Não é a primeira vez que Dudu tem atos controversos, colocando em xeque a autoridade de seus superiores. Por mais que exista em si a sede de vencer, de acumular minutagem a qualquer custo para provar o seu valor a muitos que duvidam de seu potencial — especialmente após o escantearem no Palmeiras, quando já recuperado da gravíssima lesão que enfrentou — isso não pode ser feito de qualquer forma e sem respeitar a hierarquia de um time.
É compreensível chatear-se com a reserva. E isso é até um ótimo sinal de não acomodação. O pior seria se isso não doesse. Mas também é preciso lidar com esses processos com maturidade, deixando de lado o orgulho, as conquistas do ado e visualizar-se dentro de uma nova fase, onde muitas vezes é preciso se readaptar para entregar o que se espera, mesmo que isso não seja necessariamente fazer o que você acostumou-se por toda carreira.
Não acho que Dudu vinha sendo o descomo do time do Cruzeiro, apesar de compreender que a balança defensiva não fechava com ele e Gabigol como titulares. Mas isso também não lhe dá o direito de questionar a autoridade de seus superiores. É até peculiar que um atleta de 33 anos apresente ainda atitudes de garoto, justamente quando esse era o momento de mostrar experiência, oferecendo-se como um ponto de referência no time, dentro ou fora dele.
Dudu não é mais o mesmo atleta que encantou o Brasil e construiu sua idolatria irretocável na academia palmeirense. Se um dia voltará a ser, sinceramente não o sei. Mas sua qualidade é notória e não há motivo para um atleta, independentemente de sua idade, apresentar um futebol de alto nível. Porém é preciso trabalhar esse lado intempestivo. Quando chegou ao Cruzeiro, colocou em xeque o banco aplicado por Abel no Palmeiras, inclusive chamando-o português, que o fez ser uma peça central em inúmeros títulos, de apenas treinador.
"Eu estava bem, era opção do treinador".
Será mesmo que ele era a pessoa certa para o encaixe do time naquele momento?
Nem sempre faço o que eu quero fazer. Isso é a vida. Ainda mais em um ambiente profissional. Crescer como pessoa também envolve esse nível de desprendimento, ainda mais quando você é inserido em um novo ambiente, onde será necessário lutar por espaço com outros concorrentes que também trabalham dia após dia em busca de uma oportunidade.
Atitudes públicas de não concordância com decisões são desrespeitosas com seus companheiros. Pois eles também possuem valor e recebem para entregar o que se espera.
São coisas que Dudu precisa pesar na balança. E claro, ele não é o único errado na história. Esta culpa é também de quem o contratou, de quem lhe prometeu outro tipo de situação e pelo gesto infeliz de Pedrinho em resposta à torcida. Algo que não se faz, friso. Assuntos internos devem ser resolvidos internamente, tratando a todos com respeito, hombridade, porque na hora de o contrato e fazer o anúncio, os sorrisos foram unânimes. Mas é preciso lidar com todo resto. Está ali à sua frente uma pessoa com desejos e ambições, um profissional com quem você se comprometeu em torno de um objetivo.
Não sabemos como essa história será resolvida, mas que fique a lição para os dirigentes do Cruzeiro e suas negociações espalhafatosas. Em um ado nem tão distante, contratos espúrios e promessas mirabolantes, fadaram o time ao caminho que todos vimos. É preciso mais responsabilidade.