MOBILIDADE URBANA

Aliança ZEBRA acelera transição para ônibus elétricos no Brasil; BH terá 100 até o fim de 2025 2c81s

Iniciativa internacional criada em 2019 ajuda o país a impulsionar o crescimento da frota de ônibus elétricos nas capitais; Brasil já possui a terceira maior da América Latina 6b3s2b

Por Igor Veiga
Publicado em 16 de maio de 2025 | 06:00
 
 
Em BH, testes com ônibus elétricos estão sendo realizados desde 2023 Foto: Divulgação / BYD

O Brasil avança na eletrificação do transporte público com apoio da Aliança ZEBRA (Zero Emission Bus Rapid-deployment Accelerator), iniciativa lançada em 2019 pela rede global C40 Cities e pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT). O objetivo é acelerar a adoção de ônibus de emissão zero nas principais cidades da América Latina.

O governo federal anunciou em 2024 um investimento de R$ 10,6 bilhões por meio do Novo PAC Seleções para a aquisição de 2.529 ônibus elétricos. Parte desses recursos foi inclusive destinado a Belo Horizonte, que incorporará 100 veículos elétricos à frota até o fim de 2025.

O papel de BH na transição elétrica 3na6k

A capital mineira integra o Plano de Mobilidade Limpa, que prevê a substituição de 40% da frota atual por veículos movidos a energia limpa até 2030. Para isso, foram destinados R$ 317 milhões do PAC para a compra de ônibus e instalação de infraestrutura de recarga.

Segundo Eduardo Siqueira, gerente de projeto do C40 Cities, "Belo Horizonte está estruturando muito bem seu projeto. Os testes são sólidos, com parcerias estratégicas e produção de relatórios para a compra dos ônibus", afirma.

Os primeiros testes na capital começaram em outubro de 2023 com ônibus elétricos da BYD. Em 2024, novas etapas envolveram mais quatro fabricantes: Ankai Brasil, Volvo, Marcopolo, além da própria BYD.

Brasil é mercado estratégico 6w1c19

A Aliança ZEBRA visa acelerar a transição para ônibus elétricos por meio de parcerias entre prefeituras, fabricantes, operadores e financiadores.

A C40 Cities reúne quase 100 prefeitos globais em ações climáticas, enquanto o ICCT apoia políticas de transporte com base científica.

"O Brasil precisa entrar no circuito da eletromobilidade, ou vamos ficar para trás. É um mercado estratégico, e o apoio do governo é essencial", destaca Marcel Martin, diretor-geral do ICCT Brasil.

Desafios e vantagens da eletrificação 254f2g

Apesar dos altos custos de aquisição — de duas a três vezes maiores que os modelos a diesel —, os ônibus elétricos têm operações mais baratas que os ônibus convencionais.

Os elétricos têm menos de 60% a 70% menos peças, demandam menos manutenção e o custo da energia é competitivo em relação ao diesel, garantem os especialistas.

"O custo de operação é muito inferior. O investimento se paga em 4 a 5 anos, e os veículos operam por cerca de 15 anos", afirma Martin.

Para Eduardo Siqueira, o cenário tributário no Brasil ainda pesa: "O mesmo veículo importado da China chega a custar 50% mais no Brasil que em outros países da América Latina", revela.

Tarifas não devem subir 476j6q

Sobre o impacto da modernização no preço das tarifas, Marcel Martin garante: "De forma alguma. O custo operacional mais baixo permitirá manter os preços atuais", aposta o diretor do ICCT no Brasil.

Desafios: infraestrutura e capacitação h2h4z

A implantação das frotas de ônibus elétricos no país exigirá reestruturação de garagens, instalação de carregadores e adaptação de rotinas.

"O ideal é criar recargas de oportunidade durante o dia, como nos BRTs com pantógrafos, já usados na China", explica Martin. Os pantógrafos permitem recargas rápidas dos ônibus em estações como mostra a foto abaixo.

Para apoiar as cidades, o C40 e a Frente Nacional de Prefeitos estão promovendo ciclos de capacitação técnica. "Belo Horizonte tem potencial para ser referência", completa Siqueira.

O cenário brasileiro e latino-americano 5b576

Atualmente, o Brasil soma 1.059 ônibus elétricos em circulação no transporte coletivo, terceiro maior número da América Latina, atrás de Chile (2.659) e Colômbia (1.590), segundo a plataforma E-Bus Radar, mantido pela ZEBRA.

Desde 2017, a frota elétrica latino-americana cresceu 806%, saltando de 725 para 6.725 veículos. A redução de emissões de CO2 também é expressiva: de 81 mil toneladas em 2017 para quase 7 milhões de toneladas evitadas em 2025.

"A eletrificação dos ônibus é um caminho sem volta. As prefeituras são as detentoras das concessões e podem definir o futuro do transporte urbano", conclui Martin.

Conforto e aprovação dos usuários g4i1

Segundo os executivos da ZEBRA, as primeiras pesquisas na América Latina comprovam o retorno da população em relação à modernização das frotas do transporte público.

"Os usuários preferem os elétricos pelo conforto, silêncio e ausência de trepidação", conta Siqueira. Em Santiago (Chile), por exemplo, os ageiros já esperam mais tempo nos pontos só para pegar ônibus elétricos em vez dos convencionais.

Em São Paulo, 789 veículos elétricos já estão em circulação (incluindo trólebus), evitando a emissão de 676 mil toneladas de CO2. A cidade é uma das líderes globais em transição energética urbana.

Entre os fabricantes, a chinesa BYD lidera com 2.678 veículos em operação na América Latina. No Brasil, a fabricante nacional Eletra domina o mercado, com 691 ônibus elétricos.