DIA DA GASTRONOMIA

Cozinha Mineira é oficialmente patrimônio imaterial de MG

Deliberação aconteceu a partir do registro dos sistemas culinários do milho e da mandioca pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural nesta quarta-feira, 5

Por Lorena K. Martins
Publicado em 05 de julho de 2023 | 16:04

Nesta quarta-feira (5), data em que é celebrado o Dia da Gastronomia Mineira, a cozinha mineira, por meio da culinária do milho e da mandioca, agora é oficialmente patrimônio cultural imaterial do estado. O anúncio foi realizado no Palácio da Liberdade pelo Governo de Minas Gerais.

Além desse registro oficializado, o Governo de Minas também lançou o projeto “Cozinha Mineira Patrimônio – Temporada 2023”, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), com uma série de iniciativas com o objetivo de proteger, fomentar e promover os ingredientes, saberes e práticas que constituem a cultura alimentar mineira.

"Teremos qualificação, formação e, sobretudo, festivais gastronômicos. E queremos também fazer um festival internacional da gastronomia mineira. Há todo um projeto de estruturação que vai até outubro de 2023, visto que, no próximo ano, já teremos o queijo reconhecido pela Unesco. Será um projeto de estruturação, também da agricultura familiar, que é a base do alimento feito ou transformado nas mesas. Planejamos também diversas atividades, linkando várias outras áreas, como a coquetelaria com os drinks, cachaças, vinhos e até azeites mineiros", enumera Leônidas Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo. 

Leônidas ainda cita que o Brasil tem mais de 4 mil restaurantes fora do Estado dedicados à cozinha mineira e cerca de 30% do turismo de Minas vem da gastronomia. "O turismo gastronômico tem uma importância estruturante na nossa economia e é um grande fomentador de emprego e renda", disse. 

"É um o para gente começar a valorizar ainda mais o que a gente já valoriza, não é? Minas Gerais tem um tamanho continental. Cada canto tem um modo de se fazer diferente, com  ingredientes típicos diferentes e influências étnicas difrentes. É o primeiro o para entender os territórios que temos e transformá-los em um pólo turístico", disse o chef Edson Puiati, coordenador da Frente da Gastronomia Mineira. 

Milho e mandioca

O "Registro dos Sistemas Culinários da Cozinha Mineira – O Milho e a Mandioca" é de grande relevância para o reconhecimento e a valorização de saberes e práticas desenvolvidos pelos povos originários e tradicionais, como as comunidades indígenas e negras. A contribuição desses povos foi essencial para que a mandioca e o milho constituíssem alguns dos pilares que sustentam a cozinha mineira.

"É a partir da originalidade, trazida, sobretudo, pelos povos indígenas e pelos povos africanos, que nós chamamos de afro-mineiros, que começou, juntamente com os portugueses, que começou a fermentar uma cozinha mineira", disse.

O registro é resultado de um trabalho elaborado desde 2019, que reuniu uma série de pesquisas sobre os saberes ligados ao milho e à mandioca, que constituem o primeiro sistema culinário a ser caracterizado pelo Iepha no âmbito das pesquisas sobre a cozinha mineira. Outra etapa desse trabalho foi a identificação de quase 700 moinhos de milho e casas de farinha de mandioca em Minas Gerais. O cadastro foi viabilizado por meio da ação conjunta entre Iepha, prefeituras, instituições de ensino, comunidades e pesquisadores.

Para os interessados, tanto o dossiê, quanto o documentário, já podem ser ados por meio do site www.cozinhamineirapatrimonio.com.br.

 

Ações - Cozinha Mineira Patrimônio - Temporada 2023

Além disso, a valorização da cozinha mineira baseia uma nova campanha do Governo do Estado, concebida para promover o destino Minas Gerais, a partir das “cinco estrelas” da atividade turística em território mineiro: a experiência gastronômica, o turismo de natureza, de aventura, os patrimônios históricos e a arte moderna e contemporânea.

Neste sábado (8), também haverá a inauguração, no Mercado Central, da estátua em homenagem à Dona Lucinha (1932-2019), responsável por iniciar um movimento de revalorização dos ingredientes tradicionais da cozinha mineira. Reconhecida no país e no exterior, ela foi empresária, professora, escritora e pesquisadora, além de exímia cozinheira, deixando um legado importante e inspirador para gerações de chefs e cozinheiros.

Destaque para o tema nas principais feiras de turismo do país é outro objetivo. A cozinha mineira estará atrelada à promoção da Candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Unesco, a qual deverá se intensificar até 2024. 

Ampla divulgação do selo da Cozinha Mineira Patrimônio, desenvolvido pelo Instituto Periférico, em todas as ações, concursos e eventos que a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) desenvolver no segundo semestre de 2023 também está no radar.

O Seminário Internacional da Cozinha Mineira, que será sediado em Tiradentes, em novembro, é outra ação voltada à capacitação e promoção da cozinha mineira contemporânea.

A criação do Observatório da Cozinha Mineira é outro destaque. A proposta é estabelecer uma rede de pesquisa, com finalidade de monitorar o desenvolvimento da cozinha mineira através do levantamento de pesquisas, dados, números e elaboração de indicadores. 

Press trips, famtours gastronômicos, parceria com influenciadores digitais e chefs da cozinha mineira complementam o conjunto dessas ações. Rodadas de negócios com produtores e agentes para formatação de produtos turísticos deverão acontecer também até o fim de 2023.