prefeitura não estava preparado para essas situações, e aí muita coisa se perdeu, e se não fosse o modelo implantado pelo Vittorio (ex-prefeito de Betim), através de Termos de Ajustamento Municipal, a cidade não tinha obra. É o que acontece, hoje, com a capital e com cidades vizinhas que não conseguem licitar. 
 
HL: E as pessoas ficam com aquela sensação de má gestão  
 
HG: De má gestão ou de inoperância, mas, assim, é tudo muito burocrático, e esse é o principal desafio, por isso o segundo pilar foi a implantação da Secretaria de Compra e de Licitação, e debaixo dela terão outras 3 Superintendências focadas na compra e na licitação de forma separada.  
 
HL: É um sistema integrado, vocês vão comprar em bloco agora? 
 
HG: Integrado, mas na empresa privada você aprende, quem compra não paga, até por questões de compliance, de transparência, de combate a desperdícios, combate a corrupção. Então, nós estamos fazendo esse sistema com a Secretaria de Compras e Licitação em cima e 3 outros núcleos, um focado exclusivamente para Saúde, para comprar medicamentos, para comprar remédios. 
 
HL: Que é uma outra frente que tem que ser rápida, não é? Porque senão começa a faltar. 
 
HG: Insumos e equipamentos. Um outro pilar é de obras, seja a obra onde for. Por exemplo, se for uma obra em uma UBS, apesar de ser na Saúde, que tem um orçamento próprio, vai para a Compra, se for na Educação, um kit escolar, por exemplo, vai para Compra. 
 
HL: Você vai conseguir comprar mais barato e mais rápido. 
 
HG: Eu te dou um exemplo: se a gente precisar comprar café, hoje, na prefeitura, compra-se café na Saúde, compra-se café na istração e compra-se café na empresa de obras e construção. 
 
HL: Ah, era tudo separado? 
 
HG: Tudo separado. Agora você unifica, e em vários lugares são separados, então você não tem essa integração. O objetivo dessa criação é unificar e desburocratizar, porque cada superintendência delas tem um superintendente específico por área que vai entender as demandas de cada área, abaixo vai ter um consultor jurídico, vai ter um consultor de formulação da licitação e dos agentes de compra que são servidores efetivos e que terão uma gratificação para poder ficar lá, e o que torna essa situação mais atrativa e, por consequência, mais eficiente. 
 
HL: É a meritocracia da iniciativa privada para a iniciativa pública que performa, a pessoa vai fazer de tudo para entregar mais resultado. 
 
HG: Sim. E por fim, o último pilar, é o pilar da tecnologia e da inovação. Então, nós estamos estabelecendo a Secretaria de Tecnologia para cuidar de software, cuidar de hardware, cuidar do operacional, e a Fundação Beta, que é uma fundação de inovação com os melhores modelos da João Pinheiro, da Dom Cabral, com o Instituto Aquila, com o próprio instituto do meu Partido, que é o instituto Índigo, que a gente está fazendo um ‘bem bolado’ para que essa Fundação Beta acompanhe todos os projetos de inovação até de execução. Estamos com a criação de um Centro de Acolhimento de Idosos, a Fundação Beta vai pegar do início da licitação até a entrega e acompanhar todo esse período, e ter aí um órgão que vai fazer um acompanhamento, porque muitas vezes o Prefeito não consegue acompanhar não tem condição de acompanhar. 
 
HL: É muita coisa para resolver e já vai chegar a bola mais redonda para você, não é, Heron? 
 
HG: O que é importante é estabelecer processo, é saber como começa e como termina, porque no meio do caminho se perde, e geralmente ‘filho feio não tem dono’, então quando dá alguma coisa errada ninguém assume. 
 
HL: É verdade. 
 
HG: Então, é isso que a gente precisa fazer, nós estamos colocando paz para que os filhos não tão bonitos assim sejam também representados  
 
HL: Essa questão de investimentos, você tem esse orçamento apertadíssimo, não é, Betim tem muitas indústrias grandes, tem mais outras 4 mil empresas além dos grandes players, que são Stellantis, que é a quarta maior montadora do mundo e a sede está em Betim, na América do Sul, tem a Regap também… agora têm a Vilma Alimentos, são empresas que trazem longas cadeias de fornecedores, mas além disso, como você pretende criar um ambiente de negócios que a empresa vá para Betim, não vá para a cidade concorrente? Um ambiente de negócios amigável, como a gente gosta de dizer no meio empresarial. 
 
HG: Explicando, a Regap e a Fiat, juntas, são responsáveis por 78% da arrecadação de Betim. 
 
HL: 78%? São imprescindíveis então. 
 
HG: Todo o complexo da Regap, como petroleira, e todo o complexo da Fiat, com as suas subsidiárias, os dois players juntos são responsáveis por mais de 70% da nossa arrecadação. O restante é formado por outras 4 mil empresas, então essas outras 4 mil empresas são responsáveis por 28%, enquanto essas duas sozinhas são responsáveis por 72%, 73%, algo parecido. Então, nós temos que valorizar bastante esses dois players, nós somos muito gratos a Stellantis e sabemos que temos que tratar ela muito bem, porque ela é responsável, de fato, por uma grande, não só pela geração de empregos, mas geração de riqueza e atração de outras empresas. E a Regap ainda mais do que a própria Stellantis, porque ela arrecada mais, faz a gente arrecadar ICMS, sobretudo, mais do que a própria Stellantis, e o que eu digo é que Betim, talvez na região metropolitana ou na grande BH, seja a cidade com mais condições de atrair empresas. Ela tem uma topografia bacana, ela tem espaço, Belo Horizonte hoje não tem espaço mais para crescer, Contagem tem suas limitações, apesar de ser uma cidade também progressiva sobre a gestão da Marília Campos, mas Betim hoje tem um espaço enorme e um ambiente favorável dentro do que a gente criou na gestão do próprio Vittorio, com os termos de ajustamento municipais de permuta, de facilitação, de desburocratização. Então, hoje, com os seus distritos industriais, nós temos muitos distritos industriais criados e com muitas oportunidades, nós temos a chegada do aeroporto, que é um novo ciclo de desenvolvimento da cidade, nós temos espaço, temos desburocratização e temos condições de atrair essas grandes empresas, tanto da parte industrial como da parte logística. Nós temos a Amazon, nós temos a Shopee, nós temos o Mercado Livre, nós temos outras vocações logísticas, com o próprio estabelecimento do aeroporto vai deixar ainda mais evidente essa questão logística, nós temos oportunidades grandes, seja qual tipo de empresa for, nós temos um cinturão verde enorme que favorece muito a questão das indústrias do agro. 
 
HL: Que é um novo eldorado para o país inteiro. 
 
HG: Junto com a estruturação viária da cidade, nós temos aí a perspectiva de criar uma via municipal do contorno, que a gente está evitando falar Rodoanel, para evitar o atrito direto, mas a gente entende que essa via que o Estado quer construir, esse rodoanel que o Estado quer construir, pelo contrário, não é que a gente é contra o rodoanel, a gente é contra o traçado que o Estado quer impor para Betim e Contagem. 
 
HL: Ele é inviável, Heron? O Rodoanel do jeito que o governo Zema quer? 
 
HG: Completamente. O Governo fez uma licitação do anel rodoviário, do rodoanel rodoviário, que não é rodoanel, o anel a por fora, o que o Governo do Estado quer é ar por dentro. 
 
HL: Cortando a cidade toda ao meio. 
 
HG: Cortando a região da Alterosa, cortando a região do Imbirussu, entrando para dentro de Contagem, afetando a vida de milhares de famílias, tendo dentro da mancha de desapropriação empresas como a Tech City, como a Brembo do Brasil, como o Centro de Distribuição da Amazon, então para mim é inviável, por que como você vai fazer essas desapropriações? Não está previsto na licitação que foi feita com a multinacional italiana a desapropriação desse terreno. Quem vai pagar isso? O Estado deve aí não sei quantos bilhões. 
 
HL: Está aí tentando fazer um Propag, entregar um monte de empresas. 
 
HG: Gerando polêmica, vai vender parte do patrimônio do Estado, não entro nesse mérito, eu também não sei julgar se isso é bom ou se é ruim, mas o que ele quer fazer no município de Betim é uma situação muito ruim para a população, para o ambiente empresarial, para o ambiente de investimentos, porque limita. Imagina ar mais um paredão dentro de Betim? Betim já tem o paredão da BR-381, tem o paredão da BR-262, tem o paredão da Ferrovia Centro Atlântica, então esses três paredões… 
 
HL: Tem a Via Expressa, tem a BR-040, tudo ali nas imediações. 
 
HG: Lógico, nós somos um centro logístico e essas vias, essas rodovias são muito importantes para nós, mas não deixam de ser fatores desagregadores da própria sociedade, e por mais um, separando a escola do aluno, separando o posto policial da zona quente de criminalidade, separando uma estrutura de lazer uma praça da sua comunidade, isso vai deteriorar bastante, vai depauperar bastante as relações sociais dentro do município. Serão 27 agens sem nível e que o Estado previu apenas 3, então não tem condições de o Estado insistir com essa ideia, mas a gente sabe que o governo Zema só tem mais um ano de Governo. Ano que vem já vai ter a discussão na sucessão estadual, inevitavelmente vai ar pela discussão da região metropolitana e cidades como Betim, Contagem, o médio Paraopeba, terão que ser ouvidas, quem for o próximo Governador vai ter que escolher… 
 
HL: Que é onde está concentrada a riqueza, não é?  
 
HG: Betim tem 1 milhão e 200 mil eleitores, será que não vão prestar atenção nisso? 
 
HL: Claro que sim. Betim é a quarta cidade do Estado, é 3,9% do PIB do Estado. 3,9% do PIB de Minas está concentrado em Betim, é o último dado que teve. 
 
HG: Betim tem o maior valor agregado fiscal (VAF) de Minas Gerais, inclusive superando a própria capital Belo Horizonte.  
 
HL: Que é o VAF, que é imprescindível para a arrecadação de um Estado. 
 
HG: Exatamente. Então, Betim é o primeiro, mas isso não impede de ter diálogo  
 
HL: Você acha que está bom o diálogo? 
 
HG: Sim, o Mateus Simões, que é o vice-governador de Minas Gerais, o próprio governador Zema e o próprio Secretário de Governo, Marcelo Aro, abriram as portas, nós tivemos um diálogo bom nesses seis meses, conseguimos coisas boas juntos. O Governo está liberando a extensão da Via Expressa que termina ali perto do Shopping Partage, logo depois da Arena MRV, já em Contagem, mas entrando para dentro de Betim, a continuidade da via expressa que termina na 381 e vai fazer extensão até o Instituto Inhotim, que aí desenvolve turismo, desenvolve Brumadinho, dá uma saída digna para Brumadinho, que não tem saída digna não dá uma saída digna e interliga com o aeroporto também, que vai ficar a 5 quilômetros. 
 
HL: O Aeródromo Inhotim que está levando o nome do Instituto Inhotim. 
 
HG: E que se dando certa essa via municipal nossa, que a gente evita falar rodoanel, mas é o rodoanel, fazer a via municipal que interliga o aeroporto, a gente sai de Contagem, na região do Icaivera, liga a 040 até Betim, o Icaivera até a 262, a 262 até a 381, a 381 até Brumadinho. 
 
HL: Esse é o seu plano, é fazer essa via 28 km dentro de Betim… 
 
HG: Aquilo que está dentro do território municipal nós vamos fazer. Nós precisamos do apoio da Prefeitura de Contagem, precisamos de 9 km dentro de Contagem e precisamos de outros 20 km da divisa de Betim com Sarzedo, com Mário Campos e com Brumadinho indo para o sentido da 040, indo para o Rio de Janeiro. 
 
HL: Você já tem um nome aí para essa via, para esse anel? 
 
HG: Dentro do município vai se chamar VM, via municipal. 
 
HL: Com a VM não precisa de rodoanel, não é, Heron? 
 
HG: A VM é o próprio rodoanel. Agora, se o Estado e a União entenderem, e eu acho que quem tem o mínimo de compreensão vai entender, eles vão nos ajudar a fazer as obras de arte, os viadutos que a gente precisa. A gente consegue fazer a via, mas vamos precisar de ajuda para fazer os viadutos, sobretudo o Governo Federal, porque trata-se de um problema federal. Quem sai de São Paulo, num domingo à tarde, e vai ar aqui pela trincheira da cidade industrial e vai ter o a avenida do contorno, não chega. Eu tenho uma filha em São Paulo, eu costumo ir a São Paulo de carro visitá-la e eu levo 4 horas e meia, 5 horas de São Paulo até Igarapé, e 1 hora e meia, quase 2 horas, dependendo do dia, de Igarapé até minha casa em Betim. Nós estamos falando de 35km, eu ando 450 km em 4 horas e meia, um tapete, e levo 2 horas para fazer 35 quilômetros. 
 
HL: Ou seja, é a logística, é o o a vias que traz o desenvolvimento. 
 
HG: Eu acho que a única solução palpável para a mobilidade urbana de Belo Horizonte é essa. Você depende do Governo Federal, você depende de investimento, você sabe que o Governo Federal não está num momento bom, o Governo de Minas está todo quebrado, não tem dinheiro para fazer nada, vai fazer o quê? O único dinheiro que o Governo do Estado tem é o dinheiro da Vale, os R$ 32 bilhões, e não está conseguindo, porque não fez até agora não e já tem 3 anos que se está discutindo aí e não saiu nada, mas dentro dessa perspectiva aí é a única solução para o problema de mobilidade de fato, é começar a discutir, porque você tira um fluxo de Belo Horizonte, de Contagem, da 381 e da 262, e aí os caminhões que saem de São Paulo ao sentido da Bahia não precisam ar por Betim, por Contagem, por Belo Horizonte, a por fora. Rodoanel fica no entorno, não fica no meio, entendeu? 
 
HL: A VM, você já fez as contas de quanto isso custa para vocês? 
 
HG: Entre R$ 480 milhões e R$ 600 milhões a gente faz o trecho de Betim. 
 
HL: Betim têm esse dinheiro? 
 
HG: Não, mas nós temos as parcerias com a iniciativa privada. São quatro trechos: o primeiro trecho, que já está, bem dizer, pronto, que é a via icaivera, que liga essa parte de Contagem até a 040. Vamos precisar de Contagem, precisamos de 9 quilômetros de Contagem, ainda não explicamos pontualmente o que é para a Marília, mas ela já compreende, porque o próprio Secretário de Obras e Desenvolvimento dela foi o Secretário nosso. 
 
HL: Ele sabe bem as dores. 
 
HG: Nos 8 anos de Vittorio (como prefeito) foi ele, então ele sabe exatamente o que nós estamos falando. Depois, outros três trechos, e os empresários donos desses terrenos, para eles é muito atrativo, porque se o metro quadrado dele hoje vale 1, com uma obra dessa vai valer 10, então eles têm interesse também de compartilhar essa área, uma área rural, com a metragem barata, não tem desapropriação, não tem indenização por lucro cessante, e os terrenos são deles. Então, ando a responsabilidade conjunta, compartilhada, a gente consegue fazer isso e o município abarca aquilo que dá para abarcar, algo de 30% a 40% desse valor o município coloca, e o restante os próprios empresários, donos dessas terras, também colocam, e a gente espera contar com apoio, sobretudo, do Governo Federal e do Governo de Minas também, se ele finalmente entender o que a gente quer, porque tem dinheiro. E, pensa, o crime da Vale aconteceu no Médio Paraopeba. Betim foi profundamente afetada por isso, porque assoreou o rio Paraopeba que corta Betim. 
 
HL: É essencial, não é? Para o abastecimento e para tudo. 
 
HG: Da forma que o Estado propõe esse rodoanel não beneficia Igarapé, São Joaquim de Bicas, a próprio Brumadinho, não beneficia Esmeraldas, e a nossa ideia cria uma ampla área de investimento que favorece todo o médio Paraopeba, não é só Betim, cresce tudo, e nesse trecho, a gente tem a perspectiva da construção de um estádio, da perspectiva de um autódromo, da perspectiva de um parque de exposições, ou seja, é uma é um boom na região metropolitana, 
 
HL: Cria um outro hub alternativo para também levar eventos para lá, é mais arrecadação. 
 
HG: É mais do que a solução de mobilidade urbana, é o eixo do desenvolvimento da Região Metropolitana. Tem o Eixo Norte, obviamente, Santa Luzia, Lagoa Santa, que está crescendo, está se desenvolvendo, e aconteceu isso com a via verde, com o aeroporto, mas o lado de cá é o lado da indústria, é o coração da indústria, e a FIEMG, o Governo do Estado que preza muito pela iniciativa privada tem que olhar para o coração da indústria mineira que está lá. 
 
HL: Você está fazendo entendimentos, a FIEMG… eu vi o Flávio (Roscoe, presidente da Fiemg) lá com você, fazendo a inauguração da Escola Sesi, uma reinauguração, porque já funcionava a escola lá, não é? 
 
HG: A FIEMG tem grandes investimentos em Betim, tem um clube, que é o melhor de Minas, um clube do trabalhador, o clube Sesi, tem uma escola mecatrônica ligada ao Senai, tem a escola do Sesi no Arquipélago Verde, e agora a FIEMG acabou de inaugurar a escola do Senai, que é uma escola para Indústria Pesada, formação de operadores de máquina, de mecânicos para a indústria pesada. É uma demanda enorme, o próprio aeroporto que está sendo construído em Betim nós temos que trazer funcionários de fora de Minas Gerais, porque não tem formação em condução de grandes equipamentos. 
 
HL: Tem que aprender tudo de novo para lidar com essas máquinas. 
 
HG: Tem que fazer tudo. E é tudo tecnológico hoje, então a escola que o Senai está fazendo lá, antiga escolinha da Fiat, também foi uma parceria com a Stellantis muito proveitosa, feita pelo Antonio Filosa (ex-presidente da Stellantis para a América do Sul). 
 
HL: Que agora é CEO global da Stellantis. 
 
HG: E foi uma parceria muito grande, porque a prefeitura acelerou o processo de desburocratização, de desmembramento do terreno, então a FIEMG assumiu a antiga escolinha da Fiat e nós vamos assumir o antigo clube da Fiat. Então, lá nós vamos fazer um conceito de Vila Olímpica, vamos ter lá um campo oficial, uma pista de atletismo de 6 raias, também oficial, academia, piscina semiolímpica, quadras, tanto de cimento, quanto de areia, perspectivas de aulas de tênis, esportes de alto impacto, ginástica artística, a parte de arborismo, porque tem uma área ambiental muito forte lá, e um prédio que pode inclusive receber a própria escola ou a própria sede da secretaria de educação. Então, é um conjunto muito importante para a cidade e que tem o apoio da Federação das Indústrias de Minas Gerais através do Flávio Roscoe, que tem sido um grande parceiro.  
 
HL: Está entrando como parceiro em investimento e criando essa alternativa. 
 
HG: Ele entendeu que Betim é o coração da indústria, então se a FIEMG é a mente da indústria, nós somos coração da indústria e precisamos ser bem tratados. 
 
HL: Sim, com certeza, e isso também diversifica a mão de obra da cidade, não é, Heron? Traz novas funções, traz perspectivas para o trabalhador, se ele não quer ficar só nos grandes players, ele tem também condições de abrir um negócio próprio, que gera emprego, gera arrecadação para cidade. Como você está fazendo isso para diversificar? 
 
HG: A qualificação da mão de obra é um grande desafio de Betim hoje. Nós temos a questão do emprego na cidade, não é um problema hoje, o problema é justamente a mão de obra, não tem mão de obra. Nós temos dificuldade de suprir com a mão de obra as empresas que lá estão, mas com esse tipo de iniciativa, seja na escola do Sesi, na escola do Senai ou com outros projetos que nós estamos fazendo, nós lançamos, recentemente, através de uma parceria com a Universidade Federal de Viçosa, sendo definido pela própria Prefeitura um programa que chama qualifica Betim. São cursos técnicos nas áreas de agropecuária, de logística, de energia renovável, de segurança do trabalho, de istração e de informática, técnicos para um público EJA (Educação de Jovens e Adultos), ou seja, 18 mais que não tem 2º grau. Então, nós estamos formando, as primeiras turmas foram criadas agora, são 2 anos de curso, então em 2026 forma-se a primeira equipe, as primeiras turmas, sem um tostão do bolso da prefeitura, apenas o apoio logístico com sala de aula e a própria alimentação, com o corpo de professores todos da Universidade Federal de Viçosa. Com a FIEMG, nós estamos fazendo um acordo, também, que é de introduzir a robótica nas escolas já para criar o aculturamento digital dos meninos e manter os meninos na sala de aula. Hoje, a competição com as redes sociais, com o imediatismo dos meios digitais… 
 
HL: É, a inteligência artificial… lá nos Estados Unidos o Trump colocou agora como disciplina básica. Você pensa em colocar também? 
 
HG: Nós temos três disciplinas que nós vamos incluir na rede municipal. Um que gerou até bastante polêmica no início desse mês é a questão da igualdade racial e da valorização dos povos africanos e dos povos originários, isso nós já colocamos. 
 
HL: Importantíssimo. Você já cria uma educação, nas pessoas, da diversidade. 
 
HG: Contra o preconceito e com toda a informação, obedecendo às leis federais, são duas leis federais que regem isso e nós estamos colocando em prática, mas não simplesmente fingindo que estamos colocando em prática, estamos colocando em prática de verdade, com o material todo pensado para o estudante de Betim. Teve alguma polêmica com relação à religiosidade, mas está superado, porque nós trouxemos aqui o corpo de professores que é da Unicamp para poder preparar e capacitar os nossos professores e ensinar desde o pré 1 ao pré 2 até o nono ano. O que nós vamos ensinar? Na disciplina de História, que são 3 aulas de história por semana, uma dessas aulas será dedicada a história africana, a história indígena e a história do povo cigano, e dentro de linguagem, sobretudo das aulas de português, que são 4 aulas por semana, nós vamos dedicar uma para a formação linguística e a contribuição dos dialetos africanos, dos dialetos indígenas, dos idiomas indígenas na formação do próprio português e isso vai criando um ambiente contra a ignorância e contra o preconceito, porque hoje se uma pessoa entende que um tambor é uma coisa do demônio, talvez os nossos futuros alunos não pensem assim mais, então é isso que a gente quer trabalhar e isso é uma das disciplinas. Associado a isso, nós temos a educação empreendedora, que estamos fazendo com a própria CDL, a CDL e a Federação, a FCDL, com o Marcelo do Sebrae, então essa parte de educação financeira a gente quer estabelecer isso com Sebrae e a parte de robótica e de educação digital com a própria FIEMG, que ela tem as escolas em Uberlândia, em Juiz de Fora já tem essas escolas e a gente traz isso para o menino do sexto, sétimo, oitavo e nono ano. Não é uma formação, digamos que com diploma, mas é um aculturamento digital que vai preparar esses meninos, vai manter os meninos na sala de aula, porque as aulas tornam-se mais atrativas, com robô Lego com salas makers. 
 
HL: E os campeonatos mundiais, é incrível isso. 
 
HG: Inclusive, tem equipes já vencedoras dos campeonatos, já tem escolas que têm a robótica introduzida pelo próprio município, mas para a gente ganhar amplitude, a gente precisa de apoios como da própria Federação das Indústrias. 
 
HL: Tudo é parceria, não tem jeito. Heron, a Saúde, você foi Secretário Municipal de Saúde, viu de antemão como estava a situação, tem 41 UBS, você está fazendo reformas e no hospital também. Apesar de Betim ter grandes players também na área hospitalar, como o Mater Dei e o Hospital da Unimed, que até está ando por expansão lá, que o Presidente da Unimed me falou, e do Mater Dei também, não é, o Henrique Salvador diz sempre da importância do hospital de Betim para atender aquele hub ali, Betim/Contagem, mas qual é o desafio maior que você enxerga agora na saúde para que tenha um atendimento bom e a pessoa não precise vir para Belo Horizonte? 
 
HG: Betim é uma cidade que tem um hospital regional muito relevante e acaba que as outras 12 cidades dependem de Betim. Betim e mais 12 cidades do médio Paraopeba, então a gente cuida da população dessas 13 cidades, Betim mais 12. Nós temos cerca de 15 mil atendimentos por dia na nossa rede.  
 
HL: Por dia? 
 
HG: Na nossa rede, não estou falando só do hospital, é na Rede Municipal. Então só no hospital nós temos aí um trabalho hercúleo para ser feito, nós temos um Centro Materno infantil que realiza 6 mil partos por ano, nós temos as UPAs, que é porta de entrada, nós temos o SAMU, que atende toda a região toda a região do médio Paraopeba, então nós temos aí um complexo muito enorme que Betim acaba pagando a conta de outros municípios. Tem as pactuações, tem os recursos do Estado, tem os recursos da União, mas ainda sim Betim gasta muito, porque Betim não tem, por exemplo, uma Universidade Federal como tem a própria Montes Claros, como tem a próprio Belo Horizonte. Betim não tem uma Universidade Federal, então tem que assumir tudo, porque geralmente quando você tem uma uma universidade vinculada a um curso de Medicina a conta fica mais barata, como é o caso de Montes Claros e é o caso de Juiz de Fora, a conta fica mais barata. Nós temos que assumir tudo, nós investimos na Saúde algo próximo de R$800 a R$850 milhões, temos desafios enormes, tivemos um desequilíbrio com relação às Organizações Sociais, não que nós temos tenhamos que demonizar as Organizações Sociais, porém algumas que aram por Betim, mal-intencionadas ou mal geridas, causaram muito transtornos, não fizeram recolhimento de FGTS dos funcionários, demitiram e não fizeram acerto, fizeram um grande problema. 
 
HL: Vocês tiveram que assumir isso tudo? 
 
HG: Nós tivemos que fazer pressão em cima dessas entidades. Substituímos essas entidades que a gente julgava podres, substituímos e isso foi logo na transição entre dezembro e janeiro, já fizemos isso, nós estamos ainda dentro de um decreto de emergência por causa dessas situações, vence agora no segundo semestre quando nós vamos fazer os chamamentos públicos definitivos, nós tivemos que fazer contratações emergenciais para dar conta e não deixar a população desassistida e nem os funcionários na mão. Ainda temos problemas de indenização com alguns funcionários, somos solidários no sentido de fazer com que esses funcionários recebam os seus direitos, são poucos agora, a grande parte já recebeu, mas ainda tem alguns, sobretudo algumas grávidas, que não foram ressarcidos os seus direitos por essas ou essas, e nós estamos, agora, nessa reta final de acerto dessa parte de gestão de RH, que é um grande desafio. O RH na área médica é um grande desafio, fazer as escalas médicas, sobretudo uma região em que R$100 faz diferença, faz muita diferença, às vezes Contagem aumenta R$100, aí tira o médico nosso, a gente aumenta R$200, tira o médico de Contagem, bem por isso é preciso de uma integração com essas cidades, mas essa parte de RH nós estamos equilibrando. Fizemos um novo contrato com a oncologia e em breve, nos próximos dias, inauguraremos um grande centro especializado em rins, sobretudo para hemodiálise, que a gente vai inaugurar nos próximos dias e, também, vamos resolver essa situação na área de Saúde, de forma que a saúde de Betim vai atender a população, mas sempre com a necessidade de melhoria constante. Em termos de investimento, nós temos a perspectiva de fazer a construção de 40 e poucos leitos agora, já temos o dinheiro em caixa e estamos iniciando o processo licitatório. Temos que fazer o edifício garagem em frente ao hospital, que já está muito sobrecarregado, então temos que fazer esse edifício garagem e depois ainda um anexo que são 6 andares para onde nós vamos levar a ortopedia, a nefrologia, a oftalmologia, o centro de imagens e o centro de pequenas cirurgias. Então, nós vamos desafogar a urgência e a emergência do hospital regional, que afinal de contas, o grande problema nosso é urgência e emergência, o que causa filas. Nós temos as rodovias que causam acidentes e a gente tem que abrigar sobretudo na ortopedia, e essa questão da ortopedia a gente vai fazer agora os mutirões de cirurgias eletivas e também poder resolver. Hoje, nós estamos com uma fila expectante grande, mas não com o corredor menos cheio do que estávamos, ainda falta muito para poder avançar. 
 
HL: Mas não está descontrolado, de falar “meu Deus”. 
 
HG: Nós estamos num momento crítico, nós estamos no momento das síndromes respiratórias graves, estamos aí no risco aí de gripe aviária, então nós temos esses riscos, tivemos óbitos no nosso sistema, sobretudo por crianças que chegaram muito comprometidas, muitos pais não vacinaram, muitos pais não tiveram aquela conscientização da vacina e, às vezes, recorrem às unidades de saúde quando a coisa já está bem grave. O público infantil e o público idoso estão sendo as maiores vítimas nesse momento, as nossas unidades estão lotadas, então a gente faz o apelo da vacina, Betim está repleto de vacinas, nós já fizemos várias ações de conscientização sobre vacinas, mas é preciso que a população também assuma sua responsabilidade. 
 
HL: É, não adianta ser só de um lado. 
 
HG: Dentro disso, nós temos ainda a construção de uma nova UPA, que é na região do Teresópolis, que é o maior aglomerado de Minas Gerais, então vamos fazer uma UPA novinha, também já temos dinheiro para isso e temos um processo de licitação. Mais no final do Governo, quem sabe a UPA Guanabara, que seria aí justamente uma UPA Sul, que seria, vamos falar, a conclusão do nosso projeto de saúde. Então, isso é o que a gente pensa para área de Saúde. 
 
HL: É muita coisa, em? Para 4 anos é bastante. Agora, isso também depende de emendas. Como é que está o relacionamento com a Câmara Federal, com os nossos 53 Deputados? Tudo bem que a gente tem aí 853 municípios, é muito município para atender, mas tem tido um diálogo bom? 
 
HG: Sim. Eu fui eleito por uma base com 18 partidos, fui eleito com o PL, com o PSB, com PDT, e de forma informal com o próprio PC do b, então dentro disso eu tenho uma ampla base e tenho uma relação muito boa, até fruto do relacionamento que eu tive aqui no Jornal com as lideranças partidárias, os líderes partidários, não só de Minas, como os líderes nacionais, e isso permite ter uma relação muito próxima com alguns deles e isso facilita os nossos entendimentos. E com relação aos deputados e aos senadores, nós temos uma relação muito boa, os senadores Viana, Cleitinho, Pacheco, temos uma relação muito boa, e com os deputados mais próximos também está lá pronto, independentemente de partido ou de coloração partidária, nós estamos prontos para fazer parceria e temos recebido. 
 
HL: Sim, isso é importante. Tem a questão do aeroporto, que eu queria detalhar um pouco mais, porque ele é o novo pilar, não é, que você considera para cidade. É uma obra iniciada no Governo Vittorio Medioli e que você acredita que vai ficar pronta nesta gestão sua? 
 
HG: É uma obra privada. Nós fizemos uma operação consorciada. O que é uma operação consorciada? O município ficou por conta de facilitar o investimento, de fazer as desapropriações, de resolver as questões burocráticas. 
 
HL: São 4 milhões de metros quadrados, não é? 
 
HG: São 4 milhões de metros quadrados, um investimento na casa de R$600 milhões, por enquanto, talvez até supere isso, com uma perspectiva de geração de empregos enormes, com uma mudança na economia da cidade enorme, com a atração de empresas voltadas para o aeronaval, que é uma coisa que não tem na região metropolitana e a a ter, então nós temos uma perspectiva muito grande. 
 
HL: Uma pista que vai ser até maior do que a de Confins, que você estava falando comigo? 
 
HG: Ao final, sim, nós vamos ter 3,6 quilômetros de pista. Então, o que a gente imagina é que a obra já está na casa dos 35% aos 40%, os empreendedores imaginam que nos próximos meses já conseguem fazer o asfaltamento.  
 
HL: Quantos empreendedores, mais ou menos, que você já tem lá, que já estão comparecendo? 
 
HG: A venda dos hangares, a venda dos terrenos onde vão ser instaladas esse conjunto de aeroporto, eles ainda não iniciaram, tem só pesquisas, mas quando abrir, a perspectiva é que isso aconteça de uma forma muito rápida. Pelo que a gente está sentindo do andamento da obra, e a obra está toda a vapor, se você for lá visitar você vai ver, lá de 35 a 40% já, e com 60% a 70% por cento você faz o asfaltamento, a gente imagina que já tem asfaltamento no ano que vem, no ano de 2026, e quem sabe os primeiros voos entre o final de 26, início de 2027. O foco, primeiramente, é o voo de carga, a aviação de carga. 
 
HL: Que é para atender mesmo as indústrias da região. 
 
HG: Mas nós vamos ter também aviação executiva. Com o fim, aqui, do Carlos Prates e as dificuldades do aeroporto da Pampulha, o custo do hangar do aeroporto da Pampulha e do aeroporto de Confins, isso beneficia Betim. Então, nós vamos ter aí os voos executivos e também voos chaters, aqueles voos que se alugam por temporada. Porto Seguro, por exemplo, atrai muitos mineiros entre os meses de final de novembro e março e não tem voo com frequência, precisa fazer encomendas de voo, pode ser feito isso, é uma estratégia.  
 
HL: A ANAC já autorizou a construção do aeroporto? 
 
HG: Já. As liberações dos voos são por etapas, de acordo com quando as coisas vão terminando as liberações vão acontecendo. Não será um aeroporto shopping, como é o conceito de Confins, vai ser um aeroporto muito mais funcional, muito mais operacional, mas que para a Região Metropolitana vai ser um ganho extraordinário, porque eu, que moro em Betim, para pegar um voo em Confins às 7 horas tenho que acordar 4 horas da manhã no mínimo, e corro o risco de não pegar o voo. Se tiver uma paralisação na via verde ali perto da Cidade istrativa, o que não é raro, a gente acaba perdendo o voo, não chega. Então, para esse público do Centro-Oeste, Betim, Contagem, BH sobretudo na região do Barreiro, na região central de BH, Betim vai ser uma opção e tanto.  
 
HL: E o mais importante, você não vai ter que botar a mão no bolso, no orçamento de Betim, para construir esse aeródromo? 
 
HG: Pelo contrário, Betim tem a ganhar. Betim tem o Instituto de previdência próprio, que está com a sua saúde financeira garantida para os seus próximos 15 anos, porém é preciso pensar, é preciso reformas. A questão da previdência no Brasil é uma coisa crítica, o nosso servidor está envelhecendo com saúde e isso quer dizer que ele vai ter muito tempo de uso fruto do instituto, e pensando nisso é importante dizer que na operação do aeroporto, tanto do pouso, como a decolagem e como também no combustível, vão ter royalties, ou seja, o avião que pousar, o avião que decolar e o avião que abastecer em Betim vai estar pagando royalties para o instituto de previdência para garantir a solvência e a sustentabilidade do Instituto de previdência e dos servidores públicos. 
 
HL: Já cai direto no caixa do Instituto de Previdência? 
 
HG: Não a pela Prefeitura, vai direto para o instituto, cai no caixa. E isso foi uma tacada que o Vittorio deu também para poder ter uma fonte de receita que não seja simplesmente a contribuição do patrão e do empregado, no caso da prefeitura e do funcionalismo público. 
 
HL: É, porque vem uma crise, vem uma pandemia de novo, várias empresas fecham. 
 
HG: E como eu disse, hoje o instituto de previdência tem solvência, tem caixa para 10, 15 anos aí sem maiores problemas, mas depois é preciso pensar, e 10, 15 anos am num estalar de dedos. 
 
HL:  Qual é a capacidade do aeródromo de voos de carga? É muita coisa, não é?  
 
HG: É muita coisa. 
 
HL: É um aeroporto de médio porte? 
 
HG: De pista é até grande porte.  
 
HL: Sendo maior do que Confins, é de grande porte. 
 
HG: E aí, a partir do momento que ele estiver estruturado, a a ser um Viracopos, por exemplo. 
 
HL: Isso cria um outro hub… 
 
HG: Inclusive de internacionalização, é preciso das liberações alfandegárias, mas isso é uma terceira etapa. 
 
HL: Eu também queria falar sobre a ação da Janaína, da área social. Janaína é formada em Serviço Social, é uma grande companheira, não é? Com você aí, que sempre te apoiou, como está sendo esse trabalho pela Janaína e esse olhar? 
 
HG: Eu e a Janaína estamos juntos desde os 20 anos, eu já estou com 50, então são 30 anos juntos, entre casamento, namoro, altos, baixos, como todo casal tem tudo. Ela foi uma grande parceira, porque quando eu decidi ser candidato, fui convidado a ser candidato, era uma coisa que causava muita instabilidade, porque ninguém quer ter sua vida pessoal chacoalhada, revirada, e acaba que ser Prefeito é isso, você deixa de ser é uma pessoa com seus direitos civis para ser uma pessoa do povo, você está exposto e está o tempo todo trabalhando para o povo e por conta. E, assim, eu entendo que é isso mesmo, mas resolver isso familiarmente, às vezes, não é muito simples. Em um primeiro momento criou uma certa inquietude, uma certa insegurança por parte até dela mesmo, que depois de algum tempo compreendeu e me deu todo o apoio, inclusive com as próprias filhas, não é, minhas filhas não moram comigo mais, hoje uma mora em São Paulo, outra mora aqui em BH, cuidando das vidas delas. E ela assumiu esse voluntariado, porque não tem salário para assumir esse voluntariado, de uma forma muito tranquila também, porque entende que não é o prefeito, é o prefeito e tudo que cerca ele, e ela é uma pessoa que é muito dedicada, sobretudo na causa de idosos, e como assistente social teve um papel muito importante na questão da oncologia, onde ela, durante algum tempo, exerceu uma atividade no trabalho voluntário também. Então, é uma missão, porque não recebe nenhum tostão, me acompanha, sofre todos os dilemas que eu sofro sem ser remunerada. Eu ainda sou remunerado, ela não é e faz isso de uma forma voluntária e com muita tranquilidade e com muito carinho com essa população que mais precisa. 
 
HL: Que bom. Funcionalismo Público, qual é o recado que você tem para dar? 
 
HG: Funcionalismo com muito respeito, nós estamos lidando com o funcionalismo com muito respeito. Lógico que existem reivindicações, demandas que a gente não vai conseguir atender, eu falo isso de uma maneira muito tranquila. Agora, o respeito, a transparência, nós vamos fazer um plano agora de valorização, vamos conceder um reajuste de 6% dividido em 2 vezes, é o que a Prefeitura pode fazer agora, por mais que se queira mais e que mereça mais, mas esse é o tamanho que o município consegue pagar. Nós temos aí o reajuste do cartão cesta servidor, depois de muito tempo sem dar nós tivemos valorizações pontuais de categorias, fizemos aposentadorias especiais, estamos atuando fortemente em uma comissão de PCCV - Plano de Cargos Carreiras e Investimentos, que vai também dar uma organizada no nosso funcionalismo público, criamos agora a Secretaria Adjunta de Recursos Humanos para trabalhar, justamente, recursos humanos, não somente o Departamento Pessoal. Então, dentro dessa filosofia, a gente vai, cada vez mais, ofertar condições de desenvolvimento funcionalismo, mas lógico com responsabilidade, porque mais do que assegurar, muitas vezes, um aumento, mesmo porque o crescimento vegetativo, através de biênio e de quinquênios, do funcionalismo já é, sem a prefeitura fazer nada, de 4,5% a 5% ano. Então, o funcionalismo já tem uma preparação automática. 
 
HL: Está com quantos funcionários públicos lá em Betim, Heron? 
 
HG: Ativos é algo em torno de 10 mil, mais os inativos, que também tem a colaboração da Prefeitura, que são os aposentados. Então, a gente tem essa política de valorização agora, que é retroativa a primeiro de abril, porque é a data base do funcionalismo, a Câmara aprovou na terça-feira esses reajustes, vamos sancionar, talvez, semana que vem, fazer o pagamento retroativo. A parte da Educação existe o piso da Educação, então ele vai ser estabelecido de acordo com o piso da Educação, assim como o piso da Enfermagem, que é uma coisa que sobrecarrega em demasia o próprio município, mas que nós vamos assumir, mas mais do que o aumento, mais do que essa própria política de valorização, você tem o crescimento vegetativo que, de certa forma, a indústria privada não tem, por exemplo. Tem lá o que é negociado pelo sindicato… 
 
HL: Com uma crise, ela reduz. 
 
HG: E o município não pode fazer isso, você tem que ter muita responsabilidade, senão daqui a pouco você não tem dinheiro para pagar o instituto de previdência e nem os próprios servidores. É preciso, antes de imaginar que nós estamos em uma Disneylândia, saber que nós estamos istrando dinheiro, e dinheiro não aceita desaforo. 
 
HL: 18 secretários, comissionados também, como é ficou essa política na sua ótica? 
 
HG: Comissionados nós temos poucos proporcionalmente a outras cidades da região metropolitana, mas nós estamos ainda dentro do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal e com margem tranquila para poder vencer os 4 anos de gestão. 
 
HL: Heron, você está, assim, aceleradíssimo, como você sempre foi aqui no Jornal, sempre querendo fazer várias coisas. Você tem algum exemplo, assim, algum guru… as meninas estavam até falando, da sua assessoria, “o Heron está parecendo o JK, 50 anos em 5”. 
 
HG: Quem dera fosse um JK que baixasse aqui, e hoje, também, a realidade é outra. JK não se preocupava tanto com licitação pública, a gente tem que se preocupar bastante com isso, porque hoje nós temos Tribunal de Contas do Estado, temos Tribunal de Contas da União, temos Ministério Público, tem que ser feito tudo com muita responsabilidade. Só que tem que acelerar, tem que colocar as coisas debaixo do braço, senão as coisas não acontecem, por mais que a gente tenha uma equipe competente, uma equipe comprometida, mas se não colocar debaixo do braço e o exemplo vir de cima as coisas não acontecem. A energia vem o tempo todo, se você não tiver energia, você não entra em uma empreitada dessa. Eu digo o seguinte: quem trabalhar com a gente, não vou falar comigo, mas com a gente, tem que ter pique, tem que ter energia, ou então vai para um resort ou vai para uma roça, ou vai para qualquer canto aí, vai para a beira do Paraopeba, do Rio das Velhas, do São Francisco, porque tem lugar, tem opção de vida para quem opta em viver isso. Que tenha energia, porque se não tiver energia vai procurar outra coisa para fazer, a vida é muito curta para você ficar infeliz em determinados locais, você tem que ser feliz fazendo o que você quer e eu me sinto muito feliz tendo essa energia e tendo esse vigor, mesmo com tantos, às vezes, aborrecimentos, com tantas incompreensões, mas o que importa é o benefício e daqui 3 anos e meio eu espero está deixando alguma coisa de boa aí para população  
 
HL: Você tem algum sonho para Betim, assim, nesse primeiro governo? Porque pode ter um segundo governo, você também pode ser reeleito. 
 
HG: Eu não penso em segundo governo, porque segundo governo é pensar muito no futuro. Eu não vivo no ado, eu não vivo no futuro, se eu viver do ado vou ser eternamente melancólico e se eu viver no futuro vou ser eternamente ansioso, então eu vivo o presente, e no presente eu tenho sim sonhos, que é realizar meu plano de Governo. O meu plano de Governo está composto por estádio, por parque de exposições, por uma política do idoso muito ampla, com a política da educação inclusiva, que nós estamos começando a trabalhar a educação inclusiva, transformando educação especial em educação inclusiva de fato, coisa que o Governo Federal não nos dá como município, nós estamos trabalhando aí a questão da escola técnica, da formação técnica profissionalizante, nós queremos os nossos jovens longe da violência, o que não é uma coisa que dependa só do município, depende de uma política nacional de Segurança Pública, de inserção da criança e do adolescente, uma sociedade mais igualitária do ponto de vista da mulher. Hoje, 58% dos nossos cargos de alta gestão são formados por mulheres, e, sobretudo, mulheres jovens, que muitas vezes são incompreendidas, são vítimas de machismo, e a gente tem que combater isso o tempo todo, porque, enfim, é muita coisa. Então, sonhos tem demais, mas são sonhos no presente. 
 
HL: Pé no chão, né? É coisa que dá para realizar. 
 
HG: Pé no chão. Mineiro olha para montanha, não tem a pretensão de subir a montanha, só olha para montanha para saber que tem muita coisa para subir, igual eu estou olhando ali agora. 
 
HL: Legal isso. Foi ideia do Heron, gente, essas montanhas aí todas no estúdio, que é isso mesmo, tudo de Minas, remonta o aço e todas as referências de Minas, mas é isso mesmo, não é? Mesmo que tenha neblina ali, a gente olha, vai e segue adiante.  
 
HG: Mineiro é acostumado a subir morro, e se ele ficar olhando para o morro, ele não sobe, ele tem que caminhar independentemente do que vem pela frente.  
 
HL: Heron, muito obrigada pela entrevista, parabéns viu! 
 
HG: Obrigado, Helenice, que ótimo te ver de novo, dessa Barbacena fria. 
 
HL: Não é? Foi lá e ou frio, lá em Barbacena. 
 
HG: Gelado, mas muito boa a cidade, linda, maravilhosa. 
 
HL: É isso aí, é Minas, estamos em Minas. Olha, que você consiga resolver tudo isso, fazer todos esses projetos e que Deus te abençoe aí muito, você e Janaína, nessa caminhada, que dê tudo certo. 
 
HG: E falando em Deus, a gente tem que sempre referenciá-lo, em Betim nós estamos com um trabalho muito importante, porque a matriz de Nossa Senhora do Carmo, através do Dom Walmor, através do Padre Hélio, conseguimos transformá-la em Santuário de Nossa Senhora do Carmo. Então, Betim agora a a ter um Santuário Mariano, que é uma coisa rara. 
 
HL: Vira um turismo religioso também. 
 
HG: Vira um turismo, sobretudo do médio Paraopeba, e criando o caminho peregrino das Sete Alegrias de Maria, então é uma coisa bem legal que a gente está criando também. E para o público evangélico, também teremos a Marcha de Jesus em outubro, não me engano, que a gente vai trabalhar essa parte da espiritualidade associada ao desenvolvimento econômico e ao turismo da cidade. 
 
HL: Sim, é o sincretismo religioso, totalmente respeitado, com toda a sua diversidade. 
 
HG: Dá para trabalhar a religiosidade, dá para trabalhar a igualdade racial, a questão do preconceito tem que ficar de fora, tem que compreender, e esse é o papel do Prefeito, também, de facilitar essas coisas. 
 
HL: É o gestor público que tem essa missão. Você tem várias missões aí, Heron, mas você vai conseguir, você conseguiu aqui no Jornal e você vai conseguir lá. É uma outra ótica da gestão pública, mas é isso, é vontade política, é uma coisa meio clichê, mas que a gente não vê em vários gestores. 
 
HG: Na verdade é o mínimo, né, que a gente tem que fazer, e arriscar, não é? Como diria Guimarães Rosa, o que a vida espera da gente é coragem.