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Globo de Ouro praticamente garante Fernanda Torres no Oscar
Em 82 anos de história, apenas uma vez a ganhadora do Globo de melhor atriz em dramas ficou de fora do Oscar
Apesar de terem características diferentes em seu formato, o Globo de Ouro praticamente garantiu a brasileira Fernanda Torres entre as indicadas do Oscar de melhor atriz, após entregar-lhe, na noite de domingo (5), o prêmio de atuação em filmes dramáticos por seu papel como Eunice Paiva, personagem de "Ainda Estou Aqui", filme dirigido por Walter Salles e que já levou mais de três espectadores aos cinemas. Os indicados serão conhecidos no próximo dia 17.
A certeza de uma indicação – o que a faria repetir o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, com “Central do Brasil” em 1999 – tem base estatística. Nas mais de oito décadas do prêmio da Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood, somente uma vez a ganhadora de melhor atriz em drama não foi lembrada entre as nomeadas do Oscar. Aconteceu em 2008, com Kate Winslet, que ganhou o Globo por “Apenas um Sonho”, mas ficou sem uma vaga na disputa seguinte.
Em 1989, houve uma situação muito incomum, quando o Globo de Ouro da categoria teve três vencedoras: Jodie Foster, Sigourney Weaver e Shirley MacLaine. As duas primeiras foram indicadas, com a estueta ficando com Jodie, por "Acusadas". Já MacLaine não teve a mesma sorte. Para dados estatísticos, porém, não é possível levar essa excepcionalidade em consideração.
O envio dos votos pelos cerca de 10 mil acadêmicos começa amanhã e termina no dia 12, justamente na semana em que o nome de Fernanda Torres ganha evidência, não só pelo troféu em si como também por seu discurso, que conquistou todos aqueles que ainda não conheciam a atriz carioca de 59 anos que, no início de sua carreira, já havia faturado o prêmio de atriz no prestigiado Festival de Cannes, em 1986, por “Eu Sei que Vou Te Amar”, assinado por Arnaldo Jabor.
Há quatro décadas, Fernandinha não pôde comparecer na Croisette porque estava fazendo a novela “Selva de Pedra”. Desta vez, porém, ela recusou o papel de Odete Roitman em “Vale Tudo” para se dedicar a uma incansável campanha de divulgação de “Ainda Estou Aqui” no exterior, ando por inúmeros festivais (coincidentemente, os dois folhetins da Globo são remakes). Uma tarefa aparentemente trivial e sem grandes perspectivas, mas fundamental para o filme deslanchar.
Hoje é o último dia para os estúdios e produtores promoverem exibições especiais para os acadêmicos do Oscar. “Ainda Estou Aqui” tem uma sessão em Los Angeles e, certamente, com a premiação no Globo de Ouro, um votante mais incauto não deixará ar batido essa última oportunidade. Além de tudo, Fernanda continuará em evidência nos próximos dias, sendo convidada para inúmeros programas televisivos, no rastro da repercussão da estatueta conquistada no domingo.
Diferentemente do Globo, que conta com duas categorias para eleição de melhor atriz (atuação em dramas e em comédias/musicais), no Oscar a situação se afunila, aumentando o grau de dificuldade. A mesma Demi Moore – vitoriosa por “A Substância” – que fez discurso emocionante, protagonista de um “comeback” após cair no ostracismo, entraria no mesmo páreo de Fernanda. Também podem aparecer Mikey Madison (“Anora”) e Karla Sofía Gascón, (“Emilia Pérez”).
“Emilia Pérez” é, por enquanto, o grande concorrente de “Ainda Estou Aqui” por uma das vagas entre os filmes estrangeiros, favoritismo confirmado ao receber o Globo de melhor produção estrangeira e também de filme de comédia/musical. Mas como a Academia é mais suscetível a polêmicas, o longa francês pode “flopar” nos instantes finais, devido à reclamação dos latinos pela forma como são mostrados na trama. E, latino por latino, o brasileiro pode se dar bem nessa.
Reflexos para o cinema brasileiro
Os reflexos da conquista do Globo de Ouro por Fernanda Torres beneficiam todo o cinema brasileiro, que vem de um momento de instabilidade com a pandemia e com a falta de investimentos. “O Oscar é a mais gigantesca vitrine do cinema no mundo. Apesar de boa parte das produtoras e dos realizadores virarem a cara para o Oscar, é claro que (o prêmio) trará algo positivo”, afirma o crítico Luiz Joaquim, que também coordena o Cinema da Fundação em Recife.
“Uma coisa leva à outra. As pessoas irão querer ver outros filmes de Fernando Torres e de Walter Salles, assim como as obras do cinema brasileiro. A curiosidade mundial cresce naturalmente e é óbvio que só temos a ganhar. A premiação é maravilhosamente bem-vindo para o cinema brasileiro em todos os aspectos”, assinala Joaquim. Outro crítico, Ailton Monteiro, vai na mesma linha de pensamento.
“O prêmio tem um significado especial muito especial para o Brasil. Por sermos um país, de certa forma, invisibilizado nos Estados Unidos e na maior parte da Europa, por causa principalmente da língua portuguesa, nosso cinema só chega a um público maior nos países do hemisfério norte quando chama muita atenção. Ganhar um Globo de Ouro chama a atenção, inclusive dos votantes do Oscar”, analisa Monteiro, que assina o blog “Diário de um Cinéfilo”.