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Mostra de cinema de Tiradentes de 2023 exibiu filme de mulheres Yanomamis 3s6o13

O primeiro filme produzido por mulheres da etnia, “Thuë Pihi Kuuwi - Uma mulher pensando tem nove minutos de duração d142d

Por Alex Bessas
Publicado em 14 de fevereiro de 2023 | 23:30
 
 
Cena do curta 'Thuë Pihi Kuuwi: Uma Mulher Pensando', primeiro filme dirigido e filmado por mulheres do povo Yanomami. Foto: Divulgação/Aruac Filmes Foto: Divulgação/Aruac Filmes

Em janeiro deste ano, o primeiro filme produzido por mulheres da etnia Yanomami, “Thuë Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando” foi exibido na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro deste ano. Com nove minutos de duração, o curta-metragem se desenrola a partir de reflexões de uma mulher indígena sobre a relação de um xamã com yãkona, o rapé ritualístico que inicia o indígena no conhecimento xamânico de seu povo e possibilita o adentrar do mundo dos espíritos ancestrais.

 

A obra é assinada e dirigida por Aida Harika Yanomami, Roseane Yariana Yanomami e o xamã Edmar Tokorino Yanomami, sendo parte de um projeto maior capitaneado pela produtora Aruac Filmes, que desde 2002 investe em trabalhos autorais de sócios e parceiros no segmento audiovisual com temas relacionados à Amazônia brasileira.

 

Diga-se, enquanto rodou as filmagens de “A Mulher Pensando”, o trio gravou também o curta “Yuri Uxëa Tima Thë – A Pesca com Timbó”. Simultaneamente, Morzaniel Ɨramari, o primeiro cineasta yanomami, filmou um terceiro filme, “Mãri Hi – A Árvore do Sonho”. Essas duas últimas produções, aliás, estrearam no dia 3 de fevereiro no museu The Shed, em Nova York, nos Estados Unidos, integrando a exposição The Yanomami Struggle, de Claudia Andujar, artista visual que, de 1971 a 1977, desenvolveu um extenso projeto fotográfico com o povo Yanomami.

 

Agora, a próxima empreitada da Aruac Filmes é lançar, em 2024, um longa-metragem encerrando o projeto, que vem sendo chamado de “A Queda do Céu”, título homônimo do livro do xamã Davi Kopenawa e do etnólogo Bruce Albert.

 

Contente com a recepção do curta em Tiradentes, Edmar Tokorino Yanomami se disse realizado diante de uma audiência não indígena que se mostrou atenta à exibição. “Fico feliz que nossa mensagem tenha chegado a todos e que mais pessoas vejam nosso povo não só na dor, como também na beleza”, garantiu em uma entrevista por videochamada. Na conversa, Tokorino Yanomani falou sobre a crise humanitária que seu povo volta a enfrentar. “Estou pensando muito e estou muito triste. Estamos todos sofrendo, precisamos de ajuda. A nossa saúde… Estamos frágeis, convivendo com epidemias”, lamentou. “O ex-presidente do Brasil deixou muita coisa ruim para o nosso povo. Há pessoas que querem acabar com o povo da floresta. Os invasores querem destruir nossa saúde. E, por isso, precisamos de ajuda”, conclamou.