PORTO ALEGRE (RS). Há menos de um ano morando em Porto Alegre, faltam palavras para o mineiro Igor Nascimento Leão, de 24 anos, explicar o que aconteceu no hostel em que morava com a mulher no bairro Floresta e que ficou coberto de água no último dia 4. Para continuar seguindo em frente, o jovem se agarra à gratidão aos que têm o ajudado e à vontade de acreditar que, neste momento, “o que importa é ter saúde”.
Ele conta que cresceu no bairro São Marcos, na região Noroeste de Belo Horizonte, e diz que morou em vários lugares de Minas, mas nunca viu nada parecido com o que viveu nas últimas semanas. A mudança para a capital do Rio Grande do Sul ocorreu em julho do ano ado. O casal escolheu a cidade para chamar de lar após conhecer o local e gostar das pessoas.
Na época, Igor conseguiu um trabalho terceirizado na prefeitura, como pesquisador de mobilidade urbana. O contrato de trabalho acabou no último dia 30 e, depois, teve que enfrentar a chuva. O local onde residia, um hostel, foi parcialmente alagado e sem condição de moradia. Ele e o proprietário do prédio começaram a acompanhar os fortes temporais ainda na sexta-feira (3), de onde viram a rua começar a encher de água.
Na madrugada de sábado (4), ele e a mulher foram acordados com a água entrando pelo hall do lugar. De lá em diante, a vida virou uma peregrinação. “Quando deu 12h a água começou a invadir a recepção de verdade. Aí, minha esposa começou a ficar chateada, ficar assustada, ando mal por causa da enchente”.
“Daí a gente resolveu sair, a gente foi pra casa de uns amigos no Centro. De lá, na segunda-feira, a gente voltou aqui pra pegar mais roupas, mas já estava com ordem de evacuação na região porque a água estava subindo, desligaram a energia, fecharam a água da região também”, completou.
Diante da impossibilidade de buscar os itens pessoais, o casal se abrigou na casa do chefe da mulher e, depois, com a ajuda financeira da empresa, conseguiu alugar um quarto de Airbnb. Já o pai de Igor, que mora em Minas Gerais, tem ajudado com dinheiro para custear a alimentação. O mineiro não esconde a gratidão ao pai e à empresa da mulher.
“Esses dias que eu fiquei sem vir aqui e já tinha melhorado, mas agora eu voltei e, nossa, eu fiquei muito chateado. É um misto de emoções muito grande porque é triste, sabe? A gente toma carinho pelo lugar, pelas pessoas, a gente tem amizade. Agora, ver tudo nessa situação é muito triste. Não sei explicar muito bem, mas eu fiquei bem chateado de voltar e ver assim. Está todo mundo sofrendo, está ruim pra todo mundo. O importante é ter saúde no momento, porém, eu não sei mais o que falar”, disse à reportagem.