Inovação

Nióbio: motos elétricas utilizarão material de baterias produzido em Araxá

Gerente do programa de baterias da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) detalhou projeto em entrevista à Rádio Super 91,7 FM

Por O Tempo
Publicado em 26 de maio de 2022 | 09:32

Hoje, em cinco minutos o motociclista desce da moto no posto de combustível, abastece e dá partida. Já para recarregar uma moto elétrica, ele pode demorar três horas para alcançar metade da carga. É um cenário que pode mudar em breve, com baterias de recarga ultrarrápida com nióbio que já estão sendo testadas no Brasil. Após anunciar uma planta de produção de motos elétricas em Manaus, a montadora chinesa Horwin firmou uma parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que produz material para baterias com nióbio em Araxá, no Centro-Oeste de Minas, e pretende entregar motocicletas elétricas recarregáveis em até dez minutos. 

O gerente do programa de baterias da CBMM, Rogério Marques Ribas, detalhou os planos de fabricação no programa Alerta Super, da Rádio Super 91,7 FM, com Ricardo Sapia, nessa quarta-feira (25). “Fechamos uma parceria com a Horwin e estamos construindo, junto com eles, duas motocicletas de demonstração, utilizando tecnologia do nosso parcerio do Japão, a Toshiba, que utiliza o nióbio. A Horwin já anunciou publicamente que, tudo correndo bem, ela quer usar essas baterias em sua linha de produção em Manaus”, detalhou. 

Confira o áudio completo ou assista à entrevista:

 

O protótipo do projeto deve ser apresentado ainda neste ano e utilizará a motocileta do modelo CR6 da Horwin, com 6.200W de potência de motor e até 150 km de autonomia. A bateria utilizada é resultado de três anos de pesquisa e desenvolvimento da parceria entre a CBMM e a Toshiba.

Além da parceria com a Horwin, a CBMM, líder mundial no fornecimento de produtos de nióbio, também adquiriu 13% da empresa britânica Echion Technologies, originada da Universidade de Cambridge, que desenvolve materiais para baterias de nova geração. Neste mês, a Echion se tornou oficialmente fornecedora de materiais para a norueguesa Morrow Batteries, que produz baterias com aportes da Siemens e da ABB. “As primeiras dez toneladas de materiais que estamos enviando para a Morrow e para a Echion estão sendo produzidas nessa planta de materiais para baterias em Araxá”, pontua Ribas, da CBMM. 

Para o que serve o nióbio? Ele substitui o lítio?

O nióbio não substitui o lítio nas baterias de veículos elétricos e outros eletrônicos, mas serve como um potencializador para as baterias. “95% das tecnologias no seu smartphone, no computador e no carro elétrico são de baterias de lítio. O nióbio modifica uma bateria de lítio, não a substitui. Modificamos um dos componentes da bateria e isso traz algumas propriedades interessantes a ela, como capacidade de recarga rápida, segurança e possibilidade de operar em uma maior janela de temperatura, como nas temperaturas negativas na Europa”, explica o gerente do programa de baterias da CBMM, Rogério Marques Ribas. 

Além da comodidade da recarga ultrarrápida, a durabilidade conferida às baterias com nióbio é importante para veículos robustos, como ônibus e navios elétricos. “Com uma bateria tradicional, estamos falando de uma durabilidade de cinco, seis anos, no melhor dos casos. Mas, aqui, falamos de uma bateria que durará 15 anos. Se você pensar em uma aplicação em trens ou navios elétricos, ou em ônibus e caminhões elétricos, a vida do ativo precisa ir até 20, 30 anos, no caso do navio, então ter uma bateria que dure é super importante. Se ela acabar antes, a troca se traduz em custo adicional”, detalha Marques.