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O beat brasileiro que chegou à Beyoncé: DJ Mimo Prod fala sobre criação, visibilidade e vida artística
De São Paulo para o mundo, o artista, de 32 anos, abriu o jogo sobre trabalho, família e repercussão internacional
Beyoncé causou a surpresa do público durante a estreia da Cowboy Carter Tour, que ocorreu no dia 28 de abril, em Los Angeles, nos Estados Unidos, ao ter utilizado um trecho da faixa ‘Essa Tá Quente’, do DJ Mimo Prod, em um remix da música ‘Spaghettii’ – cuja canção já reúne sample de ‘Aquecimento das Danadas’, do também brasileiro O Mandrake.
O produtor musical, cujo nome de nascimento é Murilo Sampaio Chagas, possui 32 anos, mora em Itaim Paulista, na Zona Leste de São Paulo, e coleciona cerca de 5 mil seguidores no Instagram, além de quase 130 mil ouvintes mensais no Spotify e mais de 10,5 milhões de streams na plataforma.
Em entrevista exclusiva ao Observatório dos Famosos, o artista detalha como reagiu, de início, ao ver seu trabalho sendo usado no show da Queen B! – ao qual a turnê está marcada para ser encerrada em julho, com chances de ser uma das mais lucrativas de 2025.
“Fui pego de surpresa, desprevenido, eu soube de uma forma repentina. Simplesmente acordei, de madrugada, em que uma página de fãs da Beyoncé me marcaram, de que usaram minha música, e foi totalmente aleatório”, afirma Mimo Prod, que assegura, no entanto, que não houve contato com a equipe de Beyoncé antes. “Não houve contato para o uso”, diz.
Apesar do impacto alcançado com seu nome, o produtor musical destaca que não buscou ir atrás de obter lucros financeiros. Segundo ele, o trecho que chamou atenção pode ter sido extraído de um banco de áudios disponível comercialmente. “O que deu a ênfase foi a fala, e esse áudio é de um site específico que a gente paga para utilizar, e essa voz está disponível nesse site. O nome seguiu notório, mas eu não poderia afirmar que seria minha versão, afirmar que seria minha música. Esse hype poderia gerar um feito contrário”, declara ele, que trabalha com música há cerca de 12 anos.
Artista independente, Mimo Prod construiu uma jornada solitária até aqui, marcada pela introspecção criativa. “Poucos momentos fiz parcerias. Não sou muito chegado a fazer um som com muita gente opinando. Acho que o ambiente da música precisa ser de foco, silêncio e prática”, explica ele. Além disto, seu perfil reservado reflete também na maneira como lida com as recentes propostas que surgiram após a exposição midiática. “Outras empresas entraram em contato, ainda estou em negociações, mas surgem questões burocráticas que acabam gerando imes”, declara.
Atualmente, Mimo Prod concilia sua atividade artística com a atuação como agente comunitário de saúde, função que exerce desde 2018, e ressalta o compromisso com a sua estabilidade e com o sustento da família. “Eu trabalho para manter minha casa, minha família. Não posso viver de música porquê é um cenário volátil, às vezes o conteúdo está rendendo e às vezes, não. Sempre é uma renda iva, pelo menos até o momento. Não dá pra cogitar viver daquilo, a gente não sabe se o conteúdo vai ser consumido ou se vai render”, pontua ele.

Confira abaixo a entrevista com DJ Mimo Prod na íntegra:
- OF: Como você descobriu que sua música ‘Essa Tá Quente’ foi incluída na performance de ‘Spaghettii’, na turnê da Beyoncé? Houve algum contato prévio com a equipe dela para o uso?
“Fui pego de surpresa, desprevinido, eu soube de uma forma repentina. Simplesmente acordei, de madrugada, em que uma página de fãs da Beyoncé me marcaram, de que usaram minha música, e foi totalmente aleatório. Não houve contato para o uso.”
- OF: A notoriedade do seu nome foi maior logo após a estreia da ‘Cowboy Carter Tour’. Mesmo que você não seja tão conhecido no mainstream, como foi trilhar esse caminho artístico sendo um artista independente e sabendo dos desafios na indústria?
“A princípio foi um boom instantâneo, a gente pode pontuar como uma loucura, literalmente. Mas, eu não criei tanta expectativa porquê a minha faixa se assemelha muito ao conteúdo da Beyoncé, mas não posso afirmar de que é a minha. O que deu a ênfase foi a fala, e esse áudio é de um site específico que a gente paga para utilizar, e essa voz está disponível nesse site. O nome seguiu notório, mas eu não poderia afirmar que seria minha versão, afirmar que seria minha música. Esse hype poderia gerar um feito contrário. Ela mesmo pode, ou a própria equipe ter pego o próprio audio e feito uma versão, ou pego a minha e ter feito uma mixagem em cima. Não dá pra especificar se é a minha produção, mas foi bom.”
- OF: De que forma o ambiente urbano e suas vivências nas ruas de São Paulo influenciam sua sonoridade e criações?
“Já vivenciei bastante eventos, bailes, tocava para MCs, fiz alguns eventos, mas não me dei muito bem. Consumia muito o meu tempo porquê eu sempre trabalhei fora a parte, precisava ter uma pré-disposição, entregar com excelência nas duas coisas, que são distintas. Eu tive que colocar na ponta do lápis. Pelo fato de eu não ter muita vivência urbana, eu acho que não posso classificar como uma influência na minha criação. Vou acompanhando o cenário, mas sempre fui na contramão. Acho que os momentos que influenciam mais as minhas criações.”
- OF: Como é conciliar a vida artística com o trabalho como agente comunitário de saúde? Como você organiza sua rotina entre essas duas funções?
“Eu costumo não misturar as coisas, tanto que no meu serviço eu não procuro me divulgar, dizer que sou DJ. Procuro, primeiro, focar no meu serviço que é minha fonte de renda principal. Secundariamente, virou aquela renda iva, às vezes faço aquela produção. Mas não costumo misturar as coisas, exerço minha função, e à noite, sobrando um tempinho, eu vou e coloco as ideias em prática.”
- OF: De que modo você avalia a conquista do funk brasileiro e sua aceitação em palcos de artistas internacionais?
“O funk é sempre aquele cenário, muito criticado, muito mal visto. Existem plataformas que a gente utiliza propriamente pra distribuição, mas ainda não existe uma forma de preencher o próprio ritmo como funk. Ainda existe esse ime, por mais que o funk já tenha se disseminado no mundo, principalmente no palco de artistas internacionais. Acho que qualquer cenário que contribua positivamente é sempre legal, sempre bem-vindo, isso dar muita mais visibilidade, por mais que ainda exista muita putaria [nas letras]. Não julgo, não critico, já ei por todos os ritmos, mas a conquista é notória, grande e há muito mais”
- OF: Você sente que ainda existem barreiras que dificultam o o de produtores como você no mercado fonográfico?
“Barreiras nunca vão deixar de existir, né? Já houve vários momentos que a gente pensa de desfazer, parar. Eu mesmo, particularmente, entregar o meu melhor, dar uma ideia legal, um conteúdo audível. (…) A gente sabe que as barreiras existem muito mais também por produtoras que possuem grande parte da fatia do mercado. Você estando em uma que tenha artistas bons, consequentemente você também tem uma visibilidade boa. Nem sempre você tem aquele dinheiro para investir.”
- OF: O que te motiva a continuar atuando na área da saúde pública mesmo com a visibilidade – de peso, e internacional – na música?
“Acho que não só a área de saúde, mas a renda fixa. Hoje a gente vive um cenários diferentes, eu trabalho para manter minha casa, minha família. Não posso viver de música porquê é um cenário volatil, às vezes o conteúdo está rendendo e às vezes, não. Sempre é uma renda iva, pelo menos até o momento. Não dá pra cogitar viver daquilo, a gente não sabe se o conteúdo vai ser consumido ou se vai render. Hoje posso afirmar que, não só na saúde ou em outro serviço, eu sempre darei ênfase ao trabalho manual mesmo, por saber que tenho a renda mensal, é uma garantia de manter o sustento, sua vida.”
- OF: Você pretende investir mais na carreira na música após essa visibilidade? Há novos projetos em andamento?
“Se eu tivesse um conteúdo hypado, como essa música que gerou grande repercussão, ela pode gerar uma renda iva. Como, provavelmente, o show da Beyoncé se confirme [no Rio de Janeiro] em 2026, pode ser que permaneça por um tempo o consumo dela, e até pode rolar do show dela incluir o repertório, tendo em vista que ela deve ter notado que o próprio funk repercutiu bastante aqui, e gera visibilidade. (…) É uma questão até da própria divulgação, no que fosse viável, que gere visibilidade e investimento, rotatividade, você tem que acreditar e arriscar.”

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