Eleições 2022

Camisetas contra o STF são vendidas para o 7 de Setembro em Brasília

Itens são vendidos até em frente à sede da PF. Bolsonaristas, que já enchem hotéis, pagam R$ 60 em camisetas. Itens são vendidos até em frente à sede da PF. Outdoors exibem frases como se convocassem soldados para guerra


Publicado em 26 de abril de 2024 | 19:34

Camisetas com frases contra o Poder Judiciário e até pedindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) são vendidas na área central de Brasília, visando principalmente os seguidores de Jair Bolsonaro (PL), que devem lotar a Esplanada dos Ministérios na quarta-feira, em apoio ao governo e a reeleição do presidente e contra instituições democráticas, em meio aos festejos do 7 de Setembro que marcam os 200 anos da Independência do Brasil.

Repórter do O TEMPO em Brasília circulou nesta segunda-feira (5) pelo Setor Hoteleiro Norte, onde já se hospedam bolsonaristas, vindos de todos os cantos do país, e encontrou ao menos cinco vendedores ambulantes com camisetas, bandeiras e bonés expostos à beira das pistas que dão o às hospedarias, aos restaurantes, shoppings e edifícios corporativos da região. Todos tinham itens com slogans contrários à democracia e instituições, como “Fora STF”.

Essas camisetas, muitas delas com desenhos de caveiras e armas de fogo, e as que exibem a imagem do presidente da República, são vendidas a R$ 60, enquanto as que têm apenas a bandeira do Brasil e outros símbolos custam R$ 50. Também há bandeiras com o rosto de Bolsonaro, do Brasil, de Israel e do Brasil-Império. Ainda, bonés, das mais diversas cores (menos vermelho) com “Bolsonaro 2022”.

Dois desses ambulantes expunham seus produtos no estacionamento em frente ao edifício-sede da Polícia Federal. Eles disseram que as camisetas com a imagem do presidente e as que contêm frases contra o STF são as mais procuradas e, por isso, custam mais caro. Já as bandeiras saem a partir de R$ 100, dependendo do modelo e do tamanho. Ambos declararam votar em Bolsonaro e esperar vender todo o estoque até o fim do 7 de Setembro.

Outdoors financiados por fazendeiros convocam população: “É agora ou nunca”

Quarta-feira, aa capital federal, haverá um desfile militar na Esplanada, a partir das 9h. Depois, o local será palco para uma manifestação da militância bolsonarista. O presidente da República tem sinalizado que irá ao ato político. Depois, seguirá para o Rio de Janeiro, onde deve ser recebido por motociata do Aterro do Flamengo até Copacabana, onde haverá outro ato com apoiadores. Apesar de não ter desfile, haverá um palanque montado em frente à praia.

Os hotéis da região central de Brasília, a menos de 1km da Esplanada, estão com 70% dos quartos reservados para o feriado do Dia da Independência, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih). E essa taxa deve chegar a 80% até quarta, aoinda de acordo com a entidade.

Outdoors espalhados à margem de ruas, avenidas e rodovias de Brasília reproduzem frases ditas por Bolsonaro durante convocações para os atos do 7 de Setembro. “É agora ou nunca” e “Brasileiros pelo Brasil”, são algumas das mensagens destacadas nos painéis, financiados por produtores rurais do DF. Nas redes sociais, o tom beligerante é o mesmo: “reagir”, “lutar” contra o STF e as “fraudes eleitorais”. 

Governo do DF espera 500 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios

Responsável pelo aparato de segurança nas manifestações de 7 de Setembro na Esplanada, o governo do Distrito Federal estima que o local pode receber 500 mil pessoas, somando-se o ato político e o público presente no desfile cívico-militar.

A Polícia Militar espera que o número total de pessoas seja semelhante ao do ano ado. Apesar de não estimar oficialmente o público em manifestações, a PM afirma, de forma extraoficial, que cerca de 400 mil pessoas estiveram na Esplanada em 2021, quando sequer houve desfile cívico-militar, mas bolsonaristas, convocados pelo presidente, participaram de atos a favor do governo dele e contra o Judiciário. Porém, os números não são unânimes dentro da corporação.

A PMDF organiza o maior aparato de segurança deslocado para uma manifestação na Esplanada. Por meio de grades e agentes, os os ao Congresso Nacional, ao STF e a prédios como o Palácio do Itamaraty e o Palácio da Justiça estão s ou totalmente bloqueados desde o fim de semana.

STF tem plano de segurança reforçado e prevê resgate de ministros

A equipe responsável pela segurança do STF desenhou vários cenários para os atos de 7 de Setembro. O setor espera estar preparado para diferentes situações, inclusive as que oferecem maiores riscos por parte de bolsonaristas

No último ano, manifestantes bolsonaristas ocuparam a Esplanada e tentaram invadir o prédio do STF com caminhões. Embora os veículos maiores estejam proibidos de entrar na via neste ano, o esquema de segurança visa proteger tanto o prédio da Suprema Corte quanto seus ministros.

Ataques a ministros é, inclusive, o pior cenário considerado pela segurança do STF, segundo o colunista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles. Com isso, há um plano de resgate dos magistrados que serão buscados por agentes de seguranças no local que estiverem e levados a um lugar seguro. Em 2021, plano semelhante foi traçado, com previsão de resgate por helicópteros, de acordo com o colunista Guilherme Amado, também do Metrópoles.

Para evitar qualquer tipo de ameaça, os ministros foram orientados a não divulgarem onde pretendem ar o 7 de Setembro. O único que sinalizou que deve permanecer em Brasília é o presidente do STF, ministro Luiz Fux. Normalmente, presidentes de instituições costumam permanecer na capital federal em momentos de maior tensão para apresentar reação, caso necessário.

Fux foi convidado a estar no mesmo palanque de Bolsonaro e de ministros de governo no desfile militar, na Esplanada, mas ainda não informou se irá comparecer. Caso vá, ele estará à visão do público presente, formado, majoritariamente, por apoiadores bolsonaristas – justamente a militância do presidente da República que costuma exibir críticas e ataques ao STF e aos ministros.

Bolsonaro faz convocações diárias e diz que não há nada antidemocrático

Na manhã desta segunda, Bolsonaro levou apoiadores para dentro do Palácio da Alvorada – residência oficial do presidente em Brasília – e os convidou para os atos do 7 de Setembro

Depois de participar do desfile em Brasília, Bolsonaro seguirá para o Rio de Janeiro, onde deve ser recebido por uma motociata do Aterro do Flamengo até Copacabana, onde haverá outro ato com apoiadores. Apesar de não ter desfile, haverá um palanque montado em frente à praia com a presença de militares. Na última quinta-feira (1º), o mandatário declarou não se tratar de um “ato antidemocrático”.

Ele fez a declaração durante a sua live semanal. “Isso não é ato antidemocrático. Se alguém for querer acusar de ato antidemocrático, eu quero pagar para fazer parte do processo depois por ato antidemocráticos, para deixar bem claro, tá certo? (sic) Ficam fazendo covardias com pessoas inocentes por aí”.

A referência foi à investigação aberta pelo STF e pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE) sobre financiamento das manifestações, consideradas antidemocráticas, durante o 7 de Setembro de 2021. Na ocasião, Bolsonaro convocou a militância para manifestações ao redor do Brasil e endossou cartazes e faixas contra instituições.

Desfile na Esplanada vai custar R$ 3,3 milhões, três vezes mais do gasto em 2019

O governo federal vai gastar cerca de R$ 3,3 milhões com o desfile de 7 de Setembro em Brasília

O valor destinado aos festejos na Esplanada neste ano é mais de três vezes o gasto em 2019, o último antes das restrições impostas por causa da pandemia. Naquele ano, o governo destinou R$ 971 mil, sendo a última vez que a solenidade oficial ocorreu na capital.

As informações sobre os custos são do Ministério das Comunicações, que tem dedicado especial atenção às comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil. Em função da data, o governo federal chegou a pedir ao governo de Portugal a transferência temporária do coração embalsamado de D. Pedro I, que foi recebido em Brasília com honras de chefe de Estado e está exposto no Palácio Itamaraty.

Ocupantes de cargos de confiança estão em listas para ocupar assentos VIPs

As arquibancadas montadas à margem de uma das duas vias que levam à Praça dos Três Poderes terão capacidade para 20 mil pessoas. Haverá ainda espaço para outras 10 mil pessoas circularem ao longo de três quilômetros de pista por onde o desfile vai ar.

Haverá uma triagem para as arquibancadas. Servidores que ocupam cargos de confiança nos ministérios estão preenchendo uma lista eletrônica para ter o a vagas consideradas VIPs, por causa da proximidade das autoridades. Cada um pode indicar até dez nomes, que depois arão pelo crivo da Presidência da República.

O TEMPO agora está em Brasília. e a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes