Informação que circula nos bastidores petistas dão conta de que a aliança entre Marília Campos e o deputado federal Reginaldo Lopes na disputa pelo comando do Partido dos Trabalhadores em Minas só foi consolidada após a prefeita de Contagem ter certeza de que o grupo do parlamentar desistiria de lançar a candidatura de reeleição do atual presidente, deputado estadual Cristiano Silveira.
Marília só teria decidido entrar de vez no barco capitaneado por Lopes após o grupo oficializar a desistência de Silveira e o apoio à candidatura da deputada federal Dandara Tonantzin, feito na sexta-feira (9), último dia de inscrições das chapas para eleição interna do PT, prevista para 6 de julho.
“Vão-se os anéis, ficam os dedos”. De acordo com lideranças petistas, o ditado popular resumiria bem a situação do grupo liderado por Lopes. O argumento oficial apresentado para explicar a desistência de Silveira é que Dandara seria uma forma de garantir uma “transição geracional” no partido em Minas. Contudo, para adversários, agregar apoios é a alternativa que o atual comando do PT tem para enfrentar os concorrentes, sobretudo a ala que lançou a candidatura da vice-presidente da Assembleia Legislativa, a deputada Leninha, que conta com o apoio majoritário da CNB, seu grupo dentro do PT, e de lideranças como o ex-prefeito de Belo Horizonte e deputado federal, Patrus Ananias, a ministra de Direitos Humanos, Macaé Evaristo, o deputado federal Rogério Correia e os deputados estaduais Beatriz Cerqueira e Leleco Pimentel, que chegou inclusive a ensaiar uma candidatura própria, entre outros.
Curiosamente, também estará ao lado de Leninha a vereadora de Contagem Adriana Souza, que é líder de Marília na Câmara Municipal e possível pré-candidata à sucessão da prefeita em 2028, mas que vai estar em lado contrário na disputa interna da legenda.
Dandara e o grupo de Lopes, por sua vez, terão o apoio também da Tribo, corrente liderada pelo deputado federal Miguel Ângelo, que tem bastante força de mobilização entre os filiados petistas, e parlamentares como os deputados estaduais Marquinhos Lemos e Luizinho, que estiveram ao lado da deputada federal para oficializar sua candidatura à imprensa.
A prefeita de Contagem e o atual presidente do partido em Minas acumularam divergências nos últimos anos. Marília questionou, em diversas ocasiões, o pouco apoio e reconhecimento que seu governo – “na maior cidade governada pelo PT no Brasil” – teria junto à direção da legenda. Ela também teria reclamado de uma ausência do presidente estadual em sua campanha à reeleição, em 2024.
Silveira, por sua vez, tem demonstrado discordância de posições que a gestão Marília teria adotado em relação ao governo de Romeu Zema (Novo). O parlamentar é um dos líderes da oposição na Assembleia Legislativa e muitas vezes divergiu da prefeita em relação às estratégias do partido. Em setembro de 2023, por exemplo, o economista José Prata, marido e um dos principais elaboradores políticos da petista, disse, em encontro da legenda, que “o PT mineiro errava na oposição” ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), principal bandeira de Zema na época para resolver a questão fiscal de Minas Gerais. Por causa disso, acabou recebendo respostas públicas do presidente estadual do PT.
O deputado estadual Ricardo Campos, que até o início da disputa interna do PT era o parlamentar com maior presença no diretório de Contagem, com o respaldo de Marília e Miguel Ângelo, também vai para a disputa pelo comando do partido. Ele terá como principal padrinho o ex-deputado Virgílio Guimarães. Outras duas candidaturas, de Esdras Juvenal e Juanito Vieira, também estão inscritas.