Apesar da promessa do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), de atuar para extinguir as saídas temporárias dos detentos, a lei que prevê mudanças nas regras das famosas “saidinhas” ainda depende de relatório em comissões, antes de seguir para Plenário. O projeto de lei chegou ao Senado Federal em agosto de 2022 e, aguarda votação na Comissão de Segurança Pública (CSP) desde outubro, com parecer favorável à aprovação do relator, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O texto ainda precisa ar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser apreciado e votado em Plenário.
O Projeto de Lei n° 2253/2022 foi aprovado na Câmara dos Deputados em agosto de 2022, por 311 votos favoráveis e 98 contrários. De autoria do deputado federal Capitão Derrite (PL-SP), o texto é uma reformulação de um projeto de lei de 2013, enviado à Casa pelo Senado Federal. Inicialmente, o PL 6579/13 previa apenas a limitação das saídas, mas o substitutivo aprovado pelos deputados pretende abolir completamente esse benefício, entre outras medidas.
O Projeto de Lei n° 31, de 2018, de autoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI), também se encontra na Comissão de Segurança Pública (CSP) e tem objetivo de extinguir as saídas temporárias. O texto está, desde agosto de 2023, com o relator, Senador Hamilton Mourão (Republicanos - RS). Caso seja aprovado nas comissões e no plenário do Senado, o texto ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados antes de seguir para a sanção do presidente. Proposta inicialmente em 2018, a lei havia sido arquivada em dezembro de 2022 e voltou a tramitar em março de 2023.
Também está parado da Comissão de Segurança Pública (CSP), desde março de 2023, um projeto de lei de autoria da senadora Damares Alves (Republicanos - DF) que prevê o agravamento da pena quando o crime é cometido durante a saída temporária, liberdade condicional, prisão domiciliar ou em situação de fugitivo. O Projeto de Lei n° 476, de 2023, precisa ser aprovado nas comissões e plenário do Senado antes de ser apreciado na Câmara dos Deputados e mandado para sanção presidencial.
O debate sobre a mudança nas regras das saídas temporárias foi intensificado após a morte do sargento da Polícia Militar de Minas Gerais Roger Dias da Cunha, 29 anos. O jovem suspeito de balear Dias tinha um mandado de prisão em aberto após descumprir o prazo da saída temporária para retornar ao Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, onde estava detido.
Após as saídas autorizadas para as festas de fim de ano, cerca de 118 presos não retornaram aos presídios, e a Polícia Militar deflagrou uma operação e já conseguiu recuperar 70 foragidos no estado. Ainda conforme o chefe de operação da PM, coronel Flávio Godinho, dos 48 foragidos que ainda não foram localizados, cinco são de maior periculosidade.
Após pressão popular e críticas de diversos políticos pela morosidade na tramitação da lei que modifica as regras da “saidinha”, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) prometeu, nesta segunda-feira (8/1), que o Congresso Nacional atuará para revogar a saída temporária de presos em regime semi-aberto em datas comemorativas. (Com Gabriel Borges)