GESTÃO DE PESSOAS

O poder da escuta no ambiente de trabalho

"É papel do líder promover um ambiente em que todos possam expressar suas contribuições e extrair o melhor de cada um", destaca a especialista em gestão de pessoas Graziela Alves

Por Queila Ariadne
Publicado em 20 de maio de 2024 | 06:00

“Eu costumo comparar um líder a um maestro. Ele está de costas para o público, de frente para a orquestra, observando cada músico. Assim, tem condições de estimular a melhor resposta de cada um”. É assim que a especialista em gestão de pessoas Graziela Alves avalia o papel de uma liderança.

“Antes, o líder era visto como aquele que era servido, onipotente. Agora, precisa desvestir a fantasia daquele que sabe tudo e assumir uma postura humilde, deixando que os talentos apareçam e expressem suas opiniões”, destaca Graziela, diretora da consultoria de comportamento organizacional Fidhem.

Segundo ela, escuta é uma das ferramentas mais importantes para potencializar resultados. “O líder precisa ouvir, ver o que está faltando e servir os colaboradores com informações das quais elas precisam para garantir que o trabalho tenha fluidez.

Com 23 anos de experiência em gestão de pessoas, a psicóloga destaca ainda a importância de treinamentos com foco em recursos humanos estratégicos. Veja a entrevista completa com a especialista


O que mudou ao longo dos anos no mercado de trabalho e como isso influencia o desenvolvimento dos profissionais?

A maneira como o indivíduo se relaciona com o mundo do trabalho mudou e vai continuar mudando. Então, vamos analisar alguns extratos geracionais. Os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) viviam num cenário de pós-guerra, com baixíssimo avanço tecnológico. Era uma rotina praticamente de casa para o trabalho e do trabalho para a casa. Do ponto de vista econômico, a instabilidade e a insegurança eram altas. Por isso, a palavra “estabilidade” fazia tanto sentido. As pessoas eram gratas pelo provento. Nesse contexto, a carteira assinada era um sonho que garantia conforto. A partir do momento em que a globalização se expandiu, a relação entre oferta e procura de emprego mudou. 

Quando começou essa transição do modo de perceber as relações de trabalho?

Nos anos 1980, as pessoas pensavam na subsistência. Eram tempos de inflação severa e de muita imprevisibilidade. Então, diante da necessidade de manter aquele trabalho, não era comum manifestar insatisfações em relação aos empregadores. Nos anos 1990, com o boom da globalização, as multinacionais se tornaram um lugar dos sonhos para se trabalhar. Aí veio o Plano Real, com ampliação da possibilidade de renda e um boom de produtividade. Nessa época, a figura do workaholic ganhou projeção. Era bem-visto trabalhar demais, ser bem-sucedido materialmente e viver estressado. Dos anos 2000 para cá, veio o boom tecnológico. Hoje, a pessoa pede demissão do trabalho presencial e pode trabalhar remotamente, sem sair do quarto dela. Você deve conhece pelo menos meia dúzia de pessoas que vivem assim. A internet veio quebrar essas barreiras e reduziu a relação de dependência do trabalhador com o mundo empregado.


O que acontece quando essas gerações se encontram no mesmo ambiente de trabalho? E o que as lideranças devem fazer para conciliar essas diferenças?

A gente vive um momento de exercitar pontos de vista. Não dá para apontar o dedo para a geração mais velha ou para a mais nova. O papel do líder é promover um ambiente em que todos possam expressar suas contribuições e extrair o melhor de cada um, conciliando o senso crítico e o conservadorismo de uns com o pensamento mais ágil e tecnológico de outros.

Como é possível alcançar esse equilíbrio entre as individualidades e potencializar os resultados da empresa?

Uma boa liderança precisa se desvestir de qualquer tipo de preconceito com gerações. Ela é uma a de conflitos. Então, tem que montar uma equipe com um arranjo diverso e complementar. 

Você está há mais de 20 anos nesse mercado e, hoje, está à frente da consultoria Fidhem. Que tipo serviço a sua empresa oferece?

 A Fidhem, que significa “credibilidade” em latim, é uma empresa certificada pelo Instituto BVC para aplicar o Diagnóstico de Cultura Organizacional Modelo Barrett. É um software de amostragem que, por meio de recortes de cargos e setores, aplica um questionário online para traçar a cultura organizacional da empresa e, a partir do resultado, indica soluções. A ideia é mostrar a entropia, um conceito que a gente pega emprestado da física, que mostra se a energia está dispersa ou congruente. Por exemplo, se existe uma dispersão dessa energia na empresa, isso pode se refletir nos negócios, pode gerar, inclusive, uma alta rotatividade de empregados. Esse diagnóstico é muito importante para identificar onde há mais prejuízos. É uma ferramenta digital fácil de aplicar.

Como funciona?

O questionário é montado de acordo com as especificidades de cada empresa. É como um check-up. A gente faz o levantamento e, a partir do diagnóstico, monta o tratamento para a empresa, com mentorias, treinamento, orientação para planos de cargos e salários, enfim, recomendações para que o RH se torne mais abrangente e estratégico. 

Que tipos de treinamentos a Fidhem oferece?

São treinamentos para lideranças, que provocam os participantes a serem mais estratégicos. Nos dias 23 e 24 de maio, vamos o oferecer o curso formação generalista em RH 2024. Ele é voltado para profissionais de recursos humanos que queiram conhecer o RH de A a Z, em todos os seus subsistemas.

Inscrições abertas

Curso: Formação generalista em RH 2024
Data: Quinta-feira (23) e sexta-feira (24)
Horário: as 8h às 17h30
Local: Centro de Inovação e Espaço de Eventos Unimed-BH
Inscrições: pelo WhatsApp (31) 99633-9530
Mais informações no Instagram: @fidhem