Enquanto percorrem os principais blocos do Carnaval de Belo Horizonte, os repórteres de O TEMPO estão atentos aos pontos positivos e negativos da realização da festa ao longo do feriadão, entre os dias 1º e 4 de março. Neste domingo (2), mais uma vez, os foliões apontaram os banheiros químicos como o grande problema - seja por ser um número insuficiente para atender a uma multidão, seja pela falta de limpeza. O problema é ainda maior para as mulheres, que reclamam da falta de equipamentos voltados para o público feminino.

Por outro lado, o público também apontou pontos bastante positivos e um deles é a segurança durante a festa - mesmo com o grande volume de pessoas nas ruas. Muitos turistas que conversaram com nossa equipe se mostraram satisfeitos com a segurança e o policiamento. 

“Me senti muito segura. Não ei por nenhuma situação de assédio ou algo do tipo, que é algo que nós mulheres sofremos muito. Mas se eu asse também, me sentiria amparada”, disse a servidora pública Melissa Andrade Silva Pimenta, de 42 anos, que saiu com as amigas de Brasília para acompanhar o Carnaval de Belo Horizonte. 

A segurança foi destacada também por quem se divertiu no bloco É o Amô. A secretária Regina Silva, 60 anos, e a pedagoga aposentada Tereza Cristina Bernardes, 66 anos, elogiaram a estrutura e a organização do evento, que tem policiais posicionados entre a multidão. “Está seguro para pessoas de todas as idades participarem, inclusive para nós, idosas. Está ótimo para todos curtirem com moderação”, destacou 

A psicóloga Olívia Alcântara, de 24 anos, também destacou a segurança e afirmou que o desfile foi inclusivo e propício para as mulheres. “Está bem tranquilo para todos se divertirem. O policiamento nos deixa mais seguras”, pontuou.

As imediações da praça da Liberdade estavam muito bem policiadas, com militares fazendo patrulha a pé, e uma unidade móvel da Polícia Militar na avenida Brasil. Ainda assim, foliões notam a prática de crimes, principalmente furto e roubo de celulares. "Eu já vi. Aqui não, mas em outros blocos, roubo de celular. Aí a polícia não consegue correr atrás", conta a ambulante Maria Angélica, 55, que estava trabalhando na praça da Liberdade na tarde deste domingo (2). 

Mesmo que a segurança seja um ponto alto até o momento no Carnaval, a situação não foi tranquila para os foliões do Baianeiros, no bairro Castelo, neste domingo. O clima de festa deu espaço para minutos de tensão no desfile do bloco. Em um intervalo de cinco minutos, ocorreram duas brigas generalizadas. Na primeira delas, a Polícia Militar (PM) chegou a intervir com o uso de gás de pimenta. Alguns foliões aram mal e precisaram ser amparados.

Para a major Layla Brunnela, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, o Carnaval 2025 na capital mineira tem se destacado pela segurança.

“Estamos mantendo redução tanto no furto quanto no roubo do celulares, assim como no assédio sexual. Isso se deve à presença maciça da Polícia Militar de Minas Gerais em todo o estado, além da consciência do cidadão, que tem tomado medidas de autoproteção e tem entendido que não deve ultraar o limite das mulheres. Nós também contamos com reconhecimento facial. Na região metropolitana foram quase 30 presos no sábado, todos com mandados de prisão em abertos, a maioria por crimes muito graves”, afirmou a major. 

Além da segurança e dos banheiros públicos, a equipe de O TEMPO conversou com foliões sobre outros serviços durante o Carnaval. confira:

Mobilidade

Na região Centro-Sul, muitas pessoas preferiram fazer grandes percursos a pé, devido à dificuldade de conseguir corridas de transporte por aplicativo ou transporte público. Nas outras regiões, foi tranquilo conseguir corridas de aplicativo por preços parecidos com dias normais. 

Muitos foliões que estavam no Centro de Belo Horizonte optaram por usar o metrô para escapar do trânsito, e dos altos preços das corridas por aplicativo, na volta para casa. 

É o caso da pedagoga Maria Eduarda Souza, 25 anos, moradora do Camargos. Ela conta que pegou carona com amigos para chegar ao bloco do Lagum. Na volta, como ela estava no Centro acompanhando o Angola Janga, optou por pegar o metrô na estação Central.  

"Os preços estão absurdos. Uma corrida do Centro para minha casa geralmente custa pouco mais de R$ 20 e, por conta do Carnaval, está quase R$ 80. Hoje veio de O metrô está tranquilo de andar, o segredo é fugir dos horários de pico", diz.

Sonorização

Muitos foliões elogiaram a sonorização dos blocos, especialmente na região central de Belo Horizonte. Os elogios foram para os blocos maiores, como Beiço do Wando, como para os pequenos, como o Angola Janga. 

Muitos conseguiram ficar ao lado do bloco e puderam escutar o que era tocado e cantado no bloco afro. 

Os foliões que vieram atrás, e acompanharam o bloco um pouco mais de longe, também não tinham do que se queixar. 

Uma delas é a estudante de medicina Andressa Cristina, 45 anos, que acompanhava o bloco de longe por conta da mobilidade reduzida da mãe, que é cadeirante. Para ela, não havia dificuldade de entender as músicas. "O som está ótimo, dá para escutar tudo perfeitamente", elogiou.

Limpeza

O cenário encontrado pela equipe em diversas partes do Centro de Belo Horizonte foi de ambiente limpo logo após as agens dos blocos. Tanto os catadores de recicláveis quanto os trabalhadores da SLU garantiram que a limpeza fosse feita rapidamente. 

A mesma realidade não foi vista na periferia. Enquanto em outros blocos havia profissionais da limpeza urbana da PBH atrás dos foliões realizando a limpeza do lixo deixado, no bloco Baile da Serra, no Aglomerado da Serra, isso não ocorreu, e uma quantidade significativa de lixo ficou no caminho do trio elétrico.


(Com informações de Jonatas Pacheco, Maria Irenilda, Maria Clara Lacerda, Simon Nascimento, Rodrigo Oliveira, Rômulo Almeida, Gabriel Rezende, Salma Freua, Mateus Pena, Bruno Daniel)