FAKE MONSTER

Disque Denúncia levou polícia a homem que planejou atentado no show de Lady Gaga

A investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou que os envolvidos estavam promovendo um "desafio coletivo" em redes sociais

Por João Pedro Pitombo / Folhapress
Atualizado em 04 de maio de 2025 | 16:18

Uma operação conjunta da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Ministério da Justiça e Segurança Pública identificou um plano de ataque à bomba no show da Lady Gaga, que aconteceu na noite deste sábado (3) na praia de Copacabana.

A operação "Fake Monster" investigou grupo que disseminava discurso de ódio nas redes sociais e preparava um plano de ataque contra crianças, adolescentes e público LGBTQIA+.

Um homem apontado líder do grupo foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo no Rio Grande do Sul e um adolescente foi apreendido por armazenamento de pornografia infantil no Rio.

A investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou que os envolvidos estavam promovendo um "desafio coletivo" em redes sociais e recrutando adolescentes para promover ataques com explosivos improvisados em mochilas e coquetéis molotov durante o show de Lady Gaga no Rio.

Os desafios são encarados como uma forma de pertencimento entre os jovens destes grupos e também visam obter notoriedade nas redes sociais.

Os alvos da operação atuavam em plataformas digitais, onde promoviam ações de radicalização de adolescentes, incluindo a disseminação de crimes de ódio, automutilação, pedofilia e a publicação conteúdos violentos.

Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão contra nove pessoas nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias e Macaé, no Rio; Cotia, São Vicente e Vargem Grande Paulista, em São Paulo; São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul; e Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso.

Foram apreendidos pela polícia dispositivos eletrônicos e outros materiais que serão analisados para robustecer as investigações.

O objetivo da operação foi neutralizar as condutas digitais que tinham potencial risco ao público do evento. Conforme a Polícia Civil, o trabalho foi executado com discrição e precisão, evitando pânico ou distorção das informações junto à população.

A reportagem teve o a um documento da investigação que aponta que os ataques seriam coordenados por um grupo que atua no Discord. A plataforma foi procurada pela reportagem, que aguarda um posicionamento sobre o caso.

A operação foi fundamentada em um relatório técnico produzido pelo Ciberlab (Laboratório de Operações Cibernéticas) do Ministério da Justiça, após um alerta da subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que identificou células digitais que induziam jovens a condutas violentas por meio de linguagens cifradas e desafios com simbologia extremista.

O alerta para ataque foi feito por meio do Disque Denúncia, entidade não governamental que recebe informações de forma anônima no número (21) 2253-1177.

O trabalho de inteligência também envolveu o CIVITAS (Central de Inteligência, Vigilância e Tecnologia em Apoio à Segurança Pública) da Prefeitura do Rio, que recebeu a informações sobre o ataque e enviou um relatório de inteligência à rede de segurança do Governo Federal.

Como desdobramento da operação, os agentes da Polícia Civil também cumpriram neste sábado um mandado de busca e apreensão em Macaé contra uma pessoa que também planejava ataques. Ele ameaçava matar uma criança ao vivo, e responde por terrorismo e por induzir crimes.