A paralisação de siderúrgicas em Sete Lagoas e região reúne pelo menos 18 empresas nesta terça-feira (03/06). A produção está suspensa entre as 6h e as 18h como forma de protesto pelas condições do mercado de aço e ferro no Brasil.
A paralisação interromperá a produção de cerca de 2.500 toneladas de ferro gusa (matéria-prima do aço), segundo um dos participantes do movimento, o empresário Willian Reis. O volume é avaliado em R$ 5 milhões. “A adesão está muito grande. Estamos mantendo contatos e temos algumas reuniões marcadas com fornecedores para ver se conseguimos alguns reajustes dos produtos”, afirma.
Nesta terça, os funcionários foram convocados às empresas, mas dedicam-se a limpeza e manutenção de equipamentos, em vez de trabalharem na produção. Em uma das empresas, a projeção é abrir mão de cerca de US$ 60 mil (cerca de R$ 341,6 mil), segundo o gerente istrativo Jesséler Londe. “Nossa capacidade de produção é de 300 toneladas por dia. Com a paralisação, deixamos de produzir metade disso. Há cerca de 150 funcionários realizando outras tarefas neste período, como alguma adequação de área e limpeza, e a produção está parada”, detalha ele.
O setor aponta que o atual patamar de preço do produto é baixo — cerca de US$ 400 (R$ 2.277) por tonelada. O valor é pressionado pela alta de importações de aço no Brasil, que aumentaram 27,5% nos primeiros quatro meses de 2025, em comparação ao ano anterior, de acordo com o Instituto Aço Brasil. Especialmente o aço comprado da China tem preços menores, devido a subsídios do governo asiático, o que pressiona para baixo os valores e a produção da indústria brasileira.
O setor cobra mais ações do governo federal, como aumento da taxação de aço importado e incentivos fiscais, e também reclama de outras medidas macroeconômicas, como o contínuo aumento da taxa de juros e a atual polêmica do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ao mesmo tempo, participantes do movimento afirmam que a ideia da paralisação é chamar atenção de fornecedores e compradores às dificuldades da siderurgia. “Temos que mudar alguma coisa em relação ao preço e à retomada de pedidos. A realidade preocupa”, conclui o empresário Willian Reis.